Ondas de calor mais fortes e frequentes seriam inevitáveis até 2040
Homem descansa em banco da praia em Coney Island durante onda de calor que atingiu os EUA, em 18 de julho de 2013.
Quaisquer que sejam os esforços feitos para limitar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), ondas de calor mais fortes e frequentes seriam inevitáveis nos próximos 30 anos, segundo um estudo publicado recentemente na revista científica Environmental Research Letters.
"Até 2040, a frequência de episódios de calor extremos vai aumentar, independente das emissões de GEE na atmosfera", resumiu o cientista Dim Coumou, do Instituto Postdam de pesquisas sobre os impactos climáticos.
"Ao contrário, os esforços de redução das emissões de GEE podem diminuir fortemente o número destes episódios extremos na segunda metade do século XXI", prosseguiu o estudioso, que realizou este estudo com Alexander Robinson, da Universidade Complutense de Madri.
As regiões tropicais serão as mais afetadas, uma tendência já observada entre 2000 e 2012, destacou o estudo.
Ondas de calor excepcionais, qualificadas de eventos "3-sigma" (que se diferenciam da média histórica em três desvios-padrão), como as que afetaram a Europa em 2003 ou os Estados Unidos em 2012, devem afetar duas vezes mais territórios em 2020, ou seja, 10% da superfície terrestre.
Em 2040, 20% da superfície do planeta serão afetados.
Neste mesmo período, episódios ainda mais extremos (5-sigma = 5 desvios-padrão), quase nunca observados atualmente, atingirão 3% da superfície do planeta em 2040.
Depois daquele ano, tudo dependerá da quantidade de GEE emitida na atmosfera. Se as emissões forem fracas e a concentração de GEE na atmosfera não exceder as 490 PPM CO2-equivalentes, o número de eventos extremos se estabilizará em torno dos níveis de 2040.
Isto significa que até o fim do século, ondas de calor excepcionais se tornariam a norma perto dos trópicos, ou seja, 50% dos verões na América do Sul e no oeste da África e 20% na Europa ocidental.
Mas em um cenário no qual as emissões continuarem a aumentar segundo as tendências atuais, episódios 3-sigma ocorrerão em 85% da superfície terrestre em 2100 e 5-sigma, em 60% do globo.
"Estes eventos extremos podem ter um impacto muito prejudicial na sociedade e nos ecossistemas, provocando mortes relacionadas com o calor, incêndios florestais e perdas de produção agrícola", advertiu Dim Coumou.
AFP
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