D. Jorge Ortiga diz que o país pode superar «ondas gigantes da pobreza escondida» e da «emigração da intelectualidade»
Braga, 29 dez 2011 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga recordou o resgate de seis pescadores, no último dia 2, como “o grande acontecimento de 2011”, afirmando que o mesmo pode “lançar um sentido" para o novo ano. “Seis homens unidos no meio do mar agitado podem simbolizar um país onde cada um oferece o seu contributo positivo, não se deixando vencer pelo desânimo”, escreve D. Jorge Ortiga, na sua mensagem para 2012, enviada à Agência ECCLESIA. O também presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral Social não antevê um “mar (futuro) de facilidades” para o novo ano, “como todos os portugueses conscientes”. “Aproxima-se um tempo diferente e ninguém poderá exigir ou esperar exceções. Daí que, ao iniciar este novo ano, peça às comunidades cristãs um trabalho redobrado, capaz de gerar uma fé mais ardente, uma esperança mais consistente e uma comunhão mais visível”, assinala. Nesse contexto, a mensagem aponta para “ondas gigantes da pobreza escondida, do desemprego alarmante, da ameaça da emigração da intelectualidade juvenil, das falências fraudulentas ou inevitáveis, duma saúde que pode não ter a proteção necessária, dum ensino que sacrifica a qualidade, duma exclusão social que pode provocar agitações desnecessárias, duma criminalidade a gerar insegurança”. “A consciência destes sinais na nossa pequena balsa pode gerar uma vida aberta ao transcendente, sabendo que a esperança obriga a acreditar numa libertação (salvação) próxima”, diz D. Jorge Ortiga. O arcebispo de Braga regressa ao salvamento dos pescadores, frisando que “durante quase três dias, seis homens, refugiados numa débil balsa, pareciam submergir pela crueldade do mar agitado, pela fome angustiante e pelo frio constrangedor”. “Nesse exíguo espaço a esperança nunca se perdeu, a fé no sobrenatural agigantou-se e a comunhão entre todos entrelaçou-se como força capaz de ultrapassar o inevitável”, declara. Partindo deste exemplo, o prelado sublinha que “só com o contributo de todos surgirão soluções para recomeçar a viver um novo estilo de vida, adequado às exigências do novo ano”. “Para que tal ‘milagre’ aconteça, teremos necessariamente de nos contentarmos com menos coisas e dar importância àquilo que cada um pode fazer, sem desânimos nem pessimismos, (…) para que seja possível um amanhã diferente: mais justo, mais solidário e mais alegre”, escreve. Em conclusão, D. Jorge Ortiga convida a acreditar que “perdendo o barco, que dava segurança, haverá sempre uma pequena balsa que salvará aqueles que não perderem a esperança”. OC |
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