Na cidade da região central de MG, queijo é patrimônio.
Distritos são procurados pelas belas cachoeiras.
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Quem chega ou sai de ônibus da cidade de Serro, na região central de Minas Gerais, vai sempre se lembrar do ‘seu’ Antônio. Duas vezes vencedor do título de “mais popular da cidade”, Antônio Lisboa Farnesi trabalha na rodoviária e tem a função de anunciar os ônibus em um microfone. "Fiz isso pela primeira vez há 32 anos, quando a rodoviária foi inaugurada. O prefeito gostou e pediu para eu trabalhar aqui. Aos domingos eu não trabalho, mas fico torcendo para passar rápido e voltar na segunda. Eu também ajudo a encontrar pessoas perdidas e até receber convidados do prefeito", disse.
A cidade de Serro, localizada a cerca de 320 quilômetros de Belo Horizonte, é conhecida pelo queijo, por bonitas paisagens e pelo valor histórico. Mas também pode ser lembrada pelos seus moradores tipicamente mineiros, como o seu Antônio, sempre de fala mansa, disposto a ajudar aos turistas e com casos e lendas sobre a cidade.
O G1 foi até uma fazenda leiteira para acompanhar os detalhes da produção. O dono do local, Jorge Brandão Simões, 55 anos, disse que a resposta para quem busca o segredo da receita é simples: "o carinho na produção".
O G1 foi até uma fazenda leiteira para acompanhar os detalhes da produção. O dono do local, Jorge Brandão Simões, 55 anos, disse que a resposta para quem busca o segredo da receita é simples: "o carinho na produção".
"Essa forma de fazer o queijo foi passada de geração para geração. Ele é como uma criança que precisa de atenção e carinho. O queijo é como um ser vivo para mim. Meus filhos já me ajudam e aprendem aqui. Espero que pelo menos um deles continue o trabalho", disse Simões.
Mas para ir até a fazenda e encontrar os produtores é preciso ter um carro 4x4, uma bicicleta pronta para percursos na terra ou ter muita resistência para caminhar. São 20 quilômetros de estrada de terra, partindo da cidade de Serro. Pelo caminho, são avistadas outras fazendas de produção do queijo artesanal.
O processo de fabricação pode durar até uma semana, segundo Simões. Ao leite fresco é adicionado um tipo de fermento e um coagulante. Passada cerca de uma hora, é só fazer o corte da massa e triturar. Em seguida, retirar o soro e a massa juntos e, quando estiver consistente, colocar na fôrma. Espremer, lavar e depois colocar sal grosso em um dos lados são os passos seguintes. Depois é preciso esperar cerca de seis horas, virar e salgar o outro lado. Para ficar no ponto, são mais dois dias até retirar da fôrma e deixar na maturação.
O queijo de Serro foi registrado como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais, em 2002, e do Brasil, em 2008. Por causa desta fama, vai ser inaugurado em junho de 2012 o Museu do Queijo. De acordo com a coordenadora e consultora em turismo do projeto, Sandra Maura Coelho, a ideia é fazer um espaço multiuso. "O museu vai ficar na parte inferior da casa. Ainda vamos ter um centro de referência, um auditório, uma cozinha experimental com espaço para um café e um jardim educativo com uma queijaria modelo. Neste momento, já fizemos a compra da casa", disse.
O sucesso do queijo de Serro foi parar até no cinema. O cineasta Helvécio Ratton mostrou a iguaria no documentário “O Mineiro e o Queijo”, focando na técnica de produção artesanal do queijo. Ele conversou com produtores de algumas regiões de Minas Gerais, entre eles alguns da Região de Serro.
Igrejas, histórias e casarões
Para quem vai a Serro e quer, além de experimentar e conhecer mais sobre o queijo, visitar igrejas e casarões históricos, a cidade oferece um passeio turístico. A guia Joyce Costa, 24 anos, faz este trabalho há cerca de 12 anos. "Se eu tivesse a chance, reuniria todos os turistas no centro histórico e contaria histórias para levá-los ao passado da cidade."
Para quem vai a Serro e quer, além de experimentar e conhecer mais sobre o queijo, visitar igrejas e casarões históricos, a cidade oferece um passeio turístico. A guia Joyce Costa, 24 anos, faz este trabalho há cerca de 12 anos. "Se eu tivesse a chance, reuniria todos os turistas no centro histórico e contaria histórias para levá-los ao passado da cidade."
A primeira parada é na Igreja de Santa Rita. Localizada no alto de uma escadaria, a igreja fica bem no Centro de Serro e sua edificação é do século XVIII. O local já passou por algumas reformas e tem um altar de São Sebastião. Outras igrejas também se destacam como a de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora do Carmo.
Os casarões dos antigos barões da época do ouro são outros locais preservados na cidade. Quem visita a chácara do Barão de Serro, comerciante de diamantes e coronel da Guarda Nacional no século XIX, acaba conhecendo Guido Francisco, 63 anos. Ele é responsável pela limpeza do local há mais de 29 anos e guarda inúmeros ‘causos’.
"Existem muitas lendas sobre esta casa, como dois túneis nos fundos da residência e muitas histórias sobre eles. A primeira é que eram usados para buscar água. A segunda é que o barão buscava ouro de forma ilegal pelos túneis para evitar pagar impostos à Coroa [Portuguesa]. A última é que ele se encontrava com a amante do outro lado de um dos túneis", disse Francisco.
O casarão pertence ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), mas Francisco sente como se ali fosse sua segunda casa. "Aqui eu alimento os micos, cuido do jardim e da casa. Tenho sete filhos e cinco netos, mas muitas vezes prefiro vir pra cá", falou.
Ecoturismo e artesanato
Se Serro retrata muito da história de Minas Gerais e do Brasil, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras completam a região com belas paisagem e um pouco de aventura. Localizados a cerca de 20 quilômetros de Serro, os dois locais se destacam pelas belas cocheiras.
Se Serro retrata muito da história de Minas Gerais e do Brasil, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras completam a região com belas paisagem e um pouco de aventura. Localizados a cerca de 20 quilômetros de Serro, os dois locais se destacam pelas belas cocheiras.
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A estrada asfaltada entre Serro e Milho Verde é um dos orgulhos e alívios da população. Ela ficou pronta há aproximadamente dois meses. Quando ainda era de terra, o local ficava quase inacessível na época de chuva. Agora é possível aproveitar a paisagem. No caminho, a mudança de vegetação de Mata Atlântica para cerrado impressiona pela beleza.
As cachoeiras de Carijó e de Moinho são na entrada de Milho Verde e a apenas dois minutos de caminhada. A primeira é pequena e tem fácil acesso para os banhistas. A segunda chama atenção pelo tamanho.
A cidade de Milho Verde, apesar de ter nas suas casas e comércio a estrutura de antigamente, se adaptou aos tempos de hoje com muitas pousadas, bares e disponibilidade de internet para os hóspedes.
Ao chegar a São Gonçalo do Rio das Pedras, é possível perceber que a cidade é muito parecida com a vizinha. Quem visita o distrito, também pode ver o artesanato típico do interior. Na casa da Helena Siqueira Torres, 71 anos, os visitantes podem conhecer a típica senhora mineira, simpática, engraçada e conversadeira. Ela monta presépios há mais de 25 anos e tem muita história para contar.
"Tinha 12 anos quando fiz o primeiro presépio. Minha mãe morreu e comecei a usar o quarto dela para colocar minhas obras", disse Helena. Ela mantém no cômodo um presépio que pode ser visto da janela, pelo lado de fora da casa. "Demoro uma semana para montar. Antes eu desmontava depois do fim de ano. Mas as pessoas pediam tanto, que agora fica o ano todo e só vou mudando os detalhes durante o ano", disse.
Os dois distritos de Serro possuem cachoeiras e muitas trilhas de aventura. Nas pousadas dos dois locais, os turistas conseguem encontrar guias que conhecem todos os atrativos da região.
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