04/01/2012

Um dia para se pensar: "Comunicação da violência ou violência da Comunicação?"


Uma terça-feira nunca vista em Fortaleza. Em pleno dia útil, lojas, escolas, bancos e repartições fecharam mais cedo. Com a greve dos policiais militares e bombeiros, informações sobre arrastão em vários pontos da cidade se espalharam velozes desde a manhã, aumentando o clima de insegurança na capital. “O medo passa pela mídia, pelas redes sociais e pelo boca-a-boca”, diz o professor e sociólogo Marcos Silva, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará.  Daí a enorme responsabilidade de quem informa. Um dia para se pensar: "Comunicação da violência ou violência da Comunicação?"
“Nesse caso, a velocidade da informação foi vilã”, analisa o pesquisador, embora reconheça, por outro lado, que recursos de comunicação trazidas com a internet vieram colaborar para aumento da produção e democratização da informação. “Mas esta tem que ser verídica e bem apurada”, alerta. Jornalistas e outros comunicadores sabem disso - e muitos cumpriram muito bem o seu papel nesta terça-feira incomum -, mas se a regra nem sempre é obedecida por todos, o que dirá dos internautas em geral, que não se sentem na obrigação de checar o que postam nas redes sociais ou enviam por e-mail?
Para o Prof. Marcos, não se pode esquecer que a causa maior do clima que se instaurou nesta terça-feira em Fortaleza é “a greve dos policiais que não começou há cinco dias. Foi um processo longo de sucateamento da segurança. O Governo tem sua parcela de culpa porque deixou a situação chegar no alerta vermelho”.
Problemas psicológicos
A grande quantidade de informações disseminada pelos meios de comunicação convencionais e pela internet “dá legitimidade e visibilidade à greve mas, ao mesmo tempo, produz medo na população”, afirma o pesquisador. Segundo ele, uma gama de fatores psicológicos está sendo coletivizada o que, em determinados indivíduos que já apresentam vulnerabilidades, pode resultar em problemas psicológicos, como o receio de sair de casa, a síndrome do pânico e depressão.
O idealizador e diretor-financeiro da Agência da Boa Notícia, Luís Eduardo Girão, reconhece que a situação da segurança em Fortaleza e no Ceará é delicada, mas chama atenção para o risco do exagero, da manipulação da informação e do sensacionalismo em relação à greve dos policiais. Ressalta Luís Eduardo que a nova ciência comprova que o que o ser humano pensa acaba influenciando a realidade.
Assim, explica Luís Eduardo, “se informações distorcidas e negativas se propagam, criam um impacto na psique das pessoas, gerando uma histeria coletiva que causa depressão, paranoia. A pessoa não vai mais sair de casa achando que alguma coisa de ruim vai acontecer. Esse pavor da sociedade que a própria mídia cria incita os bandidos a agirem”,

Barrigada
Na ânsia de mostrar imagens do “caos” em Fortaleza, houve quem divulgasse até invasão de loja por conta de liquidação como se causa fosse arrastão. E até o portal Terra derrapou e virou motivo de piada. Tudo porque deu, como fato, esta pérola, a partir de um post no microblog Twitter: "Segundo @juaneceara até mesmo grandes lojas de departamento se recusaram a abrir: 'agora o negócio ficou sério! Acabei de ficar sabendo que fecharam o Romcy e até a Mesbla do Iguatemi! Tenso! #CaosEmFortaleza'".
Qualquer cearense sabe que as duas lojas fecharam há anos., o que fez a jornalista Helga Santos (@helgasantos) desabafar: "#CumuloDoAbsurdo sites de notícia tomarem redes sociais como únicas fontes de informação. Sinto vergonha por eles. Que jornalismo é esse?!"
Mais informações: Prof. Marcos Silva, LEV/UFC – (fone: 3366 7423 / 3366 7425) / Luís Eduardo Girão, Agência da Boa Notícia – (fone: 85 3224 5509)
Fonte: Agência da Boa Notícia

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