17/03/2012

Lisboa: Capela de centro comercial oferece silêncio entre compras e trabalho

Capelão diz que espaço é um «serviço precioso» prestado pela Igreja aos católicos e à cidade

Lisboa, 17 mar 2012 (Ecclesia) – A capela do Centro Comercial das Amoreiras, em Lisboa, é um espaço de silêncio que a Igreja Católica oferece aos clientes e funcionários de um complexo que além das lojas dispõe de torres para escritórios e habitação.
“A surpresa foi ver que ao longo dos anos o espaço tem sido muito procurado”, disse à ECCLESIA o padre Peter Stilwell, responsável pela Capela localizada no Centro que, quando abriu, em 1985, foi a primeira grande superfície de comércio e serviços em área urbana no país.
Depois de sublinhar que “não há guerra” entre comércio e espiritualidade, o sacerdote, um dos vice-reitores da Universidade Católica Portuguesa, lembra que as igrejas eram antigamente construídas nas praças de maior movimento, onde habitualmente se realizavam feiras.
O responsável recusa a incompatibilidade entre comércio e espiritualidade cristã: “As pessoas vão comprar o que é necessário para garantir o funcionamento da sua casa; a caminho das lojas ou ao regresso entram para rezar. Faz parte do ciclo da vida e não vejo aí nenhuma contradição, antes pelo contrário”.
As instalações da Capela, com 120 lugares sentados, foram compradas na sequência de contactos entre o então cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, e os proprietários do Centro.
“As pessoas procuram um espaço de silêncio e interioridade. Assegurá-lo no centro de Lisboa é um serviço precioso que se presta não só aos católicos mas também à cidade”, que desta forma “ganha em humanidade”, afirma o capelão de 65 anos.
As missas nos dias de semana contam geralmente com a participação de 30 a 50 pessoas, enquanto que as celebrações dominicais, ao sábado à tarde e domingo de manhã, reúnem em conjunto mais de 400 fiéis.
Em 2011 começou a haver missa às 13h15 de quarta-feira, aproveitando o intervalo do almoço, celebração que foi “um grande sucesso” e que suscitou o pedido de alargamento aos outros dias de semana, mas a falta de padres impede não só mais eucaristias como a disponibilidade para o sacramento da Penitência (Confissão).
O Centro, situado no fim da autoestrada que liga Cascais a Lisboa, atrai pessoas dessa faixa bem como de vários pontos da capital, além de oferecer estacionamento fácil e condições de acessibilidade para deficientes, vantagens que as igrejas da zona não oferecem.
Piedade Ulrich, 76 anos, dispôs-se a dar parte do seu tempo à Capela desde que ela foi construída e hoje coordena mais de 50 voluntários que asseguram a abertura, das 12h30 às 19h30, a segurança e a preparação das celebrações, além de ouvirem os desabafos das pessoas sós.
A responsável lamenta que a Capela não esteja mais sinalizada, por imposição da empresa que gere a superfície comercial, embora saliente que o “espaço aberto a toda a gente, incluindo a quem não tem religião”, não pretenda substituir as paróquias.
A presença católica em grandes espaços comerciais é o tema do programa ECCLESIA da Antena 1 que vai para o ar este domingo, a partir das 06h00, e que ficará disponível na internet a partir de segunda-feira.
PRE/RJM

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