14/03/2012

ONU lança alerta sobre a escassez de água

Publicado em 14/03/2012 - 10:44 por  | Comentar
Categorias: Água

A ONU destaca que a demanda pelos suprimentos de água no mundo é tão intensa que será necessária uma mudança radical na forma como ela é usada para evitar a escassez Foto: SXC.HU
A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, na última segunda-feira (12 de março), o relatório “Administrando Água sob Risco e Incerteza”, sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos no mundo.
O documento destaca que o crescimento sem precedentes da demanda alimentícia, rápida urbanização e a mudança climática ameaçam significativamente o abastecimento de água global.
Divulgado no Fórum Mundial da Água, realizado nesta semana em Marselha, no sul da França, o texto recomenda atitudes urgentes, em diversos setores, para evitar o desperdício de água, ressaltando que, sem medidas drásticas, a pressão sobre a água vai agravar as disparidades econômicas entre os países, atingindo principalmente os mais pobres.
A estimativa é que haverá, até 2050, um aumento de 19% no uso de água na agricultura, que já consome 70% da água doce no mundo. Além disso, o crescimento da exploração das reservas subterrâneas e as mudanças climáticas estão alterando os padrões de chuva, a umidade do solo, causando secas e tempestades. A estimativa é que em 2070, 44 milhões de pessoas serão afetadas pelas consequências das mudanças climáticas.
“A menos que a água tenha uma importância central no planejamento do desenvolvimento, bilhões de pessoas, em sua maioria nos países em desenvolvimento, podem enfrentar uma redução de meios de subsistência e oportunidades de vida. Uma melhor governança da água é necessária, incluindo investimento em infraestrutura do setor público e privado”, afirma o comunicado da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
De acordo com o relatório, a infraestrutura de saneamento não acompanha o ritmo da população urbana; mais de 80% da água usada não é recolhida ou tratada e um bilhão de pessoas ainda não tem acesso à água limpa. “Temos muito a fazer antes que todas as pessoas tenham acesso a água e saneamento necessários para levar uma vida de dignidade e bem-estar”, disse o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.
Na área de energia, a Agência Internacional de Energia (AIE) calcula que pelo menos 5% do transporte mundial será alimentado por biocombustíveis em 2030 e que sua produção poderia consumir até 100% da quantidade total de água utilizada no mundo pela agricultura.
O documento cita que elevar as plantações de cana-de-açúcar, voltadas à produção do etanol, seria um plano devastador para regiões como a África Ocidental, onde já há problemas de escassez de água.
Além disso, segundo o relatório, se o atual modo de consumo não mudar, a necessidade de água destinada à produção energética crescerá 11,2% até 2050.
O custo econômico desta situação é considerável: em 2011, por exemplo, 90% dos desastres naturais estavam ligados à água e o custo total de ao menos 373 catástrofes naturais registradas em 2010 chegou a US$ 110 bilhões.
Segundo Michel Jarraud, presidente da Agência das Nações Unidas para a Água, em comunicado divulgado pela ONU, uma resposta coletiva de toda a comunidade internacional é necessária para resolver o problema.
O relatório aponta ainda que a Ásia tem cerca de 60% da população mundial, mas conta com apenas um terço da água potável da Terra. O Brasil produz aproximadamente 12% da água doce superficial do Planeta e, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o país dispõe de 18% de toda água doce superficial da Terra.
De acordo com Programa Mundial para o Desenvolvimento da Água, vinculado às Nações Unidas, o objetivo do estudo é buscar alternativas para que todos se envolvam na busca pela melhoria da qualidade e aceitação das decisões sobre o tema.
Fontes: ONU-Brasil / Agência Brasil / G1

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