19/04/2012

França elege novo presidente em meio a crise e debate sobre imigração


País vai às urnas em primeiro turno neste domingo (22).
Socialista Hollande é favorito nos 2 turnos contra atual presidente Sarkozy.

Ana Carolina PelizEspecial para o G1, em Paris
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Daqui a três dias, os franceses vão às urnas para escolher um presidente, em uma campanha marcada pela crise econômica e pelo debate sobre a imigração.
Dez candidatos disputam o primeiro turno das eleições presidenciais francesas neste domingo (22).
Além do atual presidente Nicolas Sarkozy, do partido União pelo Movimento Popular (UMP), que tenta a reeleição para um novo mandato de cinco anos, estão na corrida para ocupar o Palácio do Eliseu o candidato do Partido Socialista (PS), François Hollande, a candidata do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, o candidato Jean Luc Mélenchon, da Frente de Esquerda (FE), e o centrista do Movimento Democrático (Modem),François Bayrou.
Também concorrem outros candidatos, que não chegam a representar nem 5% das intenções de voto, como a ecologista Eva Joly, o nacionalista Nicolas Dupont Aignan, a comunista Nathalie Arthaud, o anticapitalista Philippe Poutou e o independente Jacques Cheminade.
arte - frança - perfil candidatos (Foto: Arte/G1)
O socialista François Hollande lidera a corrida presidencial, segundo as pesquisas mais recentes. Ele foi secretário geral do PS entre 1997 e 2008 e nunca exerceu um cargo em um ministério, pré-requisito importante na França para ser presidente. Mesmo assim, Hollande, que é ex-marido de Ségolène Royale, candidata derrotada por Sarkozy nas presidenciais francesas de 2007, tem grandes chances de ganhar as eleições.
Mas a grande surpresa desta campanha eleitoral é Jean Luc Mélenchon. O candidato da esquerda radical começou a campanha em março com apenas 8% dos votos, mas com seu discurso anticapitalista ele conseguiu nas últimas semanas ultrapassar a candidata de extrema-direita Marine Le Pen.
O deputado, que já trabalhou como jornalista, tem entre suas propostas de governo um aumento do salário mínimo de 1.300 (R$ 3.127) para 1.700 euros (R$ 4.090) e a criação de 200 mil casas populares.
Para analistas, a subida meteórica de Mélenchon cria um fundo de votos para a esquerda que poderia ajudar François Hollande no segundo turno das eleições. Os candidatos que vencerem o primeiro turno terão até o dia 6 de maio, data marcada para o segundo turno, para negociar o apoio dos outros partidos.
Presidente e candidato na França, Nicolas Sarkozy, fala em comício em Arras, norte do país, nesta quarta (18) (Foto: Philippe Wojazer/Reuters)Presidente e candidato na França, Nicolas Sarkozy, fala em comício em Arras, norte do país, nesta quarta (18) (Foto: Philippe Wojazer/Reuters)
Campanha
Apesar de os candidatos já estarem há meses tentando convencer o eleitorado, a campanha eleitoral oficial para o primeiro turno começou somente na segunda-feira (9), 14 dias antes da eleição, e vai até esta sexta (20). Durante este período, todos os candidatos, independentemente das intensões de voto, têm o mesmo número de horas para a difusão de seus programas de governo em rádios e televisões.
Questões como déficit público, reforma do sistema previdenciário, emprego e imigração estão no centro da campanha. Em tempos de crise o relançamento da economia é um ponto importante do discurso dos candidatos.
Sarkozy utiliza sua experiência como presidente e se apresenta como o único capaz de dar soluções à crise. Ele pretende diminuir o déficit orçamentário francês, que representa atualmente 85% do PIB do país, até 2016 e alcançar o equilíbrio das finanças públicas. Para isso, o candidato promete cortar gastos dos municípios e reduzir as colaborações da Françapara o orçamento europeu.
O atual presidente, que tinha feito campanha nas eleições de 2007 com um programa de reformas e ruptura, desta vez propõe ao eleitorado o protecionismo.
Para relançar o crescimento, Hollande, que declarou no começo da campanha que seu pior inimigo era o sistema financeiro, pretende realizar reformas bancárias e fiscais. Uma de suas promessas de campanha é aumentar para 75% os impostos dos que ganham mais de um milhão de euros por ano.
Francois Hollande acena para partidários em viagem de campanha a Amiens, nesta quarta (18) (Foto: Jacky Naegelen/Reuters)Francois Hollande acena para partidários em viagem de campanha a Amiens, nesta quarta (18) (Foto: Jacky Naegelen/Reuters)
Mas o candidato também diz que pretende abrir novos postos de trabalho, contratando 60 mil professores para a rede pública e criando 150 mil empregos para facilitar a inserção dos jovens no mercado profissional. Ele também pretende rever a reforma da previdência feita por Sarkozy e fixar a idade da aposentadoria em 60 anos, atualmente é de 62.
Com relação a temas sociais, Sarkozy e Hollande se distanciam. Sarkozy pretende aumentar o controle sobre a imigração e reduzir o número de imigrantes na França pela metade. Já o candidato socialista afirma que uma das primeiras medidas de seu governo será permitir o voto dos estrangeiros nas eleições municipais. Atualmente. só cidadãos franceses podem votar nas eleições.
Sarkozy também defende um retorno aos valores tradicionais na escola e se posiciona contra o casamento homossexual. Já o candidato socialista promete legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo e também a adoção homoparental.
Temas menores, como a simplificação do processo para adquirir a carteira de motorista, a proibição da carne Halal e até mesmo multas de trânsito, também fazem parte do debate político, considerado frívolo por especialistas e pela imprensa internacional. A revista britânica "The Economist" chegou a afirmar, em sua edição do dia 28 de março, que os candidatos às eleições francesas ignoravam a perigosa situação econômica do país.
Mas o tema mais esquecido nesta campanha é o ambiental, bastante presente nas eleições anteriores, em 2007. Desta vez, os ecologistas não conseguiram emplacar a candidata Eva Joly, uma ex-juíza franco-norueguesa sem carisma e pouco conhecida do eleitorado.
Com tantos candidatos, a eleição francesa também tem propostas de governo estranhas, como as de Jacques Cheminade, que tem menos de 0,5% das intenções de voto. O candidato pretende relançar o crescimento econômico através de grandes projetos como a colonização da lua e melhorar a educação dos jovens proibindo os jogos de vídeogame violentos.
arte - frança - ficha do país (Foto: Arte/G1)

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