21/04/2012

Governo agradece apoio de mandatários/os e pede que Obama se ocupe de suas crises e guerras e não de Cuba


Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital
Nesta semana, poucos dias depois do término da VI Cúpula das Américas, realizada em 14 e 15 de abril em Cartagena, Colômbia, o Governo cubano, presidido por Raúl Castro, emitiu uma declaração. Além de agradecer a solidariedade de mandatários como Rafael Correa (Equador), Dilma Rousseff (Brasil) e Hugo Chávez (Venezuela), o presidente da ilha enviou um recado ao presidente estadunidense Barack Obama: sugeriu que ele se ocupe de suas guerras, crises e politicagens, que de Cuba se ocupam os cubanos.Na declaração do governo, intitulada ‘Pela segunda independência’, Raúl Castro considerou que durante a Cúpula das Américas os países latino-americanos e caribenhos promoveram uma revolução contra "um governo e meio” que exercia um veto imperial aos parágrafos da Declaração final que pediam o fim da exclusão de Cuba dos eventos voltados para os países das Américas.
O presidente também manifestou satisfação com a atitude de mandatários latino-americanos que abordaram o tema da participação de Cuba. Rafael Correa se recusou a participar do evento, já o presidente colombiano Juan Manuel Santos foi quem introduziu os temas do bloqueio e da exclusão da ilha durante a Cúpula. Em fevereiro, em Encontro da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), o presidente boliviano Evo Morales já havia questionado o conceito de integração nesta reunião hemisférica, visto que Cuba não poderia participar.
Às vésperas do início da Cúpula, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega também fez apelo a Obama para que escutasse as nações latino-americanas e caribenhas. "Todos estão coincidindo que Cuba tem que estar presente nestas reuniões ou não haverá próximas Cúpulas chamadas ou mal chamadas ‘das Américas’”, manifestou.
A presidenta brasileira Dilma Rousseff também foi lembrada por ter defendido com "serena dignidade ante Obama, que a Pátria Grande só pode ser tratada como igual”. Em sua participação, a presidenta ainda reforçou apoio a Cuba e à demanda argentina sobre a soberania das Ilhas Malvinas.
Estados Unidos e Canadá, que também se negou a discutir a participação de Cuba, foram obrigados a escutar várias vozes em favor da ilha caribenha. Forças de esquerda, movimentos populares, organizações sindicais, juvenis e estudantis e organizações não-governamentais que estiveram reunidas na Cúpula dos Povos, realizada também em Cartagena, manifestaram semelhante apoio a Cuba condenando o bloqueio e reivindicando a participação da ilha na Cúpula das Américas.
Apesar dos apelos ao presidente estadunidense, Raúl Castro relembrou que desde a Cúpula de 2009 a máscara de Barack Obama caiu e uma brecha se abriu entre seus discursos e seus atos, visto que o bloqueio contra Cuba foi mantido e ficou ainda mais rígido no setor financeiro e não houve mudança na política para AL e Caribe. Além disso, os Estados Unidos continuam a intervir em assuntos internos de países como a Venezuela.
O Governo cubano lamenta o fato de que os Estados Unidos não tenham percebido que a Cúpula das Américas não era propícia para aconselhar democracia a Cuba, sobretudo porque o país norte-americano nunca está disposto a conversar sobre as consequências do neoliberalismo para AL e Caribe, sobre os imigrantes retornados que são assassinados em muros como do Rio Brava ou sobre a miséria mundial.
Diante disso, a declaração cubana faz uma sugestão a Obama, pede que ele se ocupe "de suas guerras, crises e politicagens, que de Cuba se ocupam os cubanos”.

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