Livro discute dependência química

A publicação 'Droga! Internar não é prender', escrita por Odailson da Silva, será lançada hoje, às 19h30, na Academia Cearense de Letras

Mostrar a importância da internação compulsória para dependentes químicos e analisar o envolvimento dos jovens com as drogas, principalmente com o crack. É o que promete a leitura de "Droga! Internar não é prender", de Odailson da Silva. O livro será lançado hoje, a partir das 19h30, na Academia Cearense de Letras (ACL). Com apresentação do jornalista Nonato Albuquerque, prefácio do juiz Manoel Clístenes e orelha da psicanalista Rossana Brasil Kopf, a obra reflete sobre a visão de setores dos direitos humanos que entendem o internamento como uma iniciativa que fere o princípio da liberdade de ir e vir de todo cidadão.

Na opinião do autor, o Estado tem o dever de internar, sobretudo menores de 18 anos, uma vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece a dependência química como uma doença mental. "Esse menor usuário abusivo de drogas está, temporariamente, desprovido da sua capacidade de discernimento. O Estado tem sim que internar, porque se não fizer isso, depois ele irá prendê-lo".

Fruto de uma pesquisa de mais de cinco anos e da experiência adquirida pelo autor, após trabalhar durante seis anos em clínica de recuperação para dependentes químicos, o livro convida o leitor para um olhar diferenciado sobre o que, atualmente, a sociedade entende como internação compulsória.

Conforme Odailson, as pesquisas demonstram que os usuário de crack são responsáveis pelos crimes contra o patrimônio, roubo e furto. Um dos principais pontos tratados, está no capítulo que questiona "Onde internar o dependente químico?".

"Hoje, 80% dos internos do Brasil estão nas comunidades terapêuticas e quase toda a sua totalidade tem um viés religioso que não é a orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas como o Governo do Estado não faz o seu papel, os que existem são de iniciativas privadas", defende.

População carente

Entendendo que a internação compulsória já existe para as classes A e B, o livro foca a internação para os mais carentes. Também é levada em consideração a chegada de grandes eventos no Brasil, como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014. "Alguns setores consideram essa internação compulsória como uma assepsia social. Querem tirar a sujeira da cidade para os turistas não verem e colocar em outro canto. Faço, no livro, uma comparação entre o recolhimento compulsório e a internação compulsória" diz.

No ano passado, o escritor publicou a obra "Paradigmas da Loucura" na qual desmistifica tabus e resgata a dignidade e o respeito do paciente psiquiátrico. Em 2006, numa parceria com Cleto Brasileiro, Odailson lançou o livro "Hospital Psiquiátrico Seis Séculos de História".

Fonte: Della Kopf