A diocese de Picos (PI) reuniu na manhã de quarta, 9, representantes de 42 municípios durante o 1º Fórum Diocesano sobre Gestão de Riscos no Semiárido Centro Sul do Piauí, para tratar da problemática da seca que assola famílias piauienses.
O evento foi uma iniciativa do bispo de Picos, dom Plínio José, e contou com o apoio dos padres, ecoando pelas paróquias e áreas pastorais, que realizaram este fórum em nível paroquial, oportunidade para produzir um levantamento sobre a situação das comunidades, tendo em vista a ausência de chuva, e apontando medidas que venham facilitar a vida da população.
Na oportunidade, dom Plínio José apresentou as preocupações da Igreja do Piauí sobre as consequências decorrentes da seca, como a desarticulação e desintegração da família, a migração forçada dos pais e filhos para outros estados em busca de novas fontes de renda, facilitação para o tráfico de seres humanos e o trabalho escravo.
O fórum contou com a presença de prefeitos, vereadores e secretários de diversos municípios que integram a diocese de Picos, além de representantes dos sindicatos rurais dos trabalhadores, associações comunitárias e órgãos públicos cujas atividades são voltadas para agricultura, agropecuária, geração de renda, desenvolvimento social e econômico, como a Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (ADAPI), EMATER, Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG), Associação dos Engenheiros Agrônomos (AEA), Defesa Civil, Cáritas Diocesana e Regional.
Antônio José, Voluntário da Cáritas e Engenheiro Agrônomo especialista em Produção Vegetal, falou da importância de se saber conviver com a seca, atentando para utilização ecológica dos escassos recursos hídricos disponíveis. Na oportunidade apresentou dados sobre a extensão territorial do semiárido piauiense, que corresponde a 62,1% do estado, com precipitações pluviométricas que variam entre 400 mm a 1000 mm, temperaturas médias entre 24° e 39°, e com forte evaporação potencial da água, que chega a 2.000 mm por ano.
Representantes de todas as paróquias partilharam o diagnóstico construído durante os fóruns paroquiais sobre a seca, denotando uma realidade com grandes semelhanças nos municípios, como a perda da produção agrícola, prejuízos com a morte dos animais ou venda com valores abaixo do mercado, situações emergenciais como a ausência de água para o consumo humano em diversas comunidades, trabalhadores e famílias desesperados, pois sobrevivem da agricultura familiar, cuja produção teve perda total na maioria dos municípios.
Os gestores públicos apresentaram ações já desenvolvidas para amenizar a situação e as que ainda serão colocadas em prática, mas foram enfáticos quanto à necessidade de políticas públicas que resolvam esta problemática, oferecendo condições dignas de sobrevivência durante as estiagens prolongadas, e não paliativos para os períodos sem chuva.
Do Fórum será produzido um documento com o diagnóstico da realidade enfrentada pelos piauienses nesta seca, e encaminhado às autoridades competentes em busca de resoluções para os problemas.
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