04/05/2012

Estado desaproveita potencial do património


Novo organismo da Igreja para o Turismo, previsto há mais de 40 anos, vai ser criado em maio, tendo como prioridade elaboração de itinerários religiosos

D.R. | Igreja de Santo António de Campolide, Lisboa
Lisboa, 03 mai 2012 (Ecclesia) – O turismo português está a ser prejudicado porque parte do património que pertenceu à Igreja Católica e foi tomado pelo Estado está em mau estado, considera o secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
“Temos uma riqueza única que infelizmente não tem sido aproveitada”, afirmou à Agência ECCLESIA o frei Francisco Sales Diniz, que denuncia a “degradação total” de imóveis que o Estado tomou à Igreja, particularmente nos séculos XIX e XX.
“O Governo não tem meios para os restaurar nem é capaz de abdicar deles, para que outras instituições e a própria Igreja os possa recuperar e pôr ao serviço da comunidade e do turismo o que era seu”, sublinhou.
O frei Sales Diniz revelou que este mês vai ser nomeada a direção da Obra Nacional da Pastoral do Turismo, organismo previsto na estrutura da Igreja Católica em Portugal desde 1970 mas que nunca chegou a concretizar-se.
Uma das prioridades desta entidade vai ser a criação de “itinerários turísticos religiosos”, dado que os turistas “vêm a Fátima, passam pela igreja de Santo António, a Sé e os Jerónimos, em Lisboa, e pouco mais”, explicou.
O religioso lembrou o relevo turístico de santuários pouco explorados, como o Sameiro, São Bento da Porta Aberta e Senhora do Almortão, tendo salientado que a nova instituição vai procurar que estes e outros espaços estejam abertos aos visitantes fora dos períodos das grandes festas.
O responsável foi um dos membros da delegação portuguesa ao 7.º Congresso Mundial da Pastoral do Turismo, que decorreu de 23 a 27 de abril na estância balnear mexicana de Cancun.
“É importante que a Igreja esteja por dentro do setor do turismo porque há muita exploração da mão de obra laboral, tráfico de pessoas e corrupção”, assinalou frei Sales Diniz, referindo que “para muitos países e regiões a atividade turística é a primeira fonte de riqueza e desenvolvimento”.
O desafio de “colocar o grande património da Igreja ao serviço de quem procura as obras de arte apenas do ponto de vista cultural, fazendo dessa curiosidade um meio de evangelização”, foi um dos temas abordados.
Além de descrever a peça é preciso “dizer o que está na sua origem e qual a sua espiritualidade”, frisou o frei Sales Diniz, acrescentando que “o turismo tem de ser visto como elemento enriquecedor dos povos”.
Uma das experiências partilhada no encontro que mais marcou o responsável foi o “turismo solidário”, que consiste em integrar no programa da viagem de férias um tempo para serviço voluntário de apoio a comunidades mais pobres.
O encontro centrou-se também na “presença católica no turismo em geral” e nas atividades de lazer dos cristãos, “porque muitos, quando viajam em férias, esquecem-se das suas crenças”, disse.
A delegação portuguesa incluiu D. Jorge Ortiga, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, padre Luciano Cristino, do Santuário de Fátima, e Rosário Frazão, da Agência Verde Pinho, dedicada ao turismo religioso.
Participou também um representante da autarquia de Ourém, que interveio sobre a relação entre as autarquias e a Igreja no âmbito do turismo religioso, e por iniciativa própria um casal que está a iniciar o projeto de uma agência organizadora de viagens para santuários marianos.
RJM

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