02/05/2012

Jesus está vivo


Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Depois da ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos, a algumas mulheres, e depois a mais de quinhentas pessoas antes de Saulo encontrá-Lo na estrada de Damasco.
A experiência de Paulo é muito útil para refletir sobre a presença do Ressuscitado junto aos seus discípulos e a resposta deles diante do acontecimento que marca suas vidas. Cristo está vivo, não está no túmulo, Ele Ressuscitou!
Lucas diz categoricamente: "Jesus verdadeiramente ressuscitou e apareceu a Simão" e, na liturgia deste final de semana descreve uma experiência significativa da presença de Cristo ressuscitado "no meio de nós". Jesus, na sua versão, "está no meio de nós", isto é, interage, comunica, fala e, especialmente, deixa sobre eles a sua "paz", que é aquela condição de bem-estar e de alegria espiritual que não está no mundo, mas que só Deus pode conceder.
Certamente, Ele se mostra na verdadeira humanidade, e deve também dar uma prova concreta aos discípulos incrédulos que relutam para reconhecê-Lo: Ele mostra-lhes as mãos e o lado, tranquilizando-os e comendo um pedaço de peixe assado no meio deles. É necessário usar todas essas manifestações exteriores, porque os seus interlocutores, atordoados e confusos, acreditam que viram um fantasma. Não seria a primeira vez que o seu Mestre é confundido com uma figura fantasmagórica. Mesmo quando Ele andou sobre as ondas do mar, os discípulos, vendo a estranha aparição no meio das ondas, pensavam que fosse um fantasma, momento então em que Jesus teve de dizer a eles (Mt 14, 22 - 36): "Coragem, sou eu, não tenhais medo".
Mas Jesus não é um fantasma e não pertence ao reino dos mortos "que não têm mais parte desta vida" (Salmo 90, 14). Ele está no meio dos seus com a vida, o triunfo sobre o pecado e a morte, cujo corpo já não é comparável ao que estava disponível antes da crucificação, mas é um corpo glorioso e indestrutível, não está sujeito ao tempo e às necessidades somáticas comuns a todos os homens. Jesus mostra-lhes "carne e ossos" reais e, em seguida, na plenitude das características humanas, também mostra as mãos e os pés (João diz que as mãos e o lado), mas permanece o fato de que seu corpo não é mais aquele do Crucifixo, mas do Ressuscitado, que passou da morte para a vida. Os apóstolos provavelmente logo tomam consciência disso quando passam do medo à alegria, mas eles ainda não acreditam porque se encontram inebriados pela alegria, que os impede de aceitar que Aquele que ali está presente seja precisamente Jesus. Depois que Jesus esclarece, pede para ser tocado e come diante deles um pedaço de peixe assado, compreendem que Aquele com quem eles estão falando é o Cristo Senhor! Mas o que aos apóstolos será esclarecido é que assim como fora dito, era necessário que se cumprissem as Escrituras.
Este episódio segue ao encontro com os discípulos no caminho de Emaús, que reconheceram Jesus ao partir do pão e sentiram arder os seus corações enquanto Ele caminhava com eles e explicava-lhes as Escrituras. E exatamente são os mesmos discípulos que estão presentes agora, enquanto o confundem com a aparição de um presumido "fantasma".
Através desses sinais e dessas experiências que pouco a pouco amadurecem, Jesus oferece a certeza de sua ressurreição, pois forma testemunhas credíveis da sua mensagem. Os apóstolos, Pedro principalmente, poderão garantir com o seu próprio testemunho que o Senhor ressuscitou verdadeiramente!
Paulo dará testemunho do Senhor ressuscitado com suas palavras, sua pregação, sua vida em todo o seu trabalho missionário. A palavra mais eloquente do apóstolo Pedro é que haviam matado "o autor da vida", mas que Deus o havia ressuscitado para que a vida tivesse realmente a última palavra sobre a morte.
E esta é a conclusão de que também a nós mostra sua perspectiva sobre as aparições de Cristo ressuscitado: o triunfo da vida é o fato de que para nós viver é Cristo, e morrer é lucro (Fl 1, 21), por que o morrer cristão é o viver para sempre. Sabendo então da necessidade de que não nos obstinemos no pecado procurando entre os mortos Aquele que está vivo.
“No Seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”. É somente no Cristo Ressuscitado que temos a verdadeira vida, a vida em abundância. “Vós sois testemunhas de tudo isso” (cfr. Lc. 24, 47-48).

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