O Santo Padre, o papa Bento XVI, recebeu em audiência, na manhã da última sexta-feira, 11, os diretores nacionais das Pontifícias Obras Missionárias (POM), por ocasião da Assembleia Anual do Conselho Superior, em andamento em Roma.
Segue o texto integral do discurso do papa:
"Senhor Cardeal, Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, queridos irmãos e irmãs!
Dirijo a todos vocês a minha cordial saudação, começando pelo Senhor Cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que agradeço por suas gentis expressões e pelas informações acerca da atividade das Pontifícias Obras Missionárias. Estendo o meu pensamento de gratidão ao Secretário Mons. Savio Hon Tai-Fai, ao Secretário Adjunto Mons. Piergiuseppe Vacchelli, Presidente das Pontifícias Obras Missionárias, aos Diretores Nacionais e a todos os colaboradores, como também a quem presta seu generoso serviço no Organismo. O meu pensamento e o de todos vocês vai neste momento ao Padre Massimo Cenci, Subsecretário, que faleceu improvisamente. O Senhor o recompense por todo o trabalho por ele realizado em missão e a serviço da Santa Sé.
O encontro de hoje se realiza no contexto da Assembleia anual do Conselho Superior das Pontifícias Obras Missionárias, ao qual é confiada a cooperação missionária de todas as Igrejas no mundo. A evangelização, que tem sempre um caráter de urgência, nesses tempos impulsiona a Igreja a atuar com passo ainda mais veloz pelas vias do mundo, para levar cada homem ao conhecimento de Cristo. Somente na Verdade, de fato, que é o próprio Cristo, a humanidade pode descobrir o sentido da existência, encontrar salvação, e crescer na justiça e na paz. Todo homem e todo povo tem o direito de receber o Evangelho da verdade. Nesta perspectiva, assume particular significado o seu empenho em celebrar o Ano da Fé, que está próximo, para reforçar o empenho de difusão do Reino de Deus e de conhecimento da fé cristã. Isso exige por parte daqueles que já encontraram Jesus Cristo «uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo» (Carta ap. Porta Fidei, 6).
As comunidades cristãs «também elas têm necessidade de ouvir de novo a voz do Esposo, que as convida à conversão, desafia-as a ousarem coisas novas e chama-as a comprometerem-se na grande obra da 'nova evangelização'» (João Paulo II, Exort. ap. postsin. Ecclesia in Europa, 23). Jesus, o Verbo encarnado, é sempre o centro do anúncio, o ponto de referência para a sequela e para a própria metodologia da missão evangelizadora, porque Ele é a face humana de Deus que quer encontrar cada homem e cada mulher para fazê-los entrar em comunhão com Ele, no seu amor. Percorrer as estradas do mundo para proclamar o Evangelho a todos os povos da terra e guia-los ao encontro com o Senhor (cfr. Carta ap. Porta Fidei, 7) exige então que o anunciador tenha uma relação pessoal e cotidiana com Cristo, o conheça e o ame profundamente.
A missão hoje necessita de renovar a confiança na ação de Deus; necessita de uma oração mais intensa para que venha o seu Reino, para que seja feita a sua vontade assim na terra como no Céu. É preciso invocar luz e força do Espírito Santo, e empenhar-se com decisão e generosidade para inaugurar, num certo sentido, «um novo tempo de anúncio do Evangelho, não só porque, depois de dois mil anos, a maior parte da família humana ainda não reconhece Cristo, mas também porque a situação em que a própria Igreja e o mundo se encontram no limiar do novo milênio está particularmente modificada quanto à crença religiosa» (João Paulo II, Exort. ap. postsin. Ecclesia in Asia, 29). Portanto, estou bem satisfeito em encorajar o projeto da Congregação para a Evangelização dos Povos e das Pontificias Obras Missionárias, em apoio ao Ano da Fé.
Este projeto prevê uma campanha mundial, que, através da oração do Santo Rosário, acompanhe a obra de evangelização do mundo e para muitos batizados a redescoberta e aprofundamento da fé. Queridos amigos, vocês bem sabem que o anúncio do Evangelho não poucas vezes comporta dificuldades e sofrimentos; o crescimento do Reino de Deus no mundo, de fato, não raramente acontece a preço de sangue dos seus servos. Nesta fase de mudanças econômicas, culturais e políticas, onde muitas vezes o ser humano se sente só, à mercê da angústia e do desespero, os mensageiros do Evangelho, mesmo que anunciadores de esperança e paz, continuam a ser perseguidos como seu Mestre e Senhor. Mas, apesar dos problemas e da trágica realidade da perseguição, a Igreja não se desencoraja, permanece fiel ao mandato do seu Senhor, na consciência de que «como sempre na história cristã, os mártires, ou seja, as testemunhas, são inúmeros e indispensáveis ao caminho do evangelho» (João Paulo II, Redemptoris missio, 45).
A mensagem de Cristo, hoje como ontem, não pode se adequar à lógica deste mundo, porque é profecia e libertação, é semente de uma humanidade nova que cresce, e somente no final dos tempos terá sua plena realização. A vocês é confiado de modo particular, a tarefa de apoiar os ministros do Evangelho, ajudando-lhes a "conservar a alegria de evangelizar, mesmo quando é preciso semear em meio a lágrimas" (Paulo VI, Exortação Apostólica Evangeli nuntiandi, 80).
O seu compromisso principal é manter viva a vocação missionária de todos os discípulos de Cristo, porque cada um, segundo o carisma recebido do Espírito Santo, pode participar da missão universal dada pelo Senhor Ressuscitado à sua Igreja. O seu trabalho de animação e formação missionária faz parte da alma do cuidado pastoral, porque a missão ad gentes é o paradigma de toda a ação apostólica da Igreja.
Sejam cada vez mais expressão visível e concreta da comunhão de pessoas e instrumentos entre as Igrejas, que, como vasos comunicantes, vivem a mesma vocação e zelo missionário, e em todos cantos da terra trabalhem para semear a Palavra da Verdade a todos os povos e culturas. Tenho certeza de que vocês continuarão a trabalhar a fim de que as Igrejas locais assumam mais generosamente sua parcela de responsabilidade na missão universal da Igreja. Que a Virgem Santíssima, Rainha das Missões, os acompanhe e sustente seus esforços na promoção da consciência e colaboração missionária. Com esta esperança, que sempre lembro em minhas orações, agradeço a vocês e a todos aqueles que cooperam na causa da evangelização, e de coração dou-lhes a bênção apostólica".
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