Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Iniciamos o mês de Maio com o Dia do Trabalhador. Neste ano celebramos na Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha. Recordei a proximidade da Igreja do povo trabalhador e os sonhos de que a justiça e o direito aconteçam em nosso mundo. Creio que a reflexão deve continuar.
Digno é o trabalhador do seu trabalho... (cf. Lc 10,7) com o fruto do trabalho de tuas mãos hás de viver (cf. Sl 127,2). Quem não trabalha não deve comer (cf. II Ts 3,10). Estas e outras passagens das Escrituras fazem recordar a importância e a necessidade do trabalho na vida humana. Vida fundada na honestidade, na simplicidade, na construção diária da identidade de cada pessoa e de toda a sociedade.
O trabalho dignifica o homem! Trás a ele a dignidade merecida e refaz as suas esperanças de um mundo melhor. Do trabalho de cada dia é que nos vem o pão de cada dia, a certeza e a confiança de que o amanhã será sempre melhor e cheio de boas surpresas. O projeto inicial é que as pessoas levassem adiante, com amor, a construção desse mundo. Infelizmente o pecado, o egoísmo, a maldade levaram-no para outros lados. Levaram as pessoas para a exploração uns dos outros e para o egoísmo.
A Igreja sempre apoiou e esteve presente junto aos trabalhadores. Ofereceu-lhe como padroeiro São José Operário, pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, esposo de Maria, carpinteiro, homem justo e dedicado, que a seu Filho ensinou a profissão.
São José, patrono universal da Igreja, carrega consigo a sublime missão de interceder por todos os trabalhadores que têm a tarefa tão significativa de construir, com seu suor e trabalho, dia a dia a nação. Do fruto de nosso trabalho se constrói a família, a pessoa humana, as comunidades e a sociedade. Como não recordar de tantas lutas em favor dos trabalhadores e os movimentos operários? Como não trazer à tona a realidade de tantos trabalhadores que, na tentativa de oferecer uma vida com maior dignidade à sua família e especialmente aos filhos, trabalharam de sol a sol, muitas vezes até superando seus próprios limites para oferecer aos seus condições dignas de sobrevivência.
Tudo colocamos no altar do Senhor, oferecendo, com o vinho e o pão, no cálice e na patena, a vida e missão de nossos trabalhadores. O próprio vinho e pão apresentados são frutos do suor e do trabalho de nossas mãos, e que, colocados no altar do Senhor e por Ele aceitos, tornam-se Pão da vida e Vinho da salvação. O maior milagre que nossos olhos podem contemplar pela fé, passa, antes, pelas mãos dos trabalhadores, que na labuta diária oferecem a matéria para o santo sacrifício de amor.
Recordemos e rezemos por todos os trabalhadores, especialmente os desempregados, para que, com coragem e ajuda divina, possam oferecer a dignidade merecida aos seus. Para que a justiça seja a causa de quem emprega e de quem é empregado. Que o amor e a solidariedade façam parte do dia a dia da vida de quem, na simplicidade de sua vida, oferece um pouco de si para que o mundo se torne melhor, mais solidário, justo e digno de se viver.
A celebração realizada é compromisso de continuidade, principalmente na capacitação dos trabalhadores nestes novos tempos de tantas exigências.
Que Maria, mãe de Jesus, estrela da evangelização, neste maio a ela dedicado, juntamente com seu esposo operário São José, roguem a Deus pela vida e missão de nossos trabalhadores. Que sejam guardados sob o manto sagrado de amor e de bondade que alcança a vida e o coração de todo homem e mulher de boa vontade.
Elevemos nossas preces ao bom Deus por todos os trabalhadores, rezando esta oração composta por São Pio X:
“Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados;
De trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações;
De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus;
De trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades;
De trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus!
Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, oh! Patriarca São José!
Tal será a minha divisa na vida e na morte. Amém!”
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