17/05/2012

VLT de Fortaleza tem falhas em estudo de impacto; conselheira do TCE quer parar obra


Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
  • Danilo Verpa/Folhapress
    Obra da Copa do Mundo de 2014, VLT de Fortaleza pode desalojar 3,5 mil famílias da cidade
    Obra da Copa do Mundo de 2014, VLT de Fortaleza pode desalojar 3,5 mil famílias da cidade
A principal obra de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014 em Fortaleza está sob investigação do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE). Um processo em tramitação no órgão apontou falhas nos estudos de impacto ambiental para a construção de um VLT (trem urbano) na capital cearense. A obra, que deve desalojar até 3,5 mil famílias, pode ser paralisada caso o governo do estado não apresente novos estudos para o tribunal.
Em construção desde abril, o VLT Parangaba-Mucuripe vai ligar a zona hoteleira de Fortaleza à área do Castelão, estádio da Copa de 2014. A obra, segundo a Matriz de Responsabilidades da Copa do Mundo, está orçada em R$ 265,5 milhões. Mesmo assim, não tem todos os documentos necessários para sua realização, segundo o TCE-CE.
O Tribunal de Contas cearense deu seu primeiro alerta sobre as falhas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da obra em dezembro do ano passado. Em decisão unânime do órgão, conselheiros solicitaram que o secretário de Infraestrutura, Adail Fontenele, apresentasse novos estudos de impacto sobre VLT.
Essa determinação, entretanto, não foi cumprida pelo governo, o que irritou a relatora do processo no TCE, Soraia Vitor. No início de abril, a conselheira chegou a defender a paralisação imediata da obra em sessão do tribunal. "É lógico que o governo deve paralisar. Se há pressa por que já não se apresentou a documentação requerida?”, argumentou ela.
Os conselheiros do TCE, porém, acabaram preferindo não pedir a paralisação da obra na ocasião, mas multaram o secretário Adail Fontenele e estabeleceram novo prazo para a apresentação dos documentos. O governo do Ceará tem agora até o final de maio para apresentar tudo o que foi solicitado pelo tribunal.
Essa não é a primeira polêmica envolvendo os estudos de impacto ambiental da obra do VLT Parangaba-Mucuripe. No ano passado, o Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará (Coema) aprovou, com base nesses dois documentos, o licenciamento ambiental da obra em uma sessão tumultuada. 
A Defensoria Pública da União e do Estado preferiram se abster na votação do Coema por não concordar com o processo de análise da licença. Depois chegaram a entrar na Justiça para tentar suspender a licença concedida. Sem sucesso.
A principal alegação dos defensores é o que projeto não foi debatido suficientemente com a população. De acordo com um relatório do Comitê Popular da Copa de Fortaleza, dez comunidades da cidade serão afetadas pela construção do VLT. Este relatório é o que aponta a remoção de 3,5 mil famílias pela obra.
“Somos contra o VLT”, afirmou André Lima Sousa, membro do Comitê Popular. “Uma obra dessa precisa ser debatida com a população e seguir os ritos legais. Não é isso que acontece.”
O governo estadual, porém, pretende manter a construção do VLT até para garantir que a obra esteja pronta para a Copa de 2014. Segundo balanço da Controladoria-Geral da União, a construção deveria ter começado em janeiro de 2011. Só começou em abril deste ano. 
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura do Ceará informou que “se pronunciará no prazo estipulado pelo TCE sobre a questão documental” do VLT.

Obras da Copa

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