Rondônia é uma parte do Brasil onde o desmatamento avança em diferentes frentes. Além dos canteiros de obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, há as plantações de café, o crescimento rápido da pecuária e a exploração ilegal de madeira. Por tudo isso, não deixa de ser curioso que aproximadamente nove etnias indígenas permaneçam até o momento isoladas no estado.
Não foi assim com os índios paiter-suruí. O primeiro contato com eles aconteceu durante a construção da BR-364 (Cuiabá-Porto Velho) no final da década de 1960. Uma história dramática que deixou marcas profundas na trajetória desse povo. Quase toda a aldeia foi dizimada pelo vírus do sarampo. Aproximadamente 5 mil índíos morreram, e entre os 299 sobreviventes restaram poucos adultos com perfil de líder. Em meio a essa tragédia, Itabira, com apenas 16 anos, foi eleito o novo cacique. Testemunhou a drástica redução do território suruí, a marginalização de seu povo, a desagradável e inédita dependência de ajuda do governo brasileiro, e a necessidade de vender madeira da reserva para a própria subsistência da comunidade.
Essa realidade perversa começou a mudar quando o sobrinho de Itabira, Almir, se tornou o novo líder com um discurso esquisito, que falava de “plano suruí para os próximos 50 anos”, “preservação da cultura”, “parcerias com todos os que possam ajudara causa do nosso povo” e o mais surpreendente: “Chega de vender madeira da reserva! Precisamos proteger o que é nosso!” Romper com os madeireiros custou a paz de Almir Suruí e sua família. Até hoje ameaçado de morte (segue link da carta), ele já teve a cabeça a prêmio por 100 mil reais. “Sinceramente, acho que valho mais do que isso”, diz Almir, antes de abrir um sorriso que esconde a tensão de não poder descuidar da própria segurança.
Pessoal, emocional e espiritualmente comprometido com a causa do povo suruí, Almir já viajou por 31 países sempre à procura de ajuda para que seu povo viva com dignidade sem destruir a floresta. Esteve com figuras como Al Gore e o príncipe Charles, participou de algumas Conferências do Clima e vai dar o ar da graça na Rio+20. Escolhido pela revista americana Fast Company um dos 100 líderes mais criativos do mundo ( http://bit.ly/m7LuHq), ele visitava a Califórnia quando pediu aos seus cicerones (todos de organizações não governamentais ambientalistas) que agendassem uma entrevista com alguém importante do Google. De nada adiantou dizer para Almir que seria impossível fazer isso rapidamente, que os diretores do Google eram muito ocupados etc. Muitos telefonemas depois, o máximo que os ambientalistas conseguiram foi agendar um contato rápído durante um coffe break com a gerente de projetos comunitários da companhia. Quando Rebecca Moore viu aquele índio devidamente paramentado, com um discurso na ponta da língua (em português com tradução simultânea) em que convidava o Google para participar com ajuda tecnológica do projeto “Suruí 50 anos”, decidiu estender a conversa por três horas. Num dado momento, ela resolveu acionar o Google Earth para checar em que parte da floresta amazônica estava a reserva suruí.
“Quando vi aquela mancha verde cercada de desmatamento entendi o que Almir queria dizer”, me disse Rebecca. São exatamente 248 mil hectares de floresta protegida enre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Rebecca disse que não foi fácil convencer seus superiores no Google a abraçar a causa suruí. “Eles me questionaram a razão pela qual nós apoiaríamos uma comunidade pequena, com apenas 1.300 índios, quando há tantas comunidades mais numerosas por aí nos pedindo ajuda. Eu disse que eles são comprometidos. Isso para mim faz toda a diferença”.
Nascia ali uma parceria que já resultou em três incursões de têcnicos do Google na aldeia suruí que fica nas proximidades de Cacoal (RO). Em 2008, eles ensinaram os jovens da tribo da usar o Google Earth e a montar um blog. Em 2009, capacitaram os índios a usar smartphones para flagrar a ação de madeireiros, caçadores ou pescadores ilegais na floresta. Desde então, grupos de 20 índios se revezam em longos plantões que podem durar até 15 dias na mata. No último ano, considerando apenas flagrantes de madeireiros ilegais, foram registradas cinco ocorrências. Os índios gravam as imagens, marcam a posição exata do delito com a ajuda do GPS e enviam os dados para a Polícia Federal e a Funai.
Semanas atrás eu pude acompanhar a terceira visita da equipe Google ao território suruí. Desta vez, o objetivo da missão foi apresentar o mapa cultural suruí, um software especialmente desenvolvido para a comunidade que reúne informações e imagens produzidas pelos próprios índios numa “enciclopédia virtual” que eterniza as histórias, o folclore, lugares e objetos sagrados, bem como as espécies vegetais e animais mais importantes para os suruís.
“A partir desta parceria com os índios brasileiros nós, no Google, nos capacitamos para produzir projetos que hoje ajudam outras 12 diferentes culturas indígenas espalhadas pelo mundo”, diz Rebecca. O contato dela com a língua portuguesa revelou uma palavra que não existe em inglês: “socioambiental”. ”Deveria existir. Ela empresta um sentido mais exato a tudo isso que estamos testemunhando”.
Nos festejos pela celebração da parceria, todos os técnicos da Google se deixaram pintar com uma tintura à base de genipapo que leva até três semanas para desaparecer do corpo. Eles também dançaram com os índios na aldeia, tomaram bebida feita com milho fermentado e participaram da competição de arco e flecha. Foi lindo acompanhar esses momentos de pura diversão e entretenimento entre duas culturas bem diferentes que se respeitam e se admiram mutuamente.
A festa marcou também o lançamento do projeto “Carbono Suruí”, com o aval de duas certificadoras internacionais, que abre caminho para a obtenção de créditos de carbono a partir das áreas não desmatadas no território. É o primeiro projeto do gênero concebido a partir de uma comunidade indígena no mundo.
Almir Suruí conduziu a celebração com a altivez de um chefe que se reconhece como parte de algo maior. “Não gosto quando falam muito de mim. Não é a minha causa. É a do meu povo”. Ele sempre começa o dia reservando alguns minutos de silêncio para buscar inspiração numa força superior. Almir sabe-se no meio de uma longa jornada que neste momento demanda precioso tempo e energia e parece se nutrir de algo invisível. Inquieto, ele não nunca se dá por satisfeito. Pude constatar isso no dia seguinte à celebração na aldeia quando, por coincidência, tomamos o mesmo avião para Brasília com escalas em Vilhena e Cuiabá. Almir é uma usina de boas ideias que dependem de ajuda para dar resultado. Ele aproxima os diferentes, desafia a lógica e transforma o improvável em inédito. É um líder nato, do tipo que o mundo precisa conhecer para reinventar seu caminho e reescrever a História.
Assista agora a reportagem exibida na coluna “Sustentável” no Jornal da Globo sobre a parceria entre Google e Suruís (http://bit.ly/Lt1HAA)
Exclusiva com o nº 1 da ONU na área ambiental
ter, 05/06/12
por andre trigueiro |
categoria Mundo Sustentável, Rio+20
“Obrigado por vir até aqui quando podia estar na praia ou comendo uma feijoada”, disse bem humorado o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, ao me receber numa tarde ensolarada de domingo no Copacabana Palace para uma entrevista. Bem humorado, Achim parecia muito à vontade para falar de assuntos espinhosos. Brasileiro de Carazinho (RS), Achim (pronuncia-se “Árrim” ) se mudou com a família ainda pequeno para a Alemanha e a língua portuguesa ficou em segundo plano. Pelo cargo que ocupa, prefere o inglês. “É mais seguro para mim”, diz ele.
Inteligente e articulado, a maior autoridade ambiental da ONU estranha a aversão de algumas organizações e países contra a expressão “economia verde”. Lembra que um dos principais objetivos do trabalho do Pnuma é tornar a conservação (ou uso inteligente) dos recursos naturais algo interessante também os agentes econômicos. Seu exemplo preferido de que este é um caminho necessário e possível é a explosão dos investimentos em todo o mundo em fontes limpas e renováveis de energia.
Achim Steiner trabalha para que a Rio+20 defina um novo compromisso dos países em favor de prazos e metas que promovam o desenvolvimento sustentável. “Vai depender muito da crença de que agindo coletivamente, como uma comunidade de nações, seremos capazes de realizar progressos mais rapidamente”.
Ele reconhece a necessidade de a ONU abrir espaço para novos atores da sociedade que poderiam contribuir para a tomada de decisão. Chamou a isso de plataformas de governança. “Nós precisamos reinventar o multilateralismo para permitir que países se unam em vez de usar conferências internacionais para definir posições nacionais e focar nas diferenças”.
Diferenças que até aqui produziram, em sucessivas reuniões preparatórias, um texto – rascunho – ainda longo, confuso e pouco objetivo para a apreciação dos chefes de estado que virão à Rio+20. Achim Steiner manifestou descontentamento com os tímidos resultados obtidos até aqui, mas declarou-se confiante num acordo até o dia 22 de junho quando se encerra a cúpula no Riocentro.
E o que será do Pnuma depois da Rio+20? Steiner defende mudanças estruturais na ONU para que uma nova organização, mais forte e com novas atribuições, dê lugar à atual, que ainda está no “século passado”. Mas, por ser o atual secretário-executivo do Pnuma, não se sente à vontade para expor suas opiniões sobre o que deve mudar exatamente e de que jeito. Em pelo menos duas reuniões preparatórias da Rio+20 eu tive a oportunidade de testemunhar a saraivada de críticas de diferentes interlocutores à estrutura defasada da ONU e do Pnuma para lidar com os problemas da atualidade. É curioso ver como esse tipo de crítica encontra nele a mais sincera adesão.
Perguntei também o que ele acha do novo Código Florestal brasileiro. Steiner deu uma resposta diplomática, destacando a intensa mobilização de diferentes setores da sociedade brasileira em torno do assunto. A liturgia do cargo o obriga a não manifestar opiniões pessoais, – especialmente aquelas mais críticas, – sobre a política interna dos países, salvo raras exceções.
Pedi licença para fazer a última pergunta em português e ouvir Achim Steiner se expressar no idioma de sua terra natal. Indaguei qual o papel do Brasil na construção de um mundo mais sustentável. Foi, portanto, em português, que o ouvi dizer – com sotaque – que “o Brasil tem um papel estratégico nessa etapa da história do mundo. Há exemplos nesse país que demonstram ser possível transformar a realidade. O Brasil tem uma sociedade multidinâmica e desperta o interesse da comunidade internacional”.
O Brasil aparece em situação relativamente boa no novo relatório do Pnuma que reúne indicadores preocupantes sobre o estado de saúde do planeta, mas também identifica bons exemplos de políticas públicas em favor da sustentabilidade.
O relatório “Global Environment Outlook 5″ inspirou um programa “Cidades e Soluções” (http://glo.bo/KiSRjf ) exibido na Globo News. Se preferir, acesse o relatório na íntegra ( http://www.unep.org/geo/ )
A ex-ministra, o ex-banqueiro e eu
qua, 30/05/12
por andre trigueiro |
categoria Sem categoria
Ele fez história no TED Talks com uma fala arrebatadora sobre os caminhos que levam a um mundo mais sustentável. Ela fez história como a candidata verde à Presidência da República que amealhou mais de 20 milhões de votos com apenas 1 minuto e 20 segundos de exposição na TV no horário político.
O ex-banqueiro Fabio Barbosa, atual presidente-executivo da Abril S.A., e a ex-ministra Marina Silva têm trajetórias de vida bem distintas, algumas diferenças ideológicas importantes, mas seus caminhos se cruzaram num evento em São Paulo onde debateram comigo o tema “Comunicação e Sustentabilidade”.
Pouparei o leitor de conhecer aqui as minhas opiniões sobre o assunto – o que poderei fazer em outra oportunidade – para abrir espaço ao que eles disseram. Fabio e Marina discorreram com absoluta sinergia sobre “um mundo cada vez mais ligado, onde é preciso pensar e agir sistemicamente”, como destacou o atual diretor-geral do Grupo Abril, ou um “mundo em que transformamos a nossa despensa em latrina, com um modelo de crescimento que depreda a biodiversidade”, como salientou Marina, que não está mais filiada a nenhum partido político, mas não abre mão de seu lado ativista.
O ex-executivo do Banco Real – que redesenhou o planejamento estratégico da instituição abrindo espaço para novos gêneros de negócios inspirados em valores sustentáveis – e a ex-ministra do Meio Ambiente – primeira ambientalista a ocupar o cargo e que o deixou meses depois de declarar: “Perco a cabeça, mas não perco o juízo” – compartilharam a mesma preocupação com a juventude.
“Temos que deixar um mundo melhor para nossos filhos e os nossos filhos melhores para o nosso mundo”, defendeu Fabio. “Só uma aliança intergeracional poderá assegurar um projeto coletivo e de longo prazo”, asseverou Marina.
O ex-executivo da Nestlé e a ex-seringueira do Acre manifestaram preocupação com os rumos dos acontecimentos no mundo. Para Marina, “o ser humano tem desejos ilimitados num planeta limitado”, e não é mais possível que os governantes ignorem os alertas da comunidade científica.
“Os cientistas foram excluídos do debate com os tomadores de decisāo. Na última conferência do clima em Durban, na África do Sul, chegou-se à conclusão de que o paciente estava na UTI, em situação gravíssima. E o que os governos decidiram fazer? Tomar as providências necessárias, mas só daqui a dez anos.”
Fabio Barbosa reconheceu a letargia dos governos e atribuiu aos consumidores o poder de influenciar cada vez mais as decisões dos gestores públicos e privados. “O consumidor está hoje no centro do modelo de negócios. E a sustentabilidade entra cada vez mais na pauta dos consumidores”.
Ele defendeu a precificação das “externalidades” econômicas, ou seja, daquilo que compromete a saúde ou o meio ambiente e não aparece hoje no preço final dos produtos e serviços que acabam causando esses problemas. Deu o exemplo do cigarro, que passou a ser sobretaxado em função dos prejuízos causados ao sistema público de saúde.
Ambos concordaram que é preciso abrir espaço para o novo e que esse movimento não é fácil. “Há demanda por uma agenda positiva, mas é preciso abrir espaço para um novo acervo, um novo repertório”, diz Marina. Fabio defendeu a “inovação e o reposicionamento com base em valores sustentáveis”, como um princípio fundamental. Foi um privilégio compartilhar algumas horas da sabedoria desses dois brasileiros, tão distintos em suas trajetórias, tão próximos em suas visões de mundo.
Pau que nasce torto…
sex, 25/05/12
por andre trigueiro |
categoria Mundo Sustentável, Rio+20
Se dependesse apenas da vontade da presidente Dilma, o texto do Código Florestal aprovado na Câmara seria vetado totalmente. Mais de um assessor próximo a ouviu expressar isso claramente, com irritação, depois da aprovação do texto do deputado Paulo Piau (PMDB) na Câmara. Dilma classificou de “traição” a manobra de pessoas próximas ligadas ao PMDB que implodiram de vez a já esgarçada “base aliada”.
A expectativa do Palácio do Planalto era a de que as negociações no Senado definiriam o texto final que não deveria sofrer mudanças na Câmara e seria sancionado pela presidente. Não foi o que aconteceu. O enorme descontentamento do PMDB com a divisão de poder estabelecida pelo PT justificou o contragolpe da quase totalidade dos deputados pemedebistas (dos 74 parlamentares apenas 3 votaram contra o relatório). O governo se recusou a negociar novamente qualquer mudança e Dilma assumiu a responsabilidade pela solução final.
Doze vetos e 32 modificações depois, o que sobrou do novo Código só fará sentido com o suporte de uma nova medida provisória que será anunciada segunda-feira (28). Caberá aos especialistas na área do Direito explicar se esse conjunto de remendos fará algum sentido, se garantirá segurança jurídica no campo e livrará o país de uma “batalha de liminares”.
Outro ponto importante é que a medida provisória será votada novamente no Congresso, em sessão conjunta, onde Câmara e Senado decidirão por maioria absoluta (metade mais um) se o veto será acatado ou rejeitado. Detalhe importante: o voto será secreto, o que configura um absurdo desrespeito aos princípios mais nobres da democracia onde a transparência é fundamental.
É bom lembrar também que a maioria dos deputados impôs duas duras derrotas ao governo quando o assunto foi justamente Código Florestal.
Esse processo certamente não se resolverá antes do final da Rio+20, o que significa que até lá a presidente Dilma poderá se apresentar como uma boa anfitriã de uma Conferência Internacional da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. Também poderá se beneficiar internamente do bônus político de vetar um Código que vem despertando intensas e raivosas reações de parcela importante da opinião pública. Depois virão eleições, e o PMDB – maior partido do Brasil – poderá usar as negociações em torno da medida provisória como moeda de troca, em busca de maior espaço no jogo político.
Aguardemos os próximos rounds.
O tempo e o vento…
qui, 24/05/12
por andre trigueiro |
categoria Mundo Sustentável
Antes de mais nada gostaria de agradecer as muitas mensagens recebidas pelo post de estreia desta coluna. Li todas e fiquei emocionado. Obrigado de coração!
Hoje é dia de estreia na tevê aberta, ou de re-estréia, considerando minha passagem pela TV Globo entre 1993 e 1996. Depois de três anos como repórter por lá, Alice Maria me convidou para participar do projeto pioneiro da “1ª tevê a cabo só de notícias falada em português do Brasil”. Trocar a tevê a aberta pelo cabo foi uma decisão difícil, mas decidi arriscar e não me arrependi. Participar desde o início do bem-sucedido projeto da Globo News é algo que me enche de orgulho. Foram 16 anos à frente do Jornal das Dez, ancorando o principal telejornal da emissora. Lá ainda estou como editor-chefe do Cidades e Soluções, que se aproxima de suas 300 edições, sempre sinalizando rumo e perspectiva. Valeu Alice!
Hoje inicio no Jornal da Globo uma nova etapa profissional com a mesma motivação que justificou a ida para a Globo News. Pela primeira vez um telejornal da tevê aberta abre espaço regularmente (a cada 15 dias) para os assuntos da sustentabilidade em um quadro criado especialmente para este fim (se eu estiver enganado, por favor, me corrijam e informem por aqui se há outro projeto idêntico por aí). De qualquer maneira, estar à frente do primeiro quadro do gênero na Rede Globo já é algo que representa muito para mim e para todos aqueles que se ressentem de uma linha de cobertura mais antenada com os esses novos tempos em que a sustentabilidade tem inspirado o aparecimento de uma nova cultura, mais sensível aos limites ecológicos do planeta e contundente na promoção de novos hábitos, comportamentos, padrões de consumo e estilos de vida.
A ideia é exibir reportagens especiais sobre assuntos que estejam fora do radar da grande mídia ou que não tenham até hoje merecido o devido espaço de cobertura por desinformação ou até mesmo preconceito em algumas redações. Jorge Sacramento (editor-chefe) e Silvana Requena (editora e produtora) são parceiros generosos dessa empreitada inédita no Jornal da Globo. Nada impede que eu entre ao vivo – isso pode até acontecer durante a Rio+20 – quando o espaço do “colunista de sustentabilidade” se fizer necessário.
Nossa estréia nesta quinta no JG será embalada pela força do vento. Faremos um raio-x completo dessa fonte limpa e renovável de energia no Brasil, onde 1000 aerogeradores espalhados por 71 parques eólicos já fornecem energia elétrica para 12 milhões de brasileiros. O potencial eólico brasileiro equivale a 10 usinas hidrelétricas de Itaipu e o custo de produção se tornou extremamente competitivo sem nenhum subsídio. Fui até o Rio Grande do Norte mostrar porque aquele estado deixou de ser importador de energia para se tornar o mais importante pólo de investimentos do setor e, daqui a dois anos, exportar o excedente (vento extra) para os estados vizinhos.
Que os bons ventos levem minha gratidão e amizade a todos vocês.
Até a próxima!
André
Apostas para a Rio+20
ter, 22/05/12
por andre trigueiro |
categoria Mundo Sustentável, Rio+20
Olá amigos, estarei por aqui a partir de hoje sempre que der vontade de compartilhar alguma informação, opinião ou um simples desabafo. Essa é a vantagem de ser colunista: usa-se o espaço do jeito que nos pareça mais conveniente. Em se tratando dos assuntos relacionados à sustentabilidade, o menu é variado e o interesse do público crescente. Um bom sinal dos novos tempos!
Neste post de estreia, vou arriscar alguns palpites sobre o que deverá acontecer de mais interessante na Rio+20 – ou melhor, em alguns dos aproximadamente mil eventos paralelos à mais importante conferência do ano.
Preparados? Lá vai:
C-40
A organização que reúne os prefeitos das mais importantes cidades do mundo marcará presença no Rio. A lentidão e a morosidade com que os chefes de Estado avançam na agenda do desenvolvimento sustentável contrastam com a agilidade do poder local. Sem as amarras burocráticas da ONU – e o mau humor dos diplomatas de vários países – os prefeitos compartilham diretamente entre si experiências bem sucedidas e assumem novos compromissos na direção de um modelo de desenvolvimento mais inteligente. Estive na reunião da C-40 ano passado em São Paulo e fiquei impressionado com os resultados práticos do encontro.
Tedx Rio+20
Um dia e meio de palestras com 30 convidados interessantíssimos (metade deles vem do exterior) que compartilharão ideias para “entender e analisar o Poder Humano, força com enorme capacidade de destruir, manter e, principalmente, construir um novo planeta e uma nova forma de viver”. Consumo consciente, economia verde e redução da pobreza são alguns dos temas desse TEDxRio+20. Cada palestra deverá ter, no máximo, 18 minutos e os participantes são instigados a interagir entre si nos intervalos. O evento será transmitido ao vivo pela internet pelo sitewww.tedxrio20.com
Rio ClimaSe o encontro de cúpula dos chefes de Estado no Riocentro não vai priorizar o enfrentamento do maior problema ambiental do século 21 – as mudanças climáticas – um evento paralelo (não oficial) cumprirá essa função. Um debate de alto nível, reunindo cientistas, economistas, políticos e representantes da sociedade civil de vários países convidados pelo deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ), tentará durante seis dias costurar um acordo global do clima. Se isso não for possível, restará como consolo assistir ao show de encerramento do evento com Gilberto Gil.
A Amazônia que dá certo
O exemplo de Paragominas (PA), que deixou de ser um dos municípios que mais desmatavam a floresta amazônica – com altíssimo índice de homicídios em conflitos agrários – para se transformar em exemplo de desenvolvimento sustentável na região, inspirou o Governo do Pará a lançar o Programa Estadual Municípios Verdes (PMV), cujos resultados serão exibidos durante a Rio+20 . Mais de 90 prefeituras aderiram ao programa, que incentiva novas práticas agropecuárias, regularização ambiental, entre outras medidas que valorizam os produtos paraenses junto a mercados cada vez mais exigentes. Durante a Rio+20 serão exibidos os resultados do programa que está transformando a realidade dessa região.
Cúpula dos PovosTal como se deu há 20 anos no Aterro do Flamengo – eu cobri o evento pela falecida Rádio JB/AM e guardo dele as melhores recordações – ONGs do mundo inteiro voltarão a ocupar o Aterro do Flamengo num gigantesco caldeirão sócio-cultural, étnico e religioso. Pode-se acompanhar os debates ou simplesmente curtir a experiência de testemunhar in loco a nossa bela e instigante biodiversidade humana.
Diálogos sobre sustentabilidade com a sociedade civilNunca se viu nada igual na história das Conferências da ONU: convidados especiais de diferentes países debaterão dez temas estratégicos e sintetizarão os resultados em recomendações que serão posteriormente encaminhadas pessoalmente aos chefes de Estado no Riocentro. Alguns dos conferencistas serão escolhidos para entregar os documentos em mãos e trocar ideias com os governantes. A iniciativa é do governo brasileiro e, se der certo, poderá inspirar encontros semelhantes em outras conferências da ONU. Terei a honra de mediar o debate sobre Cidades Sustentáveis, um dos dez temas escolhidos. Depois eu conto por aqui o que eu achei da experiência.
As redes sociais
A Rio+20 pertence à categoria de evento “incobrível”. Simplesmente não há como acompanhar tudo o que vai acontecer no Rio de Janeiro no mês de junho. Mas na era das redes sociais os provedores de conteúdo estão por toda a parte, registrando e enviando as informações que pareçam importantes. Uma boa pescaria nas redes poderá reduzir a frustração de não poder acompanhar tudo de interessante que vai acontecer por aí.
Se algo que você considera digno de registro ficou de fora dessa lista, compartilhe. Para todos os efeitos, a Rio+20 já tem pelo menos um resultado concreto: transformar o Brasil numa imensa plataforma de lançamento de novas ideias em favor de um mundo melhor e mais justo, um mundo sustentável.
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