01/06/2012

Visão equilibrada



Artigo de Dom Aldo para o Jornal da Paraíba (28/05/2012)

Aos 04 de maio pp., Bento XVI acolheu novos embaixadores junto à Santa Sé. Expôs-lhes sua preocupação ante a crise econômica mundial a ser superada. Evidenciou que o desenvolvimento ao qual cada nação aspira deve levar em consideração cada pessoa na sua integridade, e não somente o crescimento econômico. Citou as experiências do microcrédito e de outras iniciativas, demonstrando ser viável harmonizar os objetivos econômicos vinculados à inclusão social, à gestão democrática e o respeito pela natureza. Encorajou a promoção do trabalho manual e da agricultura que esteja a serviço dos habitantes. Essa é a pergunta que a Igreja faz a si mesma, sentindo-se chamada a fazer parte das soluções dos graves problemas que afligem a humanidade. Entre outros graves conflitos, miséria espiritual e material, fome, violência, narcotráfico, conflitos armados, doenças endêmicas, corrupção de dirigentes e o consequente atraso dos povos. 

A colaboração da Igreja é indispensável. Esta acontece através das atividades de solidariedade humanitária por parte de todos os que afirmam serem cristãos. Nós acreditamos no princípio e nas iniciativas da solidariedade e da subsidiariedade fraterna. Solidariedade é sinônimo de fraternidade. Subsidiariedade é sinônimo de capacitação, repassando conhecimentos e habilidades aos outros, para que caminhem com as próprias pernas. Aprendemos a ajudar os outros a se ajudarem. A doutrina e as obras sociais da Igreja se alicerçam nas oportunidades geradas para que pessoas e famílias se incluam socialmente, qualificando-se profissionalmente. O desenvolvimento do ser humano só é possível quando se criam oportunidades de crescimento econômico e, vice-versa. 

O desenvolvimento sustentável convive com o crescimento econômico. É preciso produzir sem destruir. Existirá oportunidade de crescimento de uma nação quando são respeitados os valores éticos e morais, evitando inércia, oportunismo, corrupção. Isso só é possível com educação para o convívio social, antepondo os valores éticos aos interesses particulares. O desenvolvimento integral das pessoas e dos povos caminha com o crescimento econômico, social e político. Se a miséria material provoca enormes sofrimentos, a ausência de valores éticos empurra as pessoas à miséria moral, provocando sofrimentos piores. O egoísmo nos distorce quando vemos no outro um inimigo em potencial, uma ameaça, um concorrente que deva ser eliminado. Nossa miséria maior é a falta de amor solidário, a perda dos valores espirituais, nosso distanciamento de Deus. Este vazio torna mais difícil discernir o bem e superar o mal. 

Dom Aldo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba

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