“A amizade é um amor que nunca morre” (Mario
Quintana).
Tiago de França*
Por ocasião do Dia do Amigo (20 de julho) e inspirado neste belíssimo
pensamento do poeta das coisas simples, quero discorrer sobre o
significado da amizade na vida dos seres humanos. Há muito que se falar sobre a
amizade. Há uma infinidade de textos dos mais variados estilos. Por isso, para
não repetir o que outros escreveram, irei escrever brevemente sobre três
características do que denomino uma verdadeira amizade. Antes, é preciso
afirmar algo simples, que parece não ter novidade: Amizade é coisa de amigos,
de pessoas que se querem bem. Portanto, só é amigo aquele que possui esse querer
bem para com o outro. Passemos às características.
Verdade. Só
há amizade autêntica onde há verdade. Um amigo não se recusa a dizer a verdade
para o bem do outro. Somente dos verdadeiros amigos se espera a verdade, mesmo
que esta seja, a princípio, inaceitável e dolorosa. O amigo sabe que a mentira
é causa de confusão e ilusão, é tirar do outro a oportunidade de encontrar-se
com a liberdade. Esta só existe a partir e em função da verdade. Não dura a
amizade que tem a verdade como obstáculo. Neste caso, a falsidade ocupa o lugar
da verdade.
Liberdade. Ninguém
está obrigado a ser amigo, portanto, a amizade nasce espontânea e livremente;
não é forçada, é experiência gratuita. A sujeição da vontade do outro também se
opõe à liberdade. O amigo é aquele que se esforça para que o outro seja cada
vez mais livre. Neste sentido, o apego é outro mal que deve ser evitado. O
apego é aquela vontade de possuir o outro para si, tirando-lhe a oportunidade
de construir e viver outras amizades. A posse não está para pessoas, mas para
coisas e até estas devem ser possuídas sem apegos. A liberdade que constitui a
amizade não admite posse, apego e sujeição da vontade do outro.
Amor. Os
amigos são pessoas que se amam. A amizade é uma das manifestações mais belas do
amor. É o lugar do ágape, do amor que se manifesta na solidariedade
e no cuidado com o outro. O amigo é aquele que se preocupa com o bem-estar do
outro e mesmo não podendo ajudar com uma palavra sequer, mas aparece para
expressar apoio e comunhão. O amor é a essência da amizade, é aquilo que lhe é
mais profundo e fundamental. Os verdadeiros amigos sabem que se amam e sabem
também que isto acontece na gratuidade e reciprocidade. O sentido último da
amizade está no amor. Se alguém nos perguntar pela razão maior pela qual amamos
um amigo podemos seguramente afirmar que é por causa do amor.
É por causa destes três valores imprescindíveis que concordo plenamente com o
pensamento do poeta Mario Quintana. De fato, a amizade é um amor que
nunca morre. Para quem professa a fé cristã, Jesus é o exemplo por
excelência de ser humano que soube ser amigo das pessoas. Ele era amigo de seus
discípulos. E nós, que somos seus discípulos, somos chamados a sermos seus
amigos, sermos pessoas de sua intimidade. Jesus abre o espaço de sua liberdade
para sermos seus amigos na verdade, na liberdade e no amor. Portanto, numa
constante renúncia da mentira, do apego e da indiferença. Estes três
contra-valores destroem a amizade e nos induzem à inimizade.
O mundo padece pela falta de verdadeiras amizades entre as pessoas, que estão
se deixando levar cada vez mais pelas inimizades. Preservemos e cultivemos,
pois, autênticas amizades para que a vida se torne mais feliz e o mundo mais
habitável.
Feliz Dia do amigo!
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