20/07/2012

A amizade: amor e gratuidade


                                          “A amizade é um amor que nunca morre” (Mario Quintana).

            Tiago de França*
Por ocasião do Dia do Amigo (20 de julho) e inspirado neste belíssimo pensamento do poeta das coisas simples, quero discorrer sobre o significado da amizade na vida dos seres humanos. Há muito que se falar sobre a amizade. Há uma infinidade de textos dos mais variados estilos. Por isso, para não repetir o que outros escreveram, irei escrever brevemente sobre três características do que denomino uma verdadeira amizade. Antes, é preciso afirmar algo simples, que parece não ter novidade: Amizade é coisa de amigos, de pessoas que se querem bem. Portanto, só é amigo aquele que possui esse querer bem para com o outro. Passemos às características.
            Verdade. Só há amizade autêntica onde há verdade. Um amigo não se recusa a dizer a verdade para o bem do outro. Somente dos verdadeiros amigos se espera a verdade, mesmo que esta seja, a princípio, inaceitável e dolorosa. O amigo sabe que a mentira é causa de confusão e ilusão, é tirar do outro a oportunidade de encontrar-se com a liberdade. Esta só existe a partir e em função da verdade. Não dura a amizade que tem a verdade como obstáculo. Neste caso, a falsidade ocupa o lugar da verdade.

            Liberdade. Ninguém está obrigado a ser amigo, portanto, a amizade nasce espontânea e livremente; não é forçada, é experiência gratuita. A sujeição da vontade do outro também se opõe à liberdade. O amigo é aquele que se esforça para que o outro seja cada vez mais livre. Neste sentido, o apego é outro mal que deve ser evitado. O apego é aquela vontade de possuir o outro para si, tirando-lhe a oportunidade de construir e viver outras amizades. A posse não está para pessoas, mas para coisas e até estas devem ser possuídas sem apegos. A liberdade que constitui a amizade não admite posse, apego e sujeição da vontade do outro.

            Amor. Os amigos são pessoas que se amam. A amizade é uma das manifestações mais belas do amor. É o lugar do ágape, do amor que se manifesta na solidariedade e no cuidado com o outro. O amigo é aquele que se preocupa com o bem-estar do outro e mesmo não podendo ajudar com uma palavra sequer, mas aparece para expressar apoio e comunhão. O amor é a essência da amizade, é aquilo que lhe é mais profundo e fundamental. Os verdadeiros amigos sabem que se amam e sabem também que isto acontece na gratuidade e reciprocidade. O sentido último da amizade está no amor. Se alguém nos perguntar pela razão maior pela qual amamos um amigo podemos seguramente afirmar que é por causa do amor.

            É por causa destes três valores imprescindíveis que concordo plenamente com o pensamento do poeta Mario Quintana. De fato, a amizade é um amor que nunca morre. Para quem professa a fé cristã, Jesus é o exemplo por excelência de ser humano que soube ser amigo das pessoas. Ele era amigo de seus discípulos. E nós, que somos seus discípulos, somos chamados a sermos seus amigos, sermos pessoas de sua intimidade. Jesus abre o espaço de sua liberdade para sermos seus amigos na verdade, na liberdade e no amor. Portanto, numa constante renúncia da mentira, do apego e da indiferença. Estes três contra-valores destroem a amizade e nos induzem à inimizade.   

            O mundo padece pela falta de verdadeiras amizades entre as pessoas, que estão se deixando levar cada vez mais pelas inimizades. Preservemos e cultivemos, pois, autênticas amizades para que a vida se torne mais feliz e o mundo mais habitável.

Feliz Dia do amigo!

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