19/07/2012

As marcas deixadas pelo vazamento tóxico de Ajka, na Hungria



Vazamento-tóxico-Hungria
Dois mundos: como em um triste "antes e depois" do vazamento, a lama vermelha de detritos tóxicos deixou sua marca geométrica nas árvores do Oeste húngaro (Foto: Palíndromo Mészáros)
São tantas as catástrofes que ocorrem no mundo todo ano que – infelizmente – é normal ver a maioria cair no esquecimento.
Por outro lado, sempre existirão pessoas dispostas a refrescar a memória coletiva sobre os acontecimentos, por piores que sejam, e alertar os demais a respeito de suas consequências.
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Edifícios remanescentes do período de dominação comunista soviética não escaparam da maré química (Foto: Palíndromo Mészáros)
Palíndromo Mészáros, jovem fotógrafo espanhol que divide sua vida entre Madri e Budapeste, é uma destas pessoas. Sua contribuição, no caso, foi retratar a província de Veszprém, oeste da Hungria, seis meses após o desastre ecológico ocorrido em 4 de outubro de 2010.
Naquele dia, às 12:25 da manhã, um volume estimado em 700 mil metros cúbicos de lixo tóxico conhecido como “lama vermelha” (um bioproduto resultante da conversão de bauxita em alumínio) vazou de um reservatório da empresa de MAL Magyar Alumínium, na cidade de Ajka,  após o desabamento de uma parede.
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A torrente de detritos chegava a 2 metros de altura; o estado desta árvore comprova (Foto: Palíndromo Mészáros)
Uma verdadeira torrente de 2 metros de altura de detritos contaminantes se distribuiu pelas vilas vizinhas de Devecser e Kolontár e atingiu o rio Danúbio. Matou nove pessoas, feriu mais de uma centena e deixou prejuízos materiais incalculáveis nas áreas públicas, campos e em aproximadamente 400 moradias da região.
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Cerca de 400 moradias foram afetadas (Foto: Palíndromo Mészáros)
Visitando os povoados afetados pelo vazamento meio ano depois, quando já não ocupava nem sequer uma linha nos noticiários, Mészáros registrou as marcas físicas deixadas pela lama vermelha, priorizando os lugares, e não as pessoas. “Sempre quero saber o que sobra quando as notícias não são mais notícias”, diz.
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Poste tingido de vermelho tóxico: os jornalistas se vão, as marcas ficam (Foto: Palíndromo Mészáros)
O resultado do ensaio, batizado “The Line I: The Dive” (“A Linha 1: o Mergulho”), que ele publica em seu site oficial, é impressionante. Parece que as imagens foram tratadas em softwares digitais, de tão fortes e geometricamente perfeitas são as linhas vermelhas traçadas pelos resíduos. Mas são pura realidade.
Se a tragédia tende a ser esquecida, as fotos são uma forma gritante de lembrança.
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Tudo vermelho (Foto: Palíndromo Mészáros)

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