20/07/2012

Lei ambiental amplia a carreira de geógrafo


Área de atuação é maior para quem opta pelo bacharelado.
Legislação ambiental abriu novos nichos de mercado.

Vanessa FajardoDo G1, em São Paulo
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Marcos Roberto Pinheiro no mapeamento de solos do Parque Estadual de Intervales, em São Paulo (Foto: Arquivo pessoal)Marcos Roberto Pinheiro no mapeamento de solos
do Parque Estadual de Intervales, em São Paulo
(Foto: Arquivo pessoal)
A carreira do geógrafo é definida pelo tipo de graduação que o estudante opta. Se a escolha for pela licenciatura, o profissional formado está habilitado a lecionar no segundo ciclo do ensino fundamental e no ensino médio. Se a opção for pelo bacharelado, os campos de atuação se abrem e o geógrafo passa a ter competência para exercer atividades técnicas. Na maioria das instituições de ensino superior, é possível cursar a licenciatura e o bacharelado em cerca de cinco anos.
Quem opta pela área técnica precisa ter o registro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) para poder assinar relatórios e levantamentos. O profissional pode trabalhar em órgãos de planejamento urbano como secretarias estaduais e municipais, institutos ligados ao estudo dos solos, institutos agronômicos, geológicos, projetos ambientais, empresas de mapeamento, entre outros.
O mercado está aquecido em virtude das áreas ambientais e de cartografia, segundo o professor de geografia e ensino da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rafael Straforini. “Não vejo com frequência espaço para geógrafos em concursos públicos, mas uma boa opção é o profissional abrir empresa e oferecer consultoria”, afirma.
guia geógrafo (Foto: Arte g1)
Os que seguem carreira na docência também não têm dificuldade de conseguir emprego, de acordo com Straforini, já que existe um déficit de professores tanto na rede pública de ensino como na particular. “Embora o discurso seja de que se ganha pouco, a rede particular tem absorvido muitos profissionais e não faltam vagas.”

Visão multidisciplinar 
O geógrafo Marcos Roberto Pinheiro, de 32 anos, doutorando em geografia física pela Universidade de São Paulo (USP), diz que o bacharel em geografia tem uma visão mais ampla dos trabalhos, por isso, é comum coordenar ações que envolvem outros profissionais como agrônomos, engenheiros, biólogos e sociólogos.
"O geógrafo avalia os impactos de uma determinada ação na natureza e na sociedade. É o profissional que entraria mais em uma perspectiva de avaliação dos impactos que essas atividades poderiam trazer para a natureza. A visão multidisciplinar é a maior qualidade do geógrafo", diz Pinheiro.
Mercado
Uma das importantes áreas de atuação do geógrafo surgiu com a questão ecológica e a legislação que obriga, por exemplo, empresas a realizar estudos de impactos ambientais antes de iniciar obras. "Antes de existir uma legislação mais rígida, as empresas não faziam estudos porque não se sentiam obrigadas. Com o aperto do governo em relação à legislação, as empresas começaram a se preocupar mais até por conta das multas", afirma Pinheiro.
O campo de geoprocessamento que envolve a produção de mapas e imagens de satélites, também está forte, de acordo com o professor Straforini. “O mapa é utilizado para tudo na vida. Desde uma propaganda de condomínio até a logística de distribuição de um produto comprado pela internet”, diz. Segundo o professor, para essas ações são utilizadas diferentes tecnologias, e espera-se que um geógrafo esteja ligado, o que nem sempre ocorre.
Para atuar, principalmente na área ambiental, o geógrafo necessita de uma outra habilidade: saber trabalhar em equipe e transitar por diferentes áreas. "Hoje em dia não tem como trabalhar sozinho na área ambiental, ninguém sabe tudo. Por isso é importante saber se relacionar com diferentes pessoas", diz Pinheiro.
Quem pretende seguir carreira na geografia precisa também ter afinidade com os trabalhos em campo. A profissão exige vistorias e levantamentos em solos, vegetações, rochas e rios. Para adquirir o conhecimento prático, durante a graduação o estudante terá atividades como análise de solo, através de microscópios, além de análise de imagens de satélites, radares, mapas de áreas desmatadas e fotografias aéreas.
Pinheiro fez bacharelado em geografia, mestrado em geografia física e atualmente cursa o doutorado, todos na USP. O geógrafo faz estudos na área de erosão e geomorfologia e atua no laboratório de pedologia (estudo do solo) na USP. Segundo Pinheiro, geografia é uma área que exige especialização e a graduação não é mais suficiente para garantir uma boa colocação no mercado de trabalho. "Na pós é possível aprender mais sobre a área em que o profissional mais se identifica ou quer trabalhar."
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