28/07/2012

Márcia e o filho foram encontrados mortos em casa, na Zona Sul de Porto Alegre


Pai da enfermeira morta com o filho garante que filha não traiu marido.
João Calixto disse que pediu para o genro fazer tratamento psicológico.

Do G1 RS
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A enfermeira Márcia Calixto Carnetti, de 39 anos, encontrada morta junto com o filho de 5 em casa, na Zona Sul de Porto Alegre, havia relatado ao pai que sofria ameaças do marido, um bioquímico de 46 anos apontado pela polícia como o principal suspeito do assassinato. João de Carvalho Calixto, de 70 anos, garantiu que a filha não cometeu a suposta traição conjugal que teria motivado o crime. Os corpos foram sepultados no final da manhã.
“Ela falou para mim que o marido a estava ameaçando. Ele a seguia, por diversas vezes na sua vida privada e profissional, desconfiado e ciumento. Ela me disse ‘pai, não estou fazendo nada com relação a traição’. Tínhamos uma relação aberta”, declarou Calixto.
Mãe e filho foram encontrados mortos em casa (Foto: Arquivo Pessoal)Márcia e o filho foram encontrados mortos em casa
(Foto: Arquivo Pessoal)
O pai e avô das vítimas diz que se preocupava com as atitudes do genro. Calixto chegou a pedir que ele procurasse acompanhamento psicológico. “Eu pedi para ele fazer tratamento, mas não partiu nada dele. Ele gravava coisas pelo computador. Minha filha não o traiu. Ela me dizia ‘se eu tivesse de trair, o trairia’”, declarou.
Segundo Calixto, as ameaças não assustaram a filha, que permaneceu casada para preservar a família. “Ela não demonstrou medo. Apesar de conviver com ele por 16 anos, ela estava muito ingênua em relação a esta violência. No fundo, queria manter a família. Mas ele ameaçou e consumou”, afirmou.
Questionado sobre o sentimento da perda de um ente querido, Calixto chora ao lembrar o neto de 5 anos. “Perder o neto é como perder um pedaço da gente. Isso não se faz”, diz.
Mais de 100 pessoas compareceram ao velório de Márcia e do filho (Foto: Caetanno Freitas/G1)Mais de 100 pessoas compareceram ao velório de Márcia e do filho (Foto: Caetanno Freitas/G1)
Colegas também relatam ameaça
Após o enterro, o G1 conversou com colegas de trabalho de Márcia, que preferiram não se identificar. Elas relataram que a vítima sofria ameaças do marido, e marcaram uma caminhada contra a violência à mulher para as 12h da próxima quarta-feira (1°). Márcia trabalhava como enfermeira da Vigilância em Saúde, da Prefeitura de Porto Alegre.
O crime
Crime mãe e filho Tristeza Porto Alegre (Foto: Halex Vieira/RBS TV)Residência onde o crime foi cometido em Porto
Alegre (Foto: Halex Vieira/RBS TV)
Márcia e o filho de 5 anos foram encontrados mortos nesta quinta-feira (26) em um condomínio no Bairro Tristeza, na Zona Sul de Porto Alegre. Segundo a polícia, as vítimas estavam em quartos separados com marcas causadas por perfurações. Três facas sujas de sangue foram encontradas na residência, além de bilhetes escritos à mão.
Segundo o delegado Cléber Lima, o marido instalou um software no computador da mulher, através do qual ele teve acesso a e-mails que comprovariam a traição. As mensagens eletrônicas impressas foram encontradas com os bilhetes. Em um deles, feito à mão, estava escrito que uma traição motivaria uma tragédia. "Ela sabia que se colocasse guampa, acabaria em uma tragédia", dizia o texto, em expressão usada popularmente no Rio Grande do Sul para definir traição, de acordo com o delegado.
Outro bilhete afirmava que se suicidaria, jogando-se de uma ponte. O delegado aponta que o fato aumenta as suspeitas de que o ex-marido seja o criminoso. O homem se atirou de uma ponte na BR-290 na noite de quarta-feira (25), mas foi resgatado e hospitalizado. A polícia aguarda a liberação dos médicos para tomar depoimento do bioquímico.

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