21/08/2012

A escritora que desejou ser seguida

Perfil do Twitter da editora Intrínseca publica conto elogiado da norte-americana Jennifer Egan
Como tudo que concerne a comunicação, o Twitter tornou-se o objeto de discussão no cindido mundo da literatura. Num texto publicado em maio de 2011, o escritor catalão Enrique Vila-Matas o tomava por índice de um trágico acontecimento. "Sobre o futuro da linguagem (...), tudo indica que esta começou a perder parte de sua energia e, por consequência, o gênero humano está tornando-se menos humano". Vila-Matas não tem conta no microblog, mas muitos de seus companheiros de pena mantém perfis ativos. No Brasil, o poeta Fabrício Carpinejar chegou mesmo a publicar um livro com um apanhado de sua produção, feita para caber nos limites de 140 caracteres, "twitter.com/carpinejar". Outros não chegam a tanto e usam o espaço como um canal de comunicação, inclusive com possíveis leitores. O que acontece é que o exercício de gente como Carpinejar é visto como baboseira, próxima das centenas de citações de autoajuda que inundam as redes sociais. Autoajuda, por vezes involuntária, como no caso do escritor Caio Fernando Abreu, que teve sua provocativa obra domesticada e resumida a frases de efeito.

Jennifer Egan: escritora usou o Twitter como meio de publicação. Ao invés de microtextos, fez uma narrativa longa dividida em parágrafos curtos e precisos

O novo capítulo nesta (micro)novela é um trabalho recente da escritora norte-americana Jennifer Egan. Autora de romances elogiados, como "A Visita Cruel do Tempo", Egan publicou, na New Yorker, uma novela policial (com toques de ficção científica), seguindo o padrão dos 140 toques do Twitter.

"Black Box" chamou a atenção da crítica e de outros escritores. É apontado como o primeiro clássico literário do Twitter. Pode ser exagero, mas o certo é que a escritora acertou na mosca. Ao invés de frases de efeito, optou por entrar na rede por meio de um gênero literário fácil de caber no espaço disponível: a literatura policial de prosa direta e precisa.

A história foi publicada em maio no Twitter da revista New Yorker (@NYerFiction) e, na sequência, numa edição especial da versão impressa, dedicada à ficção-científica. No Brasil, a tradução começou a ser publicada na noite de ontem, pela editora Intrínseca (@intrinseca). Dia 31, sai na íntegra, em formato de e-book.

Mais informações:

Leia, a partir de hoje, "Caixa-Preta", no Twitter da editora Intrínseca (twitter.com/intrinseca). A versão original pode ser lida em http://www.newyorker.com/

DELLANO RIOS
EDITOR 

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