01/08/2012

Eliminados por perderem suas partidas intencionalmente


‘Desonischenko’, o desonesto

Deu-se, nesta quarta-feira, o primeiro vergonhoso escândalo da Olimpíada de Londres. Quatro duplas femininas (nas fotos acima) do badminton – esporte bizarro do ponto de vista de um brasileiro, mas popularíssimo em alguns países do Oriente – foram eliminadas do torneio olímpico por perderem suas partidas intencionalmente, de modo a escapar de adversárias mais fortes nas etapas seguintes. O diretor de comunicação do Comitê Olímpico Internacional, Mark Adams, explicou a punição: “Há uma cláusula na carta olímpica segundo a qual todo esportista tem de fazer seus melhores esforços”. A torcida presente à arena de Wembley, onde está sendo disputado o badminton, vaiava as disputas ao perceber a embromação, evidente pela lentidão das petequeiras ao evitar a bolinha. Sebastian Coe, presidente do comitê organizador, evitou atalhos. “Foi deprimente, quem quer ver uma coisa dessas?”.
Ninguém, e a farsa do badminton remete, inevitavelmente, aos momentos de contrafação olímpica. Nenhum se compara ao que fez o major do exército soviético Boris Onischenko na Olimpíada de 1972, em Munique. Boris era tricampeão mundial do pentatlo moderno, modalidade que envolve hipismo, esgrima, natação, tiro esportivo e corrida. Aos 38 anos, ele despedia-se do esporte. Depois da competição com cavalos, os soviéticos apareciam em quarto lugar. Imaginavam conseguir a liderança ao pegar nas espadas.
Descobriram na espada de Boris um mecanismo eletrônico que registrava o toque a seu favor
Munique-1972: descobriram na espada de Boris um mecanismo eletrônico que registrava o toque a seu favor
Boris entrou na pista de combate para enfrentar o inglês Jeremy Fox, também um veterano, mas ainda ágil. Boris avançava e Jim recuava com rapidez, sucessivas vezes – e sucessivas vezes o sinal de pontuação tocava. Havia algo muito estranho. Os britânicos protestataram. O Júri de Apelação foi acionado. Não demorou muito para que descobrissem, na espada de Boris, um complexo mecanismo eletrônico que, acionado, registrava toque a seu favor. O soviético foi expulso dos Jogos e do esporte. Seu país, eliminado do pentatlo moderno. Mas ficou uma dúvida: desde quando ele se servia de malandragem? Em 1972 ele conseguira a medalha de prata individual. Ao retornar de Montreal para Moscou, “Desonischenko”, o desonesto, como ficou conhecido, foi recebido pessoalmente por Leonid Brejnev para uma bronca pública. Foi multado e perdeu as insígnias do exército. Abandonou o esporte para trabalhar como motorista de taxi em Kiev, na Ucrânia.

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