Padre Geovane Saraiva*
A ressurreição é a grande verdade que deve mexer com a nossa vida,
assim como sucedeu com as comunidades no início do cristianismo. É uma mística a
invadir toda nossa existência, ao mesmo tempo em que se renova a nossa
esperança, trazendo-nos um novo sentido, certos de que, pela a graça do
ressuscitado, experimentamos a certeza da plenitude em Deus, dom maior da vida
humana. O Evangelho dos discípulos de Emaús tem a sua parte central, na
explicação das Escrituras e no anúncio da ressurreição, pelo próprio Jesus
ressuscitado, tornando-se nosso irmão, amigo e companheiro de caminhada, revelando
sua morte e o triunfo da ressurreição.
Ele, ao ficar conosco, é aquele que comunica e partilha a vida. É
aquele que constantemente está ao nosso lado, nas alegrias, nas tristezas e nos
desafios da vida, amando cada pessoa amor terno e eterno, sendo para nós o
centro de sua obra criadora e redentora. Jesus desceu do céu e veio morar entre
nós, desejando revelar a vontade do Pai, ao estabelecer-se no meio da
humanidade. Ele não quer só conversar conosco, mas demonstrar toda força do seu
amor infinito para conosco, oferecendo-nos sua amizade e dando-nos sua vida
pela nossa realização plena, a nossa salvação.
A exemplo dos discípulos de Emaús, muitas vezes ficamos desiludidos,
pensativos, tristes e desanimados, como se a vida não tivesse mais sentido. Mas
Cristo, um anônimo e estranho viajante tornou-se companheiro de caminhada. A
presença de Jesus causou no coração deles algo diferente. Foi uma coisa tão
forte, que lhes provocou uma mudança radical de vida.
Eles sentiram a necessidade de retornar para junto dos outros e
contar a maravilhosa novidade: O Senhor está vivo! Nós o vimos! Ele nos falou
das Escrituras e comeu o pão conosco. Nosso coração ardia pelo caminho (cf. Lc
24,13-35). O coração deles ardia, consumia-se em chamas e inflamava-se de amor,
porque ele é eterno e nele está o sentido da vida, ocasionando-nos profundas motivações.
Jesus Ressuscitado, que os discípulos reconhecem ao partir o pão, quer ficar
conosco, quer abr ir nossos olhos e
ficar no nosso meio, caminhado com o seu povo, com sua querida gente.
Emaús hoje é a nossa comunidade, é o nosso dia-a-dia. Muitas vezes
não reconhecemos Jesus nos caminhos da nossa vida e não acreditamos que ele
está ao nosso lado. Também não acreditamos que ele ressuscitou de verdade. Mas
ao mesmo tempo temos um profundo desejo de que ele venha ao nosso encontro, animar
os desanimados. Quando será que o nosso coração irá arder em profundidade com a
sua presença?
Falar com o Senhor ressuscitado, ouvir falar do Senhor ressuscitado
é bom danais! Ele quer ser consolo para nossas vidas, força nas nossas
dificuldades, luz a iluminar nossos caminhos. E, sobr etudo,
abr ir nossos olhos e fazer arder
nossos corações.
Jesus é aquele que caminha com a humanidade, revelando o sentido de
sua morte e da vitória da vida, isto é, a ressurreição. Foi enviado ao mundo
para que o homem possa salvar-se. A criatura humana precisa sempre mais e cada
vez mais compreender que o ressuscitado quer sempre está ao nosso lado, a
partir das situações da vida, as mais exigentes e difíceis.
Que a experiência da Páscoa arde de verdade os nossos corações ao
reconhecermos, pela nossa fé, os seus dons e favores. Na verdade o Senhor
ressuscitou! Que saibamos sempre repetir, a exemplo dos discípulos, no caminho
de Emaús: fica conosco, Senhor!
* Pe. Geovane
Saraiva, padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de
Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza.
Pároco
de Santo Afonso
Autor
dos livros:
“O
peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder
Câmara).
“A Ternura
de um Pastor”, 2ª edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider)
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e
compromisso)
“Dom Helder:
Sonhos e Utopias” (o pastor dos empobrecidos)
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