Sílvio Guedes Crespo
O jornal francês Le Monde traz na primeira página da edição desta sexta-feira, 17, um editorial sobre o projeto da hidrelétrica de Belo Monte, cujas obras foram interrompidas por decisão judicial proferida no dia 14.
Na opinião do diário, Belo Monte é uma “barragem gigante da discórdia”, uma “metáfora impressionante das contradições do nosso tempo.
“De um lado, o dinamismo da sexta maior economia do mundo, suas necessidades energéticas gigantescas, seu desejo de desenvolver suas regiões mais pobres e oferecer empregos a dezenas de milhares de brasileiros. De outro, a proteção das tribos indígenas, ameaçadas de serem expulsas das terras onde vivem há tempos imemoriais, e a proteção da bacia amazônica, que não é apenas o pulmão da América do Sul, mas um dos pulmões do mundo.”
O jornal acha que o que o consócio Norte Energia, que constrói a hidrelétrica, ofereceu aos índios – fornecimento de veículos e construção de escolas e postos de saúde – é pouco. “Mas já se sabe, infelizmente, como terminam frequentemente a fábula do pote de ferro contra o de barro”.
Dentro do diário, uma reportagem diz que a decisão judicial para que a obra fosse interrompida “não é a primeira nem será a última” na história de Belo Monte, mas “é um marco histórico na saga judiciária da barragem”.
A decisão argumenta que, diferentemente do que foi aprovado no Congresso, a lei exige um estudo do impacto ambiental antes do lançamento do projeto, e não depois.
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