26/09/2012

Compreensão de existência do Homem na Cátedra Dom Hélder Câmara


Discussões sobre a compreensão de existência do Homem marcam 2º dia da IV Semana de Direitos Humanos da Unicap

Fotos: Marina Maranhão
Promovida pela Cátedra Dom Hélder Câmara/UNESCO da Universidade Católica de Pernambuco e pelo Diretório Acadêmico Fernando Santa Cruz do Curso de Direito da Unicap, e com apoio do Consulado dos Estados Unidos no Recife (CAPES), a IV Semana de Direitos Humanos da Católica, cujo tema central gira em torno da “(IN) Segurança, Medo e Direitos Humanos – Reflexão e Alternativas”, teve o seu segundo dia de debates, realizado na manhã e tarde desta terça-feira (18), no auditório G1 da Universidade.
Em pauta, duas mesas de debates realizados pela manhã e pela tarde. A primeira, promovida no turno da manhã, disse respeito ao “Corpo, (In)Segurança e Medo”, tendo como debatedores o Prof.Dr.Alexandro Silva de Jesus, docente do curso de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a profa.Dra.Luciana Leila Fontes Vieira, do programa de Pós-Graduação da UFPE, em Sexualidade e Gênero, a profa.Dra. Cristina Amazonas, do programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Unicap, que ficou responsável pela coordenação da mesa, e a Prof.Dra.  Karina Vasconcelos, docente do curso de Direito da Unicap.
Já a segunda, que aconteceu à tarde, foi discutido sobre “Ambiente, (In)Segurança e Medo”, cujo os participantes foram a professora Circe da Costa Monteiro, docente da UFPE, João Gilberto de Farias Silva, também professor da federal e a professora Cynthia Suassuna, docente da Unicap.
Coube a professora Karina Vasconcelos, fazer a abertura das discussões da primeira mesa de debates, realizada na parte da manhã, onde a mesma saudou a todos os presentes, apresentou os convidados e ressaltou a importância da realização da 4ª edição do evento, tendo a Universidade como sede, relembrando o discurso do Reitor da Instituição, que afirmou que a Católica sempre estaria de portas abertas para qualquer tipo de temática de interesse público.
“Temos a oportunidade nessa Semana de Direitos Humanos, de trazer para os alunos, temas que em geral, no corre-corre de sala de aula, acabamos não estudando e que eventos como esses são importantes, justamente para acrescente algo a mais para o profissional de Direito”, comenta Karina Vasconcelos, professora do curso de Direito da Unicap.
A professora Cristina Amazonas, coordenadora da mesa sobre o “Corpo, a (In) Segurança e o Medo”, trouxe discussões a respeito da compreensão sobre o fator “Vida”.
Baseou todo o seu discurso, nas teorias sobre a questão de reconhecimento da existência dos seres de vários grupos sociais, em especial, mulheres, negros e índios, a partir de estudos realizados pela filósofa americana Judith Butler. Explicou também, a diferença entra os termos Reconhecibilidade e Reconhecimento.
O primeiro são condições do ato de reconhecer algo ou alguém como ser existente para a sociedade, que está agregada a ela. E o segundo, diz respeito à identificação de quem é quem/ o que é o quê? A professora ainda falou sobre direitos humanos a grupos excludentes socialmente, em especial, os homossexuais.
O Historiador Alexandro Silva de Jesus traçou como linha de raciocínio para seu discurso, dois traçados. Um que denominou como Traçado Luminoso do Direito e o outro, como sendo o Traçado Fosco da Experiência do Afro-descendente Brasileiro. O professor se baseou nos estudos do filósofo Frantz Fanon sobre a figura do homem perante a sociedade.
Segundo Alexandro, Fanon, dizia que para haver uma melhor compreensão de quem é o homem, deveria se ter a construção de um novo processo de descolonização, ou seja, haver uma substituição de uma espécie de homem, por outra espécie, onde o homem cordial, híbrido, segundo o pensador francês, é uma novidade colonial, cujo novo ser, seria aquele que se desvinculasse daquele que já é estabelecido pela realidade colonial.
A professora Luciana Leila Fontes Vieira, baseou o seu discurso nos estudos dos filósofos Michel Foucaut e Judith Butler, com base na problemática da homossexualidade.
Luciana intitulou a sua exposição como “Corpos adjetos por um dia, em que seremos humanos”. Para o seu discurso, utilizou-se de 3 pilares – A Construção da problemática com a aceitação dos seres homossexuais; a Problematização da homossexualidade e a Articulação entre homossexualidade e violência.
Durante sua participação, também citou o livro de Michel Foucaut – “1º Volume da História da Homossexualidade”, do qual analisou o pensamento do autor, que fala da homossexualidade, como sendo algo inventado. A psicóloga, também citou outra obra, em seu discurso. Desta vez, do psicanalista e escritor pernambucano Jurandir Freire, cujo título é ‘A face Versa’, onde basicamente a professora diz que “a orientação sexual do ser humano, não implica em qual será a sua formação como cidadão”.
A manhã de troca de ideias na IV Semana de Direitos Humanos da Unicap terminou com a participação mais uma vez da professora Karina Vasconcelos, que agradeceu a presença de todos os debatedores e participantes do evento e fez algumas reflexões sobre as propostas de estudos trazidas pelos professores em debate. Karina, também fez alguns questionamentos sobre a real compreensão do que são Direitos Humanos. Para a docente, “a violência é algo distinto do que chamamos de agressividade. Agressividade, é algo tratado como instintivo de todo ser, já se nasce com ela, já a violência, seria algo danoso que se adquire dentro de uma sociedade”.
Apresentando os autores analisados
Frantz Fanon - Foto:Site O Recôncavo/Dados Biográficos:Wikipédia
Frantz Fanon (1925-1961) – Foi um psiquiatra revolucionário, filósofo e escritor francês cuja obra é muito influente nas áreas de estudos pós-coloniais, a teoria crítica e marxismo.
Fanon é conhecido como um pensador existencial humanista radical  sobre a questão da descolonização e psicopatologia da colonização.
Fanon apoiou a luta pela independência da Argélia e era um membro da Frente de Libertação Nacional argelina. Sua vida e obra, particularmente Os condenados daTerra (Les maldita de la terre) têm incentivado e inspirou movimentos de libertação anti-colonial por mais de quatro décadas.

Michel Foucault - Foto:Site Listal/Dados Biográficos:Wikipédia
Michel Foucault  (1926-1984) – Foi um importante filósofo e professor da cátedra de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France desde 1970 a 1984. Todo o seu trabalho foi desenvolvido em uma arqueologia do saber filosófico, da experiência literária e da análise do discurso. Seu trabalho também se concentrou sobre a relação entre poder e governamentalidade, e das práticas de subjetivação.



Judith Butler - Foto: Site La Pala/Dados Biográficos:Wikipédia
Judith Butler (1956 -) é uma filósofa pós-estruturalista estadunidense, que contribuiu para os campos do feminismo, Teoria Queer, filosofia política e ética. Ela é professora da cátedra Maxine Elliot no Departamento de Retórica e Literatura Comparada da University of California em Berkeley.
Butler obteve seu Ph. D. em filosofia da Yale University em 1984, e sua dissertação foi subseqüentemente publicada como Subjects of Desire: Hegelian Reflections in Twentieth-Century France. Em fins da década de 1980, entre diversas designações de ensino e pesquisa (tais como no Centro de Humanidades na Johns Hopkins University), ela envolveu-se nos esforços “pós-estruturalistas” da teoria feminista ocidental em questionar os “termos pressuposicionais” do feminismo. Seus trabalhos mais recentes focam afilosofia judaica, centrando-se em particular nas “críticas pré-sionistas da violência estatal.”
Jurandir Freire Costa - Foto: UOL/Dados Biográficos:UOL
Jurandir Freire Costa (1944) - Nascido num pequeno vilarejo de Pernambuco em 1944, Jurandir Freire Costa foi morar na cidade de Recife-PE onde formou-se em Medicina. Logo depois viajou para Paris, iniciando sua formação psicanalítica, no internato em Psiquiatria e um trabalho em Etnopsiquiatria na École Pratique des Hautes Études.
Voltou ao Brasil e fixou residência no Rio de Janeiro, cidade na qual terminou sua formação psicanalítica. É membro do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no Instituto de Medicina Social (IMS), onde desenvolve suas pesquisas e orienta dissertações de mestrado e teses de doutorado.
Ele não se considera um Dom-Quixote numa sociedade programada para outro tipo de sucesso (“Não somos filhos de economistas e sim do sonho alucinado de Rousseau e Diderot”).
É um dos maiores pensadores que o Brasil tem atualmente. Tal percurso de vida faz com que Jurandir observe o mundo com certo relaxamento, o que explica sua simpatia à relativização e à não-universalização dos valores. É esse caminho pessoal que marca seu intenso envolvimento (“meio militante e intempestivo”, diz ele) e a impossibilidade de adotar o “tom exato da discussão acadêmica” quando discute suas idéias.
Preocupado em entender as circunstâncias do exercício da psicanálise no Brasil, Jurandir dirige sua atenção principalmente para a pesquisa sobre a violência contra as minorias de qualquer ordem.
Mas também já voltou sua atenção para as psicoterapia de grupos, as instituições psiquiátricas, as questões éticas contemporâneas, a redescrição de pressupostos psicanalíticos através do viés da filosofia pragmática, já analisou a identidade homoerótica e as teorias psicanalíticas que tentam dar conta dela, pôs em cheque o ideário do amor romântico contemporâneo, e mais recentemente criticou o conceito de pulsão na psicanálise e fez duras críticas à sociedade de consumo, à sociedade do espetáculo e ao modelo das celebridades, entre tantos outros assuntos de seu interesse.
Ele ainda tem participado ativamente da vida social do país através do seu referencial teórico – a psicanálise – e considera que esta pode também contribuir para aquilo que ele chama de “mal-estar social” que vivemos.
Tem trabalhado com a filosofia pragmática, através das contribuições de Richard Rorty, Donald Davidson entre outros. Mas é em Hannah Arendt que se encontra sua autora preferida. Atualmente, além das contribuições de Freud e Lacan, tem trabalhado com a perspectiva de Winnicott na psicanálise além da filosofia fenomenológica.
Atualmente ele estuda a “transcendência como forma de subjetivação”, curso que vem dando semestralmente no Instituto de Medicina Social da UERJ, provavelmente para posterior publicação de mais um livro.  Sua preocupação é a clínica do laço transferencial diante das mudanças do estatuto simbólico e imaginário do Outro, e está tentando delimitar sua pesquisa com o auxílio de trabalhos filosóficos, históricos, sociológicos e teológicos sobre o papel da transcendência religiosa nas sociedades ocidentais.

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