28/09/2012

Valor da inscrição na JMJ indigna jovens


A austeridade que o nosso país atravessa parece ter passado ao lado dos organizadores da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai realizar-se no próximo ano, no Rio de Janeiro, no Brasil. O preço das inscrições foi fixado de acordo com a capacidade econômica dos países e Portugal ficou no grupo das nações mais ricas. A decisão deixou perplexos muitos jovens portugueses, que dizem não entender os critérios adotados pela organização. 

«Como é que um país como a Grécia é classificado como sendo do grupo C e Portugal, que está quase tão mal, fica classificado no grupo A juntamente com países como os Estados Unidos e a Alemanha?», questiona Joana Carvalho, 18 anos, estudante de ciências farmacêuticas que no ano passado participou na JMJ, em Madrid. «Tendo em conta a crise financeira que o nosso país atravessa, não sei se será muito justo colocá-lo no mesmo grupo da Alemanha», refere Célia Gonçalves, 21 anos, estudante de radioterapia que em 2011 esteve também na capital espanhola.

Eduardo Novo, padre e diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), afirma não reunir «dados suficientes» para poder comentar os elementos utilizados na 
classificação dos países. No entanto, adianta que o DNPJ contatou a organização com o intuito de ajustar os preços da inscrição. «Nós marcamos uma reunião e estamos neste momento em diálogo aberto com eles para fazer uma exceção a Portugal em virtude, de fato, destas dificuldades», disse. A FÁTIMA MISSIONÁRIA pediu esclarecimentos aos responsáveis pela JMJ, mas não obteve qualquer resposta. 

Até agora, o DNPJ tinha uma proposta que rondava os 1400 euros só para o valor da viagem. «Este número não nos agrada e queremos baixar», referiu o sacerdote. «O nosso desejo e a nossa vontade, e quero expressar isso claramente, é que faremos o melhor para que a relação preço-qualidade da viagem seja a melhor», salientou. Eduardo Novo reconhece que «o preço influi imenso» e pode ser «um entrave à participação de jovens». 

Com a Jornada Mundial da Juventude de 2013 a decorrer no outro lado do Atlântico, o diretor do DNPJ acredita que vai existir uma «redução abismal» no número de jovens portugueses. Numa altura em que o país vive um período de crise, o sacerdote assegura estar consciente das preocupações dos jovens. «O departamento não é alheio a esta realidade» e está consciente da «grande dificuldade dos jovens terem emprego». 

No entanto, realça o fato da iniciativa contemplar também uma «preocupação social». «Um dos objetivos com o valor das inscrições é que se construa um espaço para recuperação e tratamento de toxico dependentes e alcoólicos», refere Eduardo Novo, acrescentando, que desta forma, «a fé não se fecha nas quatro paredes, mas que se abre para aquilo que é esta sensibilidade cultural e social junto de toda a humanidade».

Fátima Missionária

Nenhum comentário :

Postar um comentário