Quando criança, Fabiana Camilo era magra e ganhava concursos de beleza. Na maior idade, depois de engordar mais de 30 quilos, a santista ganhou as passarelas novamente e, em dois anos, se tornou uma das modelos mais conhecidas nacionalmente do mercado plus size.
Fabiana é a única mulher da Baixada Santista que trabalha neste setor. Aos 31 anos, a santista de nascimento mora em Praia Grande e sobe a serra quase todos os dias para trabalhar como modelo de tamanhos grandes em São Paulo.
A jovem conta que a carreira de modelo começou ainda na adolescência, quando ganhou concursos de beleza, fez fotos e desfiles de moda de manequim normal. Aos 18 anos, decidiu fazer faculdade de jornalismo e abandonou as passarelas. “Meu tempo era muito corrido. Eu tive que optar por fazer o que eu achava que era melhor. Escolhi ser jornalista, fui estudar e abandonei a carreira de modelo. Engordei trinta quilos depois disso. Engordei porque descuidei, me permiti comer de tudo e parei de dançar. Foi uma consequência”, diz a modela.
Em 2010, um amigo presenteou Fabiana com um vale book para que ela fosse fotografada como uma modelo plus size. Fabiana, que até então não conhecia esse novo tipo de modelo, foi para São Paulo fazer as fotos. “Quando eles me entregaram o book, eles já me entregaram com meu primeiro trabalho, um editorial de moda para uma revista”, conta Fabiana.
Ela diz que jamais pensou que iria trabalhar como modelo plus size porque não sabia que tinha o perfil para aquele público. Depois do primeiro trabalho, ela não saiu mais da frente dos flashes. “Eu fui estudar. O mercado plus é totalmente diferente, as poses são diferentes, a iluminação é diferente, o tipo de foto é diferente. É muito recriminado o uso de photoshop porque a mulher gorda sabe os tipos de imperfeições que uma mulher gorda tem e ela quer ver a imperfeição. Ela quer se ver representada”, diz ela.
Há cerca de dois anos, ela se tornou uma das modelos mais requisitadas neste mercado. Fabiana já foi considerada a 3º modelo Plus Size mais votada em um concurso que elegeu as 100 mulheres mais sexys de uma revista de circulação nacional em 2011, já participou de desfiles no interior do Estado de São Paulo e na capital como edições do Fashion Weekend Plus Size. Ela considera que os comerciais e os editoriais de moda fizeram com que ela ficasse conhecida em todo o país. “Sou usada dentro do mercado plus como a difusora de lingerie modeladora, que eles fazem para modelar corpo de mulher gordinha”, diz.
Para divulgar o seu trabalho, ela criou um blog que acabou se transformando em um canal para ajudar as mulheres com sobrepeso a se vestirem melhor. A coluna mais famosa de seu blog é a “Eu Fui Assim”, que mostra pra onde ela foi com determinada roupa. “Essas meninas têm muita dificuldade de se vestir. Elas só se vestiam de legging e camisetão. Eu mostro pra elas as formas de se vestir usando o que tem no mercado, onde vende, como vende, se é boa qualidade, se encolhe, se mancha, tudo. Elas precisam disso”, diz. A modelo também traz as novidades do mundo da moda, como por exemplo, as tendências para a próxima estação, dicas de acessórios e cores.
Agora, ela quer formar jovens modelos plus size que, assim como ela, são da Baixada Santista. Ela explica que, como não existe agência de modelos especializada nessas modelos em nenhum lugar do país, há pouca oportunidade para novas revelações plus size na passarela. Outro problema é a falta de valorização das modelos. “Ao invés de valorizarem o cachê das modelos, elas querem diminuir. Eles preferem pegar uma menina que não é profissional, que é desconhecida para fotografar. Se eles colocam uma pessoa que não tem credibilidade no mercado, não adianta fazer foto porque não vende. As meninas que consomem marcas plus conhecem todas as modelos tops. Elas consomem as roupas que as modelos tops usam, aquilo é o modelo de beleza para elas”, explica Fabiana.
Para Fabiana, as iniciantes devem se preparar como uma modelo normal. Ela deve aprender a desfilar, fotografar e também deve fazer book para divulgar seu talento. “É uma modelo normal. A diferença é que nosso tamanho de manequim é maior”, diz. Além disso, ela diz que é preciso ter alguns cuidados como uma boa alimentação para manter o corpo, evitar açúcar, gordura e fritura e também ter não ter marca de biquíni, o que é um sacrifício para Fabiana, que como uma santista nata, adora uma praia.
Para dar mais oportunidade a essas meninas, Fabiana está organizando a abertura de um estúdio que eleve a auto estima das mulheres, dando abertura de mercado para as meninas, ensinando a desfilar e a fotografar. “Eu quero preparar as meninas daqui para atender as lojas daqui, para não ter que trazer modelos de São Paulo. Eu sou daqui e eu quero fazer pela minha região o que eu consegui conquistar. Quero que as lojas daqui comecem a valorizar o mercado plus size. Eu espero que eu consiga colocar outras meninas no mercado”, finaliza.
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Após conquista, Fabiana quer ajudar a formar novas modelos plus size (Foto: Mariane Rossi/G1)G1
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