Jovem de 25 anos relata problemas na unidade onde trabalha, em Goiânia.
'Meus pacientes estão achando o máximo', comemora Luisa Portugal.
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Uma médica do programa de Saúde da Família (PSF), em Goiânia, criou no Facebook uma página para relatar o dia a dia na unidade onde trabalha, no Setor Vera Cruz II, região oeste da capital. Com publicações de textos, fotos e vídeos no "Diário de um Posto de Saúde", Luisa Portugal, 25 anos, já conseguiu melhorias, como a retirada do lixão no terreno ao lado da unidade e a manutenção em aparelhos de ar-condicionado.
A página, criada no dia 1º de outubro deste ano, é inspirada no "Diário de Classe", feito pela adolescente catarinense Isadora Faber, 13 anos. Em entrevista ao G1, a médica Luisa Portugal diz que, inicialmente, pensou em criar um blog para falar das dificuldades e da falta de pessoal e material. "Mas quando vi o resultado da página da Isadora, quis fazer algo parecido", relata.
Para a médica, o mais gratificante, até o momento, tem sido o envolvimento da sociedade. "Os meus pacientes estão achando o máximo. Eles acessam e comentam, apesar de ser uma população carente", comemora.
Ela conta que um jardineiro da comunidade, sensibilizado com um de seus desabafos na web, foi até o posto se oferecer para um trabalho voluntário na área externa do local. "A direção do posto ficou de ver a parte burocrática para receber esse tipo de ajuda", informou.
Interatividade
Até a manhã desta quinta-feira (8), mais de 3.700 pessoas haviam curtido a página no Facebook. Nela, pacientes e profissionais de saúde de várias partes do país se identificam com os problemas apresentados e compartilham opiniões. Um exemplo é um post sobre a falta de lençóis na unidade. A médica publicou uma foto da maca forrada com papelão. Semanas depois, o diário virtual mostrava as peças de tecido enviadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Até a manhã desta quinta-feira (8), mais de 3.700 pessoas haviam curtido a página no Facebook. Nela, pacientes e profissionais de saúde de várias partes do país se identificam com os problemas apresentados e compartilham opiniões. Um exemplo é um post sobre a falta de lençóis na unidade. A médica publicou uma foto da maca forrada com papelão. Semanas depois, o diário virtual mostrava as peças de tecido enviadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
A notícia dos lençóis recebeu diversos comentários. Alguns com felicitações, outros com críticas. Uma funcionária de outro PSF reclamou: "Infelizmente, é só para sua unidade". Médicos apontaram ainda que o ideal é o uso de forros descartáveis.
O assunto da semana é a implantação do prontuário eletrônico, que tem gerado muito debate nos comentários. "Muitos médicos têm medo de usar o sistema, não o consideram tão confiável. Meu objetivo é contribuir para melhorar o sistema de informática", explica Luisa.
Janela indiscretaMas nem tudo que vira assunto no diário recebe atenção de imediato. É o caso da falta de cortinas para as janelas dos consultórios. Na sala onde Luisa atende tem duas amplas janelas que, apesar de garantir a boa luminosidade, permite que quem passe pelo lado de fora veja o que ocorre lá dentro. A médica, que muitas vezes precisa fazer exames nas mamas e no órgão genital das pacientes, conta que a falta de cortinas ou de outra forma de vedação, às vezes, prejudica o atendimento.
Luisa faz o que pode para garantir a privacidade dos pacientes. "Se alguém chega sem acompanhante, eu chamo uma enfermeira pra ficar vigiando", relata.
Mas o espaço no Facebook não é só para reclamação. Na página, ela compartilha todas as conquistas do posto. Entre elas, está a chegada de protetores solares para os agentes de saúde da família, uma reivindicação antiga dos trabalhadores que enfrentam o sol para percorrer as casas da comunidade.
Perfil
Luisa mora com os pais em Goiânia. Ela se formou em medicina em Brasília, há um ano e seis meses, e, em seguida, voltou para Goiás. Atualmente, faz especialização em dermatologia, mas garante que o foco não é a questão estética. "Eu me interesso muito por hanseníase", explica.
A jovem teve o o primeiro contato com o PSF ainda em Brasília, durante um estágio do curso de medicina e diz que, mesmo após a conclusão da especialização, pretende continuar atuando nessa área. "Nem pensava em entrar em posto de saúde. Aí eu comecei a trabalhar em um e me apaixonei!", diz, sorridente.
Perfil
Luisa mora com os pais em Goiânia. Ela se formou em medicina em Brasília, há um ano e seis meses, e, em seguida, voltou para Goiás. Atualmente, faz especialização em dermatologia, mas garante que o foco não é a questão estética. "Eu me interesso muito por hanseníase", explica.
A jovem teve o o primeiro contato com o PSF ainda em Brasília, durante um estágio do curso de medicina e diz que, mesmo após a conclusão da especialização, pretende continuar atuando nessa área. "Nem pensava em entrar em posto de saúde. Aí eu comecei a trabalhar em um e me apaixonei!", diz, sorridente.
Questionada se tem medo de represálias, como ocorreu com Isadora Faber, ela responde prontamente que não: "Acho que não vou ter problemas. Não ficou em tom ofensivo. Todos conhecem meu trabalho lá. Cumpro meus horários, me envolvo nos projetos. Só estou discutindo as questões". No entanto, Luisa assume que a família pediu que ela tenha cautela.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que apoia a iniciativa de Luisa. No texto, diz ainda que não considera o diário como denúncia, “mas sim como resultado de uma atitude pró-ativa, de compromisso e envolvimento com a saúde pública”.
A secretaria diz considerar o diário como mais um mecanismo de controle social e indicador para a própria gestão. Informou ainda que está realizando “encontros da administração com profissionais para solucionar as deficiências na infraestrutura e buscar a melhor qualidade no atendimento”.
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