Padre Geovane Saraiva*
É do céu que vem a paz e a verdadeira felicidade, numa criança,
trazendo-nos a tão sonhada redenção! Da nossa parte cabe exultar e, ao mesmo
tempo, contemplar associados aos anjos, que povoaram os céus naquela noite
feliz e memorável, no insondável e misterioso coro: “Glória a Deus no mais alto
dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2, 4).
Queridos irmãos e irmãs, é a eternidade
inaugurada pelo nosso Deus e Pai, que há mais de dois mil anos se repete,
através de nossa fé e do nosso testemunho, sempre a partir do lugar pobre da
estribaria de Belém, no mistério que sempre quer se renovar e se eternizar em
nós, já aqui e agora, neste mundo.
Deus quer que trilhemos seu caminho, num
constante desejo de superação e renovação: “Dizei aos covardes: Tende coragem,
não temais! Eis o nosso Deus! Chega à vingança! A retribuição de Deus chega
para nos salvar!” (Is 35, 4). Um itinerário verdadeiramente cristão se percebe
a partir do constante desejo de renovação, de mudança espiritual e interior. As
pessoas que abraçam a Palavra de Deus e também buscam o alimento da Eucaristia,
jamais devem se afastar do grande ensinamento do enviado do Pai, ao afirmar: “O
Cristo que sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza” (2Cor.
8, 9), com a grande novidade, sempre presente nos gestos de acolhida,
solidariedade e justiça.
Iniciando o ano litúrgico (o Advento),
tempo que precede o Natal e ao mesmo tempo tem como finalidade preparar as
pessoas para a festa da encarnação de Deus, na pessoa de uma criança pobre e
humilde, somos convidados à vigilância, que tem como alicerce o amor, que
podemos chamar de renúncia, doação e generosidade. Significa que temos que
plantar uma boa semente, da qual nascerá uma grande árvore, que irá produzir
fruto de amor e de justiça, porque os dias anunciados pelo profeta Jeremias
chegaram: “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que falei nascer um descente de
Davi; reinará e será um rei sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra”
(Jr 23, 5).
Advento é um tempo rico, forte e
precioso das graças de Deus, no qual não podemos deixar passar despercebido. O
convite que Deus nos faz é o de endireitar e colocar no rumo certo tudo que
está tortuoso em nosso coração, substituindo a realidade de pecado e da
injustiça pela proposta que nos é oferecida, de pessoas transformadas e
redimidas, na graça de Deus, na qual experimentamos o esplendor de um Deus
radicalmente bom e terno, que virá visitar o seu povo na paz e encher de glória
a face da terra.
O momento deve ser de atenção e vontade
de escutar o mistério que nos quer envolver: “Sim povo de Sião, o Senhor vem
para salvar as nações! Na alegria do coração o Senhor fará ressoar majestosa
sua paz” (Is 30, 19.30). “Senhor meu Deus, concede-me uma inteligência que te
conheça, uma vontade que te busque, uma sabedoria que te encontre e uma vida
que te agrade. Uma perseverança que te espere com confiança e uma confiança que
te possua sempre” (Santo Tomás de Aquino). Amém!
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos
Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza.
Pároco de
Santo Afonso
Autor
dos livros:
“O
peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder
Câmara);
“A
Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A
Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom
Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).
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