30/11/2012

Joelmir: o tradutor da linguagem econômica

O jornalista comentarista de economia era conhecido por traduzir a linguagem econômica para o público leigo

FERNANDO SAMPAIO/AE
Em 1957, Joelmir Beting iniciou carreira na editoria de esportes. Em 1962, já sociólogo formado, trocou o jornalismo esportivo pelo econômico

Joelmir Beting não foi um jornalista especializado em economia. Foi um tradutor da linguagem econômica para o público em geral. Foi por isso que a presidente Dilma Rousseff o chamou de “mestre” do jornalismo, em nota divulgada pela morte de Joelmir. Ele estava internado há mais de um mês no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Estava em coma, decorrente de um acidente vascular encefálico hemorrágico ocorrido no domingo. Ele passava por um tratamento para combater uma doença autoimune desde 22 de outubro.

Dilma Rousseff afirmou em nota oficial: “Beting aliava um conhecimento profundo da economia brasileira com uma comunicação didática. Usava comparações de uso corrente para fazer com que todo brasileiro pudesse compreender e formar sua própria opinião sobre os fatos”. Para a presidente, o jornalista “foi um mestre em uma das missões primordiais do jornalismo: a de explicar as notícias mais complexas de uma forma simples, nunca simplória”.

A ministra Helena Chagas (Comunicação Social) também divulgou nota sobre o falecimento do jornalista. “A sociedade perde aquele que soube, como nenhum outro, falar de economia de um jeito que todos entendiam. Três qualidades se destacaram na vida de Joelmir: credibilidade, seriedade e simplicidade. Há ainda outra: pioneirismo”, cita.
 
Imprensa econômica
Nascido em Tambaú (SP), a 255 quilômetros da capital paulista, Beting foi um dos pioneiros da imprensa econômica brasileira. Sua coluna diária, lançada em 1970 na Folha de S.Paulo, foi publicada durante 34 anos em mais de 50 jornais do País.

Beting também inaugurou o comentário econômico para a rádio e a televisão, com colaborações nas emissoras Record, Bandeirantes, Globo, TV Gazeta e Globonews.

Desde 2004, o jornalista participava do “Jornal da Band”, na TV Bandeirantes. Ao usar linguagem simples e clara para tratar de temas áridos de economia e finanças, Beting ficou conhecido pela capacidade de “traduzir” o jargão econômico para o público em geral.

Ao fugir do “economês”, foi chamado por alguns críticos, principalmente do meio acadêmico, de “Chacrinha da economia”.

A alcunha não o incomodava. “Não falo para a dona de casa, mas para a empregada dela”, costumava afirmar ele, que era formado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP).

O corpo de Joelmir foi velado no Cemitério do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Aberta apenas para familiares, a cerimônia de cremação ocorreu no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

Joelmir Beting tinha 75 anos. Estava internado desde o dia 22 de outubro para tratar de uma doença autoimune. Ele respirava com auxílio de aparelhos desde domingo. A doença autoimune é um problema que surge quando o sistema imunológico ataca e destrói, por engano, tecidos saudáveis do organismo. 

Saiba mais

Filho de Joelmir, o também jornalista Mauro Beting fez uma carta em homenagem ao pai. Veja alguns trechos:
 
“Meu pai. O melhor pai que um jornalista pode ser. O melhor jornalista que um filho pode ter como pai.”
 
“Mas um filho de jornalista que também é jornalista fica ainda mais órfão. Nunca vi meu pai como um super-herói. Apenas como um humano super. Só que jamais imaginei que ele pudesse ficar doente e fraco de carne. Nunca admiti que nós pudéssemos perder quem só nos fez ganhar.”
 O Povo

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