Do UOL, em São Paulo
Um triler político. A biografia de um presidente. Um musical grandioso. Uma comédia. Um filme sobre terrorismo. O anúncio das indicações ao Oscar se realiza apenas no dia 10 de janeiro, mas já é possível fazer um rascunho do que vem por aí. Prever as decisões da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas é, mais do que um hobby, uma arte a que jornalistas e cinéfilos se dedicam ao longo de meses. Suas apostas se baseiam no perfil dos candidatos e, principalmente, nos prêmios de críticos e da própria indústria.
A cada resultado divulgado, surgem novos favoritos. “Argo”, de Ben Affleck, era o filme mais cotado em outubro, mas o brilho diminuiu. “Lincoln”, de Steven Spielberg, recebeu muitos elogios e “A Hora Mais Escura”, de Kathryn Bigelow, inaugurou as premiações dos jornalistas, ganhando em duas das mais tradicionais agremiações, o Círculo de Críticos de Nova York e o National Board of Review, os prêmios de filme e direção.
Pelo segundo ano consecutivo, o número de finalistas na categoria principal do Oscar é uma incógnita: serão pelo menos cinco, mas poderão chegar a dez, dependendo de um complicado cálculo matemático que a Academia inventou para que mais filmes sejam indicados. “Argo”, “Lincoln” e “A Hora Mais Escura” devem aparecer na lista, seguidos da comédia “O Lado Bom da Vida”, de David O. Russell, e do musical “Os Miseráveis”, dirigido por Tom Hooper, vencedor do Oscar por “O Discurso do Rei”.
“As Aventuras de Pi”, de Ang Lee, ganhou um importante reforço com a indicação ao Globo de Ouro de melhor filme, assim como “Amor”, de Michael Haneke, candidato da Áustria ao Oscar de filme estrangeiro, que têm grandes chances de ser indicado na categoria principal. “O Mestre”, de Paul Thomas Anderson, não empolgou tanto a crítica quando foi exibido nos Estados Unidos. O sucesso independente “Indomável Sonhadora”, estrelado por uma encantadora menina de 6 anos de idade, parece ter chances razoáveis de comover a Academia.
“Django Livre”, de Quentin Tarantino, teve suas possibilidades ampliadas com as indicações ao Globo de Ouro de filme e direção. “Moonrise Kingdom”, de Wes Anderson, e “O Voo”, de Robert Zemeckis, têm seus defensores, mas as chances são mais discretas. Há quem aposte em “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, mas as premiações não têm dado muita chance ao longa. “O Exótico Hotel Marigold” seria zebra, mas não é nada impossível.
Na categoria de direção, Kathryn Bigelow assumiu a liderança, com os prêmios dos críticos para “A Hora Mais Escura”, mas difícil será ganhar: três anos atrás ela se tornou a primeira mulher a vencer na categoria. Steven Spielberg, por “Lincoln”, parece ser outro nome certo na lista, junto com o elogiado trabalho de Ben Affleck em “Argo”. Seis cineastas devem disputar as duas últimas vagas: David O. Russell, por “O Lado Bom da Vida”, Tom Hooper, por “Os Miseráveis”, Paul Thomas Anderson, por “O Mestre”, Michael Haneke, por “Amor”, Ang Lee, por “As Aventuras de Pi” e Quentin Tarantino, por “Django Livre”. Estes dois últimos concorrem ao Globo de Ouro, mas Anderson e Haneke têm boas chances numa categoria que geralmente abre espaço para trabalhos autorais.
Daniel Day-Lewis, de “Lincoln”, é o favorito para ganhar seu terceiro Oscar. A indicação é manjada. Seus colegas mais prováveis seriam John Hawkes, que faz um paraplégico em “As Sessões”, e o elogiadíssimo Joaquin Phoenix, por “O Mestre”, que recebeu um golpe a sua candidatura com a esnobada que recebeu no prêmio do Sindicato dos Atores (SAG). Com isso, Denzel Washington em “O Voo”, Hugh Jackman em “Os Miseráveis” e Bradley Cooper em “O Lado Bom da Vida” têm chances iguais ou maiores que as de Phoenix. Richard Gere, por “A Negociação”, concorre ao Globo de Ouro. Pode surpreender.
Do lado feminino, Jessica Chastain, de “A Hora Mais Escura”, é a atual favorita, junto com Jennifer Lawrence, por “O Lado Bom da Vida”. A garotinha Quvenzhané Wallis, de “Indomável Sonhadora”, causou comoção. Resta saber se a idade não vai ser um obstáculo. Duas francesas disputam a possibilidade de indicação: Emmanuelle Riva, por “Amor”, e Marion Cotillard, por “Ferrugem e Osso”, mas será que tem espaço para duas estrangeiras na lista? Marion, indicada ao SAG e ao Globo de Ouro, parece ter mais chances. Helen Mirren, por “Hitchcock”, e a elogiada Naomi Watts, por “O Impossível”, são boas apostas. Rachel Weisz, por "The Deep Blue Sea", ganhou o prêmio dos críticos de Nova York e também foi indicada ao Globo de Ouro. É outra possibilidade.
Na categoria de ator coadjuvante, Alan Arkin (“Argo”), Philip Seymour Hoffman ("O Mestre") e Tommy Lee Jones ("Lincoln") são os nomes mais perenes nas apostas e nas premiações prévias. “O Lado Bom da Vida” pode dar a primeira indicação a Robert De Niro depois de 21 anos, mas ele não foi lembrado pelo Globo de Ouro. Quem tem mais crescido nas apostas é , Javier Bardem, por “007 – Operação Skyfall”. Seria a primeira indicação de um intérprete por um filme de James Bond e seria a terceira de Bardem, que já ganhou um Oscar.
Leonardo Di Caprio e Christopher Waltz, colegas de elenco em "Django Livre", vinham sendo lembrados timidamente, mas ambos aparecem na lista do Globo de Ouro, o que os deixa como alternativas fortes. Matthew McConaughey começou bem cotado por "Magic Mike", mas pode se prejudicar pela divisão de votos, já que também foi elogiado por “Bernie” e “Killer Joe”. Quem pode surpreender é Ezra Miller, pelo papel em “As Vantagens de Ser Invisível”.
Entre as mulheres, as candidatas mais fortes parecem ser Anne Hathaway , por "Os Miseráveis", Helen Hunt, por "As Sessões", e Sally Field, por "Lincoln". A interpretação polêmica de Nicole Kidman, em "The Paperboy", cresceu bastante com indicações ao SAG e ao Globo de Ouro. Amy Adams, três vezes candidata ao Oscar, seria uma aposta óbvia, por "O Mestre", mas apesar de concorrer ao Globo de Ouro, não foi lembrada pelo SAG, que lembrou de Maggie Smith, de "O Exótico Hotel Marigold". Ann Dowd de "Compliance" é uma zebra e Judi Dench pode se beneficiar da boa recepção a "007 - Operação Skyfall".
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