Padre Geovane Saraiva*
A Igreja Católica celebra,
agradecida ao bom Deus, neste dia 03 de dezembro, São Francisco Xavier
(1506-2006 – 500 anos), considerado o Apóstolo do Oriente, “o gigante da
história das missões”. Ele um sonhador, cheio de ambição e vaidade! Homem
talentoso e de inteligência privilegiada, que estudou na Universidade de Paris,
doutorando-se em 1526. Lá em Paris, logo conheceu Inácio de Loyola, com quem
estabeleceu uma sólida e estreita relação de amizade. E foi justamente esta
amizade e as conversas constantes, como também uma intensa vida oração, que o
transformou por completo, num verdadeiro sonhador e idealista que foi, ao fazer
sua opção pelo projeto de Nosso Senhor Jesus Cristo, dizendo não à glória do
mundo, vaidades e riquezas.
Deus entrou em cheio na sua vida e foi mais forte, através de
Inácio de Loyola, estudante muito especial daquela Universidade e seu colega,
um recém-convertido, que sonhava formar um grupo de irmãos corajosos para
dilatar o Reino de Deus. Aquele que ficou conhecido como o grande mestre dos exercícios espirituais, foi ao encontro do jovem
Francisco Xavier, seu conterrâneo e futuro pai espiritual, a fim de ganhá-lo, no
seu grande desejo de contribuir na edificação do Reino de Deus.
Seus sonhos e projetos eram antagônicos. Contudo, o mestre e
fundador da Companhia de Jesus, com fé e confiança, insistentemente, suplicou a
Deus Pai, até seduzi-lo. “Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder
sua alma?” (Mt 16, 26). A frase do Divino Jesus foi incisiva, penetrando em
profundidade, na mente e no coração do jovem Francisco Xavier, dita por Inácio
de Loyola, dobrando sua resistência e entregando-se inteiramente a Deus, a
ponto de tornar-se o seu maior e mais fiel discípulo e companheiro.
A Índia o esperava, na catequese de crianças e adultos, que sempre
em número elevado acorriam para receber os sacramentos. Levou por toda parte
por onde passou a mensagem do Evangelho. Visitou Ilhas longínquas, penetrou no
Japão, formando lá sólidas comunidades de fé, de tal modo, que sua característica
foi o imperativo de Jesus, Mestre e Senhor, concretizada no: “Ide pelo mundo
inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Seu zelo missionário
de se consumir pelo Evangelho foi fortíssimo, que num curto espaço de tempo de
10 anos visitou países e catequizou e diversas nações, tornando-se quase
impossível imaginar tal mobilidade e façanha nos dias de hoje. Podemos
contemplar, aos olhos da fé e agradecidos, seu gigantesco e maravilhoso
trabalho!
Antes de morrer, aos 46 anos, no dia 03/12/1552, escreveu a Inácio
de Loyola assim: “São muitos os que não se tornam cristãos, simplesmente por
falta de evangelizadores e missionários”, tendo na mente o que o Apóstolo Paulo
anunciou com grande esperança: “Como poderiam ouvir sem pregador? E como
poderiam pregar se não forem enviados?” (Rm 10, 14-15). Queria ir pelas
Universidades e por toda parte, gritando como um louco e sacudindo as consciências
daqueles que se comportam e agem mais pela razão do que pela fé, clamando: “Como
é enorme o número dos que são excluídos do Reino, por vossa culpa!”. Ele era
considerado o missionário da China pelo seu ardente desejo e vontade de
anunciar o Evangelho aquele povo, chegando a dizer, “se eu não encontrar um
barco para ir à China, vou nadando, mas vou”. Foi uma pena não tenha chegado lá.
Agradecemos ao nosso bom Deus, por São Francisco Xavier, no dia de
sua páscoa eterna. Ele, criatura de Deus, apaixonado pelo Reino, com uma
disposição interior para o trabalho missionário, no seu jeito de viver e
testemunhar a fé que professou, ao plantar a semente do Evangelho no Oriente.
Que a Igreja, sacramento de salvação, continue corajosamente e com grande
sabedoria e ardor, a anunciar o mesmo Evangelho por ele anunciado aos homens
hoje, por toda extensão da terra. Deus seja louvado por este irmão querido,
considerado maior missionário de todos os tempos.
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos
Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza.
Pároco de
Santo Afonso
Autor
dos livros:
“O
peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder
Câmara);
“A
Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A
Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom
Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).
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