POR LETÍCIA GONÇALVES
Parar a amamentação de forma muito rápida pode ser um trauma para o bebê. Afinal, o aleitamento exclusivo é uma fase marcante em que a criança está acostumada ao peito e ao vínculo com a mãe. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas da área ensinam a trocar aos poucos o leite materno por outros alimentos. "Também é importante seguir as orientações do pediatra para não prejudicar a nutrição do bebê", afirma a pediatra Camila Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz. Para saber quando começar o desmame e quais são os cuidados necessários, anote as recomendações a seguir.
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Idade ideal
A indicação da OMS é amamentação exclusiva até os seis meses de vida. A partir daí, os pais podem começar a introdução de outros alimentos no cardápio junto ao aleitamento materno, que continua até os dois anos. Segundo a pediatra Lúcia da Silva, da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, é até possível que o bebê prefira desmamar de vez antes do segundo aniversário. "É comum que, a partir de um ano de idade, o bebê já vá largando o peito conforme consome uma maior variedade de alimentos", afirma. "Mas é preciso consultar o pediatra para ter certeza de que o leite materno não fará falta."
Posso passar substâncias de gosto ruim no peito?
Não, espalhar alimentos amargos ou azedos no peito para o seu filho rejeitar mamar é um péssimo hábito, segundo as especialistas. Imagine só o trauma de o bebê, que está acostumado ao momento prazeroso que é a amamentação, ter que experimentar um gosto horrível? "Mesmo que a mãe não tenha tempo de alimentar o bebê porque trabalha, ainda recomendamos que ela amamente ao chegar em casa à noite", afirma a pediatra Camila.
Planeje a volta ao trabalho
Esse é um problema de muitas mulheres: voltar da licença maternidade e não conseguir dar todas as mamadas de que o bebê precisa diariamente. Nesse caso, é só se programar para tirar o leite e fazer um estoque em casa. Segundo o Ministério da Saúde, o leite materno dura 24 horas na geladeira e até 15 dias no freezer. Ele deve ser descongelado dentro da geladeira e aquecido em banho-maria no fogo antes de ser servido ao bebê. Para ele se acostumar a ser alimentado por outra pessoa que não seja a mãe, as especialistas recomendam começar gradativamente essa troca alguns dias antes do retorno ao trabalho.
Mamadeira ou copinho?
A mamadeira já foi a preferida, mas isso é passado entre os médicos. O ideal é usar um copinho ou uma colher. Pode parecer estranho, mas dá certo. Até mesmo bebês prematuros são alimentados dessa forma. Se o seu filho não se adaptar logo de início, você pode usar um canudo. A mamadeira tem várias desvantagens: a criança acostuma demais com ela e irá sofrer para desapegar. O bico é anti-higiênico por ser difícil de limpar. Sem contar que a mamadeira pode prejudicar a formação de toda a estrutura da boca do bebê e ainda trazer outros problemas de saúde, como otite (o bebê precisa estar deitado para usá-la e o leite pode entrar no conduto auditivo, já que há uma passagem entre nariz, ouvido e garganta).
É verdade que o desmame prejudica o vínculo entre a mãe e o bebê?
Em parte é verdade, porque a amamentação permite um contato olho a olho muito forte. Mas a pediatra Camila conta que é possível continuar com esse vínculo. "Na verdade, a mãe cria uma ligação tão poderosa durante a fase exclusiva de amamentação que não se perde depois, basta mantê-la", explica. Como? Com conversas, carinho, músicas, colo, brincadeiras e outros hábitos diários.
Introdução de outros alimentos
Para a criança amamentada de acordo com a recomendação da OMS, a orientação costuma ser a seguinte: a partir dos seis meses, os pais podem começar a dar sucos e frutas em papa. Nos sete meses, pode começar a papinha salgada e, com um ano, são permitidos alimentos em geral. "Recomendo, porém, evitar dar muito sal e açúcar para preservar o desenvolvimento e a saúde do bebê", diz Lúcia da Silva.
Tipo de leite
"Quando a criança deixa de vez o leite materno, o leite que precisa ser introduzido é sempre o de fórmulas infantis, nunca o leite de vaca", orienta Camila Reibscheid. As fórmulas lácteas são enriquecidas com nutrientes importantes ao bebê e que costumam ser escassos no leite de vaca, caso do ferro. O pediatra poderá indicar qual fórmula é melhor de acordo com as condições do seu filho.
Consumo menor de leite de fórmula
Se você ficar preocupada porque o seu bebê está tomando uma quantidade menor de leite de fórmula do que quando era amamentado, saiba que isso é perfeitamente normal. "A tendência é que, gradativamente, os alimentos em geral substituam a necessidade nutritiva do bebê e o leite vire só mais um item do cardápio em vez de seguir como elemento principal", afirma a pediatra Lúcia. Seu bebê mamava mais antes porque comia menos outras opções de alimentos. Na dúvida, mantenha em dia as consultas com o pediatra para checar o peso e o estado de saúde do seu filho.
UOL Notícias
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