Tragédia de Newtown reacende discussão sobre porte de armas nos Estados Unidos da América
Texto Carlos Camponez | Foto Lusa | 30/12/2012 | 07:45
O assassinato de 28 pessoas, entre as quais 20 crianças, ocorrido na escola primária norte-americana de Sandy Hook, na pequena localidade de Newtown, no Connecticut, é considerado o trigésimo incidente do género, desde 1990
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Só este ano, contam-se já sete casos de tiroteio em escolas nos EUA. Os órgãos de comunicação social dizem que este caso vai relançar o debate acerca do livre porte de armas no país. Mas o que faz hesitar tanto os cidadãos norte-americanos sobre este assunto?
O porte de armas nos EUA está garantido pela Segunda Emenda à Constituição norte-americana onde se afirma: “Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo possuir e usar armas não poderá ser impedido”. Este princípio está bem arreigado na tradição liberal norte-americana, onde o direito à segurança é entendido como uma função dos próprios cidadãos, muitas vezes numa relação de desconfiança para com as próprias autoridades federais.
200 milhões de armas
Os casos mais mediatizados, como o de Newtown, escondem milhares de outros crimes ocorridos todos os anos com armas de fogo. Apesar disso, a opinião pública norte-americana conta com uma maioria significativa de pessoas que continua a defender o porte de armas.
A indústria de armamento tem um peso importante na economia e surge como uma das principais fontes de financiamento das forças políticas, para além de contar com o lóbi importante de figuras públicas. Em alguns Estados, os jovens com menos de 21 anos têm mais facilidade em comprar armas do que em adquirir bebidas alcoólicas.
Calcula-se que 34 por cento dos americanos tenham armas de fogo em casa e que cerca de 200 milhões de armas estejam na posse de civis.
Uma tragédia reincidente
Na sua declaração de condolências aos familiares com vítimas nos dramáticos acontecimentos de Newtown, o presidente Obama afirmou que “o país sofreu demasiadas tragédias como esta nos últimos anos”, adiantando ser necessário “tomar medidas significativas para prevenir futuras tragédias como esta”. Mas as dúvidas que subsistem quanto a decisões políticas consistentes neste domínio são mais do que razoáveis. Com efeito, a questão não é se a opinião pública vai mudar depois dos acontecimentos de Newtown. A pergunta mais razoável para se perceber o que virá no futuro, é a de se saber por que razão não mudou em abril de 1999, quando dois estudantes mataram 12 colegas e uma professora no Colégio Columbine, em Littleton (Colorado); quando em setembro de 2006, um estudante invadiu uma escola rural do Condado de Richland, no Wisconsin, com duas armas e feriu gravemente o diretor; ou quando, em 2007, 32 pessoas, na Universidade Técnica da Virgínia, morreram vítimas dos tiros disparados por um estudante.
Quantas pessoas mais terão de morrer em nome de uma liberdade constitucional, pensada para uma América que estava em construção, há mais de 200 anos, e que nada tem a ver com o país que é hoje?
O porte de armas nos EUA está garantido pela Segunda Emenda à Constituição norte-americana onde se afirma: “Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo possuir e usar armas não poderá ser impedido”. Este princípio está bem arreigado na tradição liberal norte-americana, onde o direito à segurança é entendido como uma função dos próprios cidadãos, muitas vezes numa relação de desconfiança para com as próprias autoridades federais.
200 milhões de armas
Os casos mais mediatizados, como o de Newtown, escondem milhares de outros crimes ocorridos todos os anos com armas de fogo. Apesar disso, a opinião pública norte-americana conta com uma maioria significativa de pessoas que continua a defender o porte de armas.
A indústria de armamento tem um peso importante na economia e surge como uma das principais fontes de financiamento das forças políticas, para além de contar com o lóbi importante de figuras públicas. Em alguns Estados, os jovens com menos de 21 anos têm mais facilidade em comprar armas do que em adquirir bebidas alcoólicas.
Calcula-se que 34 por cento dos americanos tenham armas de fogo em casa e que cerca de 200 milhões de armas estejam na posse de civis.
Uma tragédia reincidente
Na sua declaração de condolências aos familiares com vítimas nos dramáticos acontecimentos de Newtown, o presidente Obama afirmou que “o país sofreu demasiadas tragédias como esta nos últimos anos”, adiantando ser necessário “tomar medidas significativas para prevenir futuras tragédias como esta”. Mas as dúvidas que subsistem quanto a decisões políticas consistentes neste domínio são mais do que razoáveis. Com efeito, a questão não é se a opinião pública vai mudar depois dos acontecimentos de Newtown. A pergunta mais razoável para se perceber o que virá no futuro, é a de se saber por que razão não mudou em abril de 1999, quando dois estudantes mataram 12 colegas e uma professora no Colégio Columbine, em Littleton (Colorado); quando em setembro de 2006, um estudante invadiu uma escola rural do Condado de Richland, no Wisconsin, com duas armas e feriu gravemente o diretor; ou quando, em 2007, 32 pessoas, na Universidade Técnica da Virgínia, morreram vítimas dos tiros disparados por um estudante.
Quantas pessoas mais terão de morrer em nome de uma liberdade constitucional, pensada para uma América que estava em construção, há mais de 200 anos, e que nada tem a ver com o país que é hoje?
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