15/02/2013

Deus e a humanidade muito esperam de nós

Comentário ao Evangelho Primeiro Domingo de Quaresma - 17 de fevereiro


Várias vezes as organizações da sociedade humana têm chamado a nossa atenção para a desertificação em curso no nosso planeta: avança o deserto, diminui a terra produtiva. Está também à vista o facto que em certas áreas do mundo avança a desertificação espiritual: Os ídolos do poder, duma procura desmedida de bens materiais e dum sentido de ambição descontrolada em indivíduos e em certos povos debilitam, senão eliminam de todo, a relação naturalmente lógica e necessária entre o Criador e as suas criaturas. É um problema antigo como a humanidade, um problema que porém atingiu nos nossos dias proporções preocupantes para a subsistência duma humanidade verdadeiramente humana, pois sem espiritual o humano é incompleto. 

Criador, salvador e santificador, continua Deus a despertar no homem a necessidade de para Deus voltar por meio duma conversão séria. E a quaresma é o tempo ideal para esta conversão. Logo no primeiro dia, Quarta-Feira das Cinzas, nos alerta Deus para a urgência desta conversão. Com palavras cheias de amor e de carinho, diz-nos ele: «Voltai para mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações!» (Joel 2, 12). Comparando a sua relação de amor connosco ao amor que anima a vida dum esposo com a sua esposa, fala-nos Deus em termos de grande intimidade: «Vou levá-la comigo para o deserto, e lá vou falar-lhe ao coração…» (Oseias 2, 16). E ainda: «Amar-vos-ei de todo o coração» (Oseias 14,4). Por isso a quaresma é para nós um tempo de deserto. No deserto não há distrações, há serenidade e silêncio. É fácil para os dois, o esposo e a esposa, Deus e cada um de nós, concentrarem-se um no outro e assim dialogarem numa grande paz sobre a relação imprescindível entre a humanidade e a divindade. Aliás era isso que fazia Cristo com os apóstolos durante os tempos que passavam sozinhos nas colinas a dialogarem sobre a relação entre o homem e Deus. 

A quaresma é «o sinal sacramental da nossa conversão». Numa leitura séria da Palavra de Deus aplicada à vida de cada um de nós descobriremos, com o Espírito Santo, o que é que não funciona entre nós e Deus. E o Espírito do Senhor lá está sempre pronto dentro de nós para sugerir correções, e para dar a força de as pormos em prática. Neste deserto, neste tu a tu com o Senhor, surgirá naturalmente a oração, sentiremos atração pela sua palavra e rejubilaremos no bem-querer que ele nos tem. Mas temos de nos empenhar numa decisão séria, pois Deus e a humanidade muito esperam de nós. Crescerá então dentro de nós a confiança filial no nosso Deus. Dizia um santo muito santo, S. José Cafasso, «a falta de confiança em Deus é o grande pecado dos loucos». E loucura, só a do amor quadra bem ao cristão.


Fátima Missionária

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