26/03/2013

A antropologia de Lévi-Strauss

O francês Claude Lévi-Strauss: coletânea reúne textos produzidos na fase mais criativa da produção intelectual do antropólogo FOTO: REUTERS

Fora de catálogo há anos, o segundo volume de "Antropologia Estrutural", clássica reunião de artigos e ensaios do francês Claude Lévi-Strauss (1908 - 2009), acaba de ganhar nova edição pela Cosac Naify. Este ano o livro completa 40 anos, mantendo sua posição de referência da literatura antropológica. A tradução, assim como no primeiro volume, é da antropóloga brasileira Beatriz Perrone-Moisés, uma das principais especialistas na obra do autor.

Em "Antropologia Estrutural - Volume 2" (Cosac Naify, 448 páginas, R$ 79), Lévi-Strauss deu continuidade a construção de uma teoria estruturalista da cultura. Se no primeiro volume o antropólogo reunia seus escritos que experimentavam e apontavam nesta direção, neste a teoria já está em pleno voo, sujeita à críticas, transformações e aperfeiçoamentos.

À época da redação dos ensaios desta segunda coletânea, Lévi-Strauss colecionava os louros de sua consagração como um dos principais intelectuais da França. No ano seguinte à sua publicação, ele seria empossado na Academia Francesa - uma das principais instituições intelectuais do país.

Os textos de "Antropologia Estrutural - Volume 2" foram produzidos entre 1958 e 1973. E este é justamente o período mais fértil da produção do antropólogo. São desta fase de sua carreira a maioria das obras mestras do autor, caso de "O Totemismo Hoje" e "O pensamento selvagem", ambos de 1962; e os quatro volumes da série "Mitológicas", lançados em francês entre 1964 e 1971.

Não é atoa que temas e procedimentos destas obras reaparecem em ensaios da coletânea. É o caso da reflexão sobre a morte dos mitos, realizada a partir de considerações sobre a série de variações de um mito observado entre os povos nativos da América do Norte - numa reedição do método empregado em "Mitológicas".

O livro também inclui o texto "Raça e história", resultado de uma conferência proferida na Unesco, em 1952. É a manifestação da posição ética de um cientista que se coloca contra o racista, em defesa da diversidade sociocultural. Há ainda reflexões a cerca da história da Antropologia Social e as relações desta ciência com disciplinas como a crítica literária. 


Diário do Nordeste

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