04/03/2013

Cardeais chegam a Roma em meio a indefinições

"O conjunto de 209 cardeais foi convocado pelo decano do colégio sagrado, o cardeal angelo sodano. No sábado, 66 cardeais já se encontravam em roma"

Os cardeais continuam a chegar em Roma para participar a partir de hoje das chamadas “congregações” que vão preparar a eleição do 266º Papa em um conclave ainda sem data definida e em que nenhum nome parece como certo. O conjunto de 209 cardeais foi convocado pelo decano do Colégio Sagrado, o cardeal Angelo Sodano, os prelados eleitores (com menos de 80 anos) e aqueles que passaram desta idade.

A partir desta segunda-feira, a portas fechadas, muitos problemas da Igreja e o perfil ideal do próximo pontífice serão discutidos. A escolha parece cada vez mais difícil, levando-se em conta qualidades tão exigentes - líder, reformador, que garanta a tradição. No sábado, 66 cardeais vindos do exterior já se encontravam em Roma. Nem todos os cardeais devem participar, alguns doentes ou com idade avançada já se desculparam pela ausência.
 Candidatos
O Conclave só poderá ser convocado quando os eleitores, atualmente 115, estiverem todos presentes. Será na “Congregação Geral” a aprovação da formação do Conclave da Capela Cistina, que permanecerá fechada aos turistas. Enquanto isso, o Vaticano permanece “Sede vacante” (Trono vacante), ilustrado nos selos do correio vaticano por um bonito guarda-sol vermelho sobre as chaves de São Pedro cruzadas. Durante as congregações e em outros encontros informais, as candidaturas devem ser oficializadas.
 Se vários candidatos se destacam, cada um tem deficiências: Angelo Scola, próximo ao Papa, tem chances, mas o fato de ser italiano o enfraquece. O cardeal de Viena, Christoph Schönborn, reformador e ex-aluno de Bento XVI, representa uma boa síntese, mas a contestação em sua igreja pode atrapalhar.
Os americanos, enérgicos e modernos, como Sean O’Malley que lutou contra a pedofilia em Boston, Timothy Dolan, o arcebispo de Nova York, midiático e brilhante, e o canadense Marc Ouellet, teólogo e conservador, grande conhecedor da América Latina, amigo de Ratzinger, poderiam reformar a Cúria.
A América Latina está ligeiramente atrás. O candidato mais forte é o arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, moderado e que trabalhou em Roma.
O conclave
não tem candidaturas formais, mas os cardeais aproveitam o período de Sé vacante para articular, nos bastidores, apoio aos preferidos antes de se trancarem na Capela Sistina. Os nomes não são citados nos debates.

Os eleitores devem buscar um sucessor capaz de enfrentar problemas como a perda de fiéis, os escândalos de pedofilia e as suspeitas de corrupção no Vaticano.

SAIBA MAIS
Brasileiro continua bem cotado
Nos quatro dias entre a renúncia de Bento XVI e as primeiras reuniões formais para escolher o novo papa, o cardeal brasileiro dom Odilo Scherer, 63, apareceu como candidato forte na imprensa italiana e entre analistas que acompanham de perto a Santa Sé ("vaticanistas"). 

Bom trânsito, juventude e experiência
Pesam a favor do brasileiro o bom trânsito com figuras importantes do Vaticano, sua idade relativamente jovem e o fato de estar à frente de um cargo pastoral importante, a Arquidiocese de São Paulo, uma das maiores do mundo em número de fiéis.
 CARTAZES FALSOS DIVULGAM CANDIDATURA AFRICANA
Sem campanha
Um cartaz falso eleitoral mostrando o cardeal de Gana, Peter Turkson, visto por alguns como principal candidato África para se tornar o próximo papa, permanece sob exibição na frente da basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Turkson, considerado discreto e muito apreciado por Bento XVI, tem brincado com suas chances de vir a sucedê-lo, tornando-se o primeiro africano a alcançar o posto.

PRIMEIRA REUNIÃO ESTÁ PREVISTA PARA HOJE
 A caminho do Conclave
Às 9h30min de Roma (5h30min de Brasília), os religiosos se reunirão pela primeira vez na Congregação Geral, convocada para discutir a transição no comando da Igreja. Na prática, este encontro serve como termômetro da receptividade aos mais cotados para ser o próximo papa. Também devem discutir temas espinhosos como o vazamento de informações confidenciais da Cúria, conhecido como Vatileaks, e a possibilidade de acesso ao relatório

Jornal O Povo
.

Nenhum comentário :

Postar um comentário