13/03/2013

Dom Odilo celebrou casamento antes do conclave

Casamento da sobrinha foi celebrado em igreja da zona oeste da cidade.
Três dias depois ele embarcou para Roma, onde participa do conclave.

Renato Ferezim
Do G1 Vale do Paraíba e Região
Dom Odilo Scherer celebra casamento em igreja da cidade de São José dos Campos (SP), no dia 15 de fevereiro. Foto cedida pela família. (Foto: Daniel Brasil)Dom Odilo Scherer celebra casamento em igreja da cidade de São José dos Campos (SP), no dia 15 de fevereiro, em foto cedida pela família. (Foto: Daniel Brasil)
Dom Odilo Pedro Scherer, um dos principais cardeiais cotados para assumir o papado, celebrou o casamento da sobrinha, em São José dos Campos, interior de São Paulo, três dias antes de embarcar para Roma, onde participa do conclave. A celebração aconteceu no dia 16 de fevereiro, em uma igreja do bairro Urbanova.
A celebração foi da filha de Paulino Scherer, de 61 anos, irmão de Odilo que mora há 40 anos na cidade. "Ele não celebrava casamentos há muito tempo, combinamos isso há um ano. A primeira coisa foi reservar a capela e o salão, que fica na parte de baixo", conta o irmão.
O casamento foi celebrado com uma missa, na capela Nossa Senhora do Amor, que fica dentro da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), compareceram 400 convidados. "O nome dele ainda não estava em evidência, muitos não sabiam que ele embarcaria na semana seguinte para o conclave", diz.
No dia seguinte, Dom Odilo celebrou uma missa em São Paulo e, na terça-feira (19), viajou para Roma, para participar do conclave.
Não é a primeira vez que Dom Odilo celebra o casamento de um parente. Na década de 70 ele celebrou o casamento do próprio Paulino. De lá para cá, celebrou o casamento de outros quatro irmãos.
Dom Odilo Scherer com o irmão Paulino Scherer (direita) após a celebração do casamento. (Foto: Daniel Brasil)
Dom Odilo Scherer com o irmão Paulino Scherer
(direita) após a celebração. (Foto: Daniel Brasil)
Família e conclave
O irmão de Dom Odilo conta que a família vive a expectativa do conclave desde que a imprensa começou a divulgá-lo como um dos favoritos para assumir o papado. "Os irmãos estão espalhados pelo país, mas todos se comunicam. Ficamos vendo TV, ligados na internet. O que o Dom Odilo pediu é que todos mantenham a serenidade. A família está otimista, poderiam inventar uma fumacinha verde e amarela", diz Paulino Scherer.

Com o favoritismo, os parentes saíram do anonimato. "Os vizinhos já abordam perguntando sobre o conclave. Na empresa onde trabalho, descobriram há pouco tempo. É normal", diz Paulino, engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico Aeroespacial (ITA), na década de 70.
Infância
A família Scherer se mudou para a região de Toledo (PR) na década de 60. Odilo é o terceiro filho de uma família de 13 irmãos. Onze deles estão vivos. "Duas irmãs faleceram ainda pequenas. A família sempre foi muito religiosa, fomos cedo para o seminário, mas só Dom Odilo seguiu", diz Paulino.

Segundo o irmão, Odilo é uma pessoa calma, gosta de música clássica e passeios em meio à natureza. "Sempre depois do almoço, nossos pais iam dormir, nós tomávamos um chimarrão e íamos procurar árvores frutíferas. A preferida de Odilo era a ingazeira, muito popular no Paraná", conta.
Dom Odilo Scherer em celebração do casamento do irmão, Paulino Scherer, na década de 1970. (Foto: Arquivo Pessoal/ Paulino Scherer)
Dom Odilo (esquerda) celebrou o casamento do
irmão, na década de 70. (Foto: Arquivo Pessoal)
Igreja
Dom Odilo Scherer tem 63 anos e é gaúcho, de Cerro Largo. Bisneto de alemães, entrou para o seminário aos 12 anos e, aos 27, se tornou padre. Foi ordenado bispo em 2002, em Toledo, no Paraná. Em 2007, tornou-se arcebispo de São Paulo, a terceira maior arquidiocese do mundo. No mesmo ano, foi nomeado cardeal pelo papa Bento XVI.

O cardeal arcebispo de São Paulo tem larga experiência como administrador no Vaticano, onde já ocupou vários cargos desde 1994.
Dom Odilo é considerado um conservador moderado. Não se abstém de falar sobre temas polêmicos, como a pesquisa de células-tronco ou o aborto de anencéfalos. “Nós não aprovamos qualquer atentado contra a vida e muito menos a legalização de um suposto direito a suprimir a vida de outras pessoas, de outros seres humanos”, afirmou Dom Odilo.
Após a renúncia de Bento XVI, Dom Odilo disse que, mais do que o país de origem, importa o perfil do novo pontífice. “A reflexão mais importante que se fará no conclave não é se o papa vem de um lugar, vem de outro lugar, tem essa origem, tem outra origem. Mas se ele está realmente em condições, se ele é a pessoa mais adequada para conduzir a igreja neste momento da sua história”, declarou Dom Odilo.

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