26/03/2013

Israel - Palestina: Obama diz que desiste da busca de acordo

Le Monde
Na aparência nada mudou. Barack Obama pensava que a criação de um Estado Palestino poderia reparar uma injustiça histórica e dar a Israel aquela segurança à qual tem direito. Agora, ele chegou à conclusão que a simples "ocupação", mesmo sem a "expulsão" dos palestinos não é a solução para o conflito. Apesar de tudo, ele ainda parece acreditar que a paz entre os dois povos será possível.

Se compararmos o discurso que ele pronunciou no Cairo em 2009 com o discurso pronunciado no dia 21 de março em Jerusalém apenas uma frase foi tirada do primeiro; infelizmente a mais importante. No Cairo, depois de ter insistido muito sobre a necessidade de um acordo entre palestinos e israelenses, Obama garantiu que continuaria "pessoalmente a buscar esse acordo com toda a paciência e a dedicação que essa tarefa exige".

No Centro de Conferências da cidade considerada pelas autoridades israelenses a capital indivisível, o presidente da maior potência mundial revelou, com toda a habilidade possível, sua renúncia para resolver o problema. A Casa Branca não quer continuar a ocupar-se do conflito palestino-israelense.

É evidente que Obama não quer mais correr o risco de um choque como aquele que teve no primeiro mandato, quando pediu uma suspensão parcial e temporária da colonização da Cisjordânia por parte de Israel. Esse diálogo com Israel não obteve nenhum resultado.

Obama agora deixa essa difícil tarefa ao seu secretário de Estado, John Kerry, a quem cabe tentar reaproximar esses dois campos, agora num nível de conflito mais drástico, depois de 20 anos de tratativas. Certamente, ao antigo senador de Massachusetts não faltará coragem e qualidades para isso, mas ele não dispõe de capital político suficiente como aquele de que dispunha o presidente dos Estados Unidos para paralisar a colonização que há quatro anos avança em grande ritmo.
Em Jerusalém, Obama estimulou os israelenses a pensar colocar-se no lugar dos palestinos, confinados em Gaza e nos pequenos círculos de terreno da Cisjordânia, para compreender as frustrações que sofrem e convidou-os também a assumir as suas responsabilidades para exigir dos políticos o compromisso para alcançar uma paz pra valer, mesmo que o caminho seja doloroso.

Já faz tempo que os israelenses, por causa de ideologia ou descaso, tiraram de seu horizonte a solução da causa palestina; estão encerrando em Gaza, numa situação desumana e nos redutos controlados da Cisjordânia. Quando a juventude de Israel em 2011 se mobilizou para protestar e denunciar as injustiças sociais e não pensou nas consequências da colonização. As últimas eleições não tiveram a coragem de pensar numa forma de referendum para alcançara a paz. Foi exatamente o inverso.
Há 20 anos que em Oslo os Estados Unidos assumiram o compromisso de promover um diálogo entre as duas partes em conflito que deveria levar a um acordo de paz. Esse tempo se encerrou.

Essa retirada dos Estados Unidos durará até que uma crise maior o obrigará a se intrometer novamente. É muito duvidoso que palestinos e israelense consigam sozinhos ultrapassar as barreiras do conflito que tem a fisionomia de ocupara e desocupar.

Neste espaço de tempo que eles têm pela frente os dois Estados correm o risco fatal de se degradarem. Se isso acontecer, Barak Obama será um dos coveiros da esperança de um acordo de paz nos próximo oriente.
Fonte: www.lemonde.fr

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