25/03/2013

Nova investida a favor de um crime inominável

Côn. Vidigal*

Nova investida a favor do aborto deve deixar de alerta os que amam a vida e execram a violência, sobretudo contra um ser que não pode se defender. O slogan da hora é “respeitar as opções do outro”. Entretanto, para quem crê em Deus não há opção possível entre observar ou não um dos dez mandamentos da Lei Divina.
Um dos dez  mandamentos preceitua: “Não matarás” (Êxodo 20,13). Desde o instante da concepção ou fecundação existe uma vida  que não é do pai e nem da mãe. Trata-se de um novo ser humano que se desenvolve por si mesmo e que deve ter seus direitos respeitados e  é protegido por este preceito de Deus, autor da vida. Assim, a lei divina exclui, evidentemente,  todo direito a matar diretamente um ser racional inocente, como é a criança no seio materno. A posição da Igreja outra não pode ser senão um serviço incondicional à vida. Salvo no caso extremo da legítima defesa, o homem não pode atentar contra a vida humana. Idéias errôneas que se disseminam pelos meios de comunicação social vão, infelizmente, sendo assimiladas. Assim a tão badalada emancipação da mulher que levaria ao direito de abortar livremente, em nome do domínio sobre o próprio corpo, é uma posição indefensável, moralmente inaceitável. No caso de uma mulher vítima de estupro, ela não teve culpa naquele ato animalesco. No entanto, se ela vai assassinar o filho inocente, é lógico que se torna culpada de um crime não menos horrípilo. O trauma do estupro  não será afastado por outro trauma, este, sim, a trazer um remorso por toda a vida. Na pior das hipóteses, se a mãe, vítima da violência,  não quer ficar com o filho de suas entranhas, que ela providencie uma adoção legítima para aquela criaturinha indefesa. No caso específico  no qual a vida da mãe corre risco, vale o princípio de que nem sequer por razões gravíssimas é lícito fazer o mal, ou seja matar simplesmente a criança, para que daí provenha o bem, ou seja a saúde da mãe. Esta atitude maquiavélica é abominável. Aliás, se a ciência se blasona de seus progressos, ela tem todos os meios para evitar que a saúde e a vida da mãe fiquem prejudicadas. Ante os recursos atuais da medicina, mais do que nunca, não se justifica o chamado aborto terapêutico. O médico que seja competente e não um assassino. É óbvio também que, se a mãe necessita de um remédio ou de uma cirurgia  que acabe provocando a morte do feto, se dá o caso típico do voluntário indireto, ou seja, não se provocou diretamente o aborto. É o mesmo caso de alguém que é atacado por um bandido e, para defender a própria vida, acaba por matar o agressor, sua intenção não era tirar a vida do outro, mas sim defender a sua. Os abortos clandestinos que colocam em risco a vida da mulher, não justificam a legalização do aborto, porque simplesmente seria legalizar o crime de assassinato. O que é necessário é que as leis de Deus sejam observadas. Há o sexto mandamento que é não pecar contra a castidade e o nono que é não desejar a mulher do próximo. A sexualidade tem que ser vivida dentro do projeto de Deus. A dissolução dos costumes, incrementada por filmes sempre elaborados em cima do desprezo dos Dez Mandamentos, só favorece situações melindrosas que jogam sobretudo os jovens em instantes de grande calamidade interior. A preparação cuidadosa  para o matrimônio é uma condição elementar para se impedir o aborto. Como é edificante orientar jovens que, desde o instante de um namoro sério, entram em acordo para fugir das ocasiões de pecado. A formação moral obvia todo tipo de desvio sexual. Uma estrutura social humana, justa, onde haja melhor distribuição de renda permitirá aos pais encararem a geração dos filhos sem as agruras da hora presente. Urge uma política familiar decidida, tanto no campo da moradia como nos setores da saúde, do trabalho e da educação.  Medidas profiláticas devem ser tomadas e não a legalização da violência. Se seres indefesos podem ser legalmente assassinados numa sociedade onde já impera a mais horrípila violência, então o caos será maior ainda.  Transformar o aborto   em um direito dos cidadãos, inclusive apoiado pela profissão médica e por verbas públicas, equivale a uma atitude que modifica todo o relacionamento humano, institucionalizando o crime. Hoje, mais do que nunca vale o que está na Bíblia Sagrada: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (Atos 5, 29).

* Professor durante 40 anos no Seminário de Mariana

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