15/03/2013

O padre jesuíta Francisco Jalics, "reconciliado" com o agora Papa Francisco


Para padre jesuíta, caso de sequestro por militares está 'encerrado'.
Novo Papa foi criticado por sua atuação durante a ditadura argentina.

Do G1, em São Paulo

O padre jesuíta Francisco Jalics disse nesta sexta-feira (15) que está "reconciliado" com o agora Papa Francisco, por conta do incidente de seu sequestro pela ditadura militar argentina, em 1976.
O argentino Jorge Mario Bergoglio, desde quarta-feira Papa, é acusado de ter "entregue" Jalics e outro padre à repressão militar na época. O próprio Bergoglio contestou as acusações em 2010, no livro autobiográfico "O Jesuíta", e refutou a colaboração com a ditadura.
Jalics, que atualmente mora na Alemanha, disse, em comunicado, que conversou com o agora Papa depois do incidente.
Na ocasião, segundo Jalics, Bergoglio esclareceu que pediu a ele e ao outro padre envolvido, Orlando Yorio, que abandonassem seu trabalho evangélico em uma favela de Buenos Aires "por sua própria segurança", e que eles recusaram fazer isso, o que acabou provocando seu sequestro.
O padre jesuíta Francisco Jalics, em foto não datada, tirada na Alemanha (Foto: AP)O padre jesuíta Francisco Jalics, em foto não
datada, tirada na Alemanha (Foto: AP)
Os dois jesuítas foram libertados após cinco meses de torturas.
Yorio morreu em 2000 no Uruguai, e Jalics se refugiou na meditação e na oração para "superar" a experiência.
O sacerdote, de origem húngara, foi viver na Alemanha em 1978 e ali escreveu um livro sobre seu retiro espiritual, que ele prossegue até hoje, aos 85 anos.
Yorio acusou Bergoglio, que na época era o líder dos jesuítas na Argentina, de o ter "na prática" entregue a esquadrões da morte, ao evitar dar apoio público ao trabalho social e evangélico da dupla de padres.
"Só anos depois tivemos a oportunidade de falar com o Padre Bergoglio para discutir os eventos", disse Jalics nesta sexta.
"Depois disso, celebramos uma missa publicamente, juntos, e nos abraçamos solenemente. Estou reconciliado com os eventos e considero o caso encerrado", disse.
"Desejo ao Papa Francisco a bênção de Deus em seu pontificado", afirmou.
A eleição de Bergoglio como Papa, na quarta-feira, levou ao ressurgimento de acusações sobre sua atuação durante a ditadura militar argentina (1976-1983).
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse nesta sexta que as acusações são "caluniosas".

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