25/03/2013

Proteja seus dados ao trocar de aparelho

Antes de descartar seus equipamentos usados, é preciso assegurar-se do destino que eles (e suas informações) terão
O constante lançamento de novos aparelhos eletrônicos tem movimentado o mercado e gerado grande procura pelos consumidores. Os celulares, por exemplo, vão além de uma simples ferramenta de ligação telefônica para tornar-se um meio de comunicação mais amplo e funcional, cheios de novidades. Diante dessas inovações, a troca de aparelho se torna frequente. Uma pesquisa divulgada pela empresa de segurança F-Secure, no final de 2012, revela que 35% dos proprietários das 256 milhões de linhas ativas no Brasil trocam seus celulares anualmente. Outros 32% fazem o mesmo a cada dois anos. Porém, o destino dos celulares antigos é, muitas vezes, incerto.

Os usuários abandonam seus dispositivos antigos mas nem sempre atentam para o fato de que deixam sua vida exposta com a permanência dos dados nos aparelhos que são descartados


O que fazer com as informações arquivadas nesses dispositivos que são descartados? Já parou para pensar o quanto sua vida pode ficar exposta com a permanência desses dados nos aparelhos que são descartados?

A professora Elisângela Oliveira Viana troca de aparelho celular sempre a cada um ano e meio e reserva dois destinos para os aparelhos antigos que não lhe servem mais. "Ou eles vão para o fundo da gaveta ou eu repasso para os meus familiares", diz. Quanto ao armazenamento de informações, a professora se diz muito displicente. "Eu me confio muito, até porque eu só repasso para gente de casa. Mas, de fato, eu já acabei perdendo alguns arquivos", conta.

A experiência de dar e receber aparelhos com informações arquivadas já foi vivenciada pela estudante Évila dos Anjos Lima. "Uma vez, eu dei um celular para um amigo. O aparelho estava com o display quebrado, aí eu nem apaguei nada", recorda. Évila confessa não ter essa preocupação. "Eu não tenho esse cuidado de apagar. A única coisa que eu ainda faço é salvar os contatos nos chips, para não perder", revela a estudante.

Em outra ocasião, a estudante ganhou um chip com vários arquivos do antigo dono. "Quando eu liguei o chip no meu celular, tive total acesso a mensagens, contatos, lembretes, esse tipo de coisa", diz. Évila foi prudente e apagou os arquivos, mas relata que sentiu que estava invadindo a privacidade do colega.

Dados ao inimigo

Além da troca voluntária dos aparelhos eletrônicos, no Brasil, com os altos índices de criminalidade, os consumidores sofrem também com o problema dos aparelhos roubados, que expõem ainda mais o conteúdo dos dispositivos e, consequentemente, seus donos. A mesma pesquisa da F-Secure, que entrevistou usuários de banda larga em 14 países, detectou que 25% dos brasileiros declararam ter seu dispositivo móvel roubado ou perdido, um índice alto quando comparado à média mundial, que é de 11%.

O estudante Cláudio Lucas Abreu teve três celulares roubados nos últimos dois anos. O primeiro procedimento de Cláudio é sempre contactar a operadora telefônica. "A primeira coisa que eu faço é ligar para eles e bloquear o chip", conta. Apesar disso, algumas informações ficam armazenadas no aparelho e o bloqueio do chip acaba não sendo suficiente. "Eu nunca fui atrás de bloquear o celular, porque dá trabalho demais. É muito burocrático. A única coisa que eu faço é usar senhas para dificultar o acesso às informações do aparelho", afirma o estudante.

Para evitar situações como essa e não perder os dados pessoais armazenados, recomenda-se a realização de um backup (cópia de segurança) que permitirá a utilização de arquivos pessoais em outro dispositivo. Os proprietários de iPhones, iPods ou iPads podem ainda efetuar esse processo e, em seguida, terão duas maneiras para deletar os arquivos: restaurando pelo iTunes ou diretamente no aparelho, através do menu "Ajustes> Geral >Redefinir" e seleção da opção "Apagar Todo o Conteúdo e Ajustes".

Equipamento deve ter correta destinação

Se você pretende inutilizar seu equipamento, é preciso tomar alguns cuidados antes disso. Aparelhos mais antigos contêm materiais tóxicos, portanto, prejudiciais à saúde. Por isso, identificar locais para descarte ou reutilização de eletrônicos ou, ainda, devolver os aparelhos para o fabricante, são algumas soluções possíveis.

Muitos usuários não sabem a quem recorrer na hora de livrar-se de seus dispositivos eletrônicos e peças sem utilidade, mas há empresas que podem ajudar nesse processo de reciclagem


A professora Maria Coeli Saraiva Rodrigues troca de celular anualmente. Ela revela que já teve dez celulares e está sempre em busca de dispositivos mais avançados. Seus aparelhos antigos têm vários destinos. "Alguns desaparecem, outros ficam com meus familiares. Só em casa, eu tenho quatro guardados", conta. Coeli deixa os celulares antigos como fonte de armazenamento, apesar de reconhecer os prejuízos que os aparelhos guardados podem trazer. "Eu me preocupo com as baterias guardadas. Mas eu não sei onde colocar. E, no lixo, eu não posso jogar", afirma.

Em Fortaleza, existe apenas uma empresa especializada na destinação adequada de lixo eletrônico. A Ecoletas Ambiental está no mercado há nove anos e realiza o serviço de manufatura reversa e destinação final dos produtos para a reciclagem. A empresa presta serviço para grandes companhias geradoras de resíduos, que disponibilizam acima de 50 Kg de material.

O proprietário, Marcos Bonanzini, reconhece que o serviço dificilmente é feito para pessoas físicas. "Logisticamente, é impossível deslocar um carro para buscar material na casa de um gerador", afirma. No entanto, a empresa recebe o material no galpão de coleta. "Recebemos em qualquer quantidade, desde que seja dentro do segmento eletrônico", diz Bonanzini.

A Ecoletas se preocupa ainda com o mercado informal que tem se constituído nesse setor. De acordo com um mapeamento feito pela empresa entre junho de 2011 e janeiro de 2012, só em Fortaleza, cerca de 503 pessoas comuns recolhem e "canibalizam" algumas peças - retirando-as para utilização própria ou revenda. Em seguida, todo o resto é jogado nas calçadas da cidade. Com uma estrutura de captação cara, a Ecoletas funciona sem apoio governamental. "Deles a gente não recebe nem um ´muito obrigado´", afirma.

Lojas ajudam

Pensando na dificuldade que o usuário final tem para destinar corretamente seus eletrônicos descartados, em virtude da escassez de empresas especializadas nesse setor, algumas lojas disponibilizam o serviço de recolhimento de material. Lojas como Casas Bahia, Computer Store e Ibyte; supermercados como Pão de Açúcar, Hiper Bompreço, Extra, Sam´s Clube, Carrefour; e algumas lojas da Oi, TIM, Claro e Vivo recebem pilhas, baterias e celulares.

RECOMENDAÇÕES

Remova a memória e o chip dos celulares.

Use um software para remoção de dados para garantir que sejam de fato deletados.

Delete arquivos e utilize o reset de fábrica.

Crie senhas fortes, com mais de oito dígitos. Não use palavras, expressões, nomes, datas - entre outros exemplos - óbvios.

Use senhas diferentes para cada conta, porque se uma delas vazar, não irá prejudicar todas as outras.

Apague os arquivos da lixeira.

Use recursos de criptografia como SSL, usado na comunicação com bancos, por exemplo, e VPNs.

Nunca mande nada sigiloso por e-mail antes de criptografar.

Mantenha seu programa antivírus atualizado.

Criptografe suas informações antes de enviar para a nuvem.

Recicle ou repasse aparelhos antigos para outra pessoa utilizar.

FIQUE POR DENTRO

Copie e ´triture´ seus dados

A segurança no armazenamento de dados é sempre uma preocupação, seja em dispositivos móveis ou mesmo em computadores pessoais. Antes de perder arquivos importantes de seu computador com problemas inesperados, é de fundamental importância buscar soluções que previnam surpresas desagradáveis.

Para isso, basta reservar um disco que armazene seus dados (CDs, DVDs, HDs secundários ou externos, pendrives) e um software que facilite a realização das cópias - e que também destrua os dados das mídias a serem descartadas. Confira uma seleção de softwares gratuitos que podem ser úteis:

Cobian Backup - Copia arquivos do local de origem para pastas ou drives externos. Permite agendar a realização de cópias de segurança automaticamente, com as opções entre "única", diária, semanal, mensal ou em intervalos ajustáveis.

Yadis! Backup - Ferramenta de backup extremamente simples. Seu grande trunfo é fazer atualizações das cópias de segurança em tempo real. Sempre que o usuário salvar modificações dos documentos, o programa entra em ação e atualiza a cópia.

GFI Backup - Este softwares conta com ferramentas avançadas, com a possibilidade de criptografar as cópias de segurança usando o algoritmo AES. O programa permite também que arquivos originais sejam deletados ou mantidos no sistema de forma automática e possui um modo de sincronização de pastas.

bitRipper - Permite fazer backup de DVDs em formato AVI para o disco rígido. O programa é voltado para quem tem vasta coleção de filmes em mídias óticas e quer passar para o computador. Ele ainda garante ajustes necessários, como configuração de codecs de áudio e vídeo, resolução e taxa do vídeo, entre outros.

Hard Drive Eraser - Programa para apagar com segurança os dados do disco rígido. Ele "tritura" os dados para que não sejam recuperados por quem acabar achando seu lixo eletrônico.

Mais informações:
Ecoletas Ambiental
Endereço: Rua Antônio Bento, 890. Bairro Itaperi - Fortaleza
Telefones: (85) 3295-2179 / 8823-4052/ 8644-4052
Email: ecoletas@ecoletas.com.br 

Diário do Nordeste

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