31/03/2013

Visitar idosos é a sua paixão


PORTUGAL
Páscoa em Paradela do Vouga
Texto E. Assunção | Foto Ana Paula | 30/03/2013 | 18:28
Maria José Rocha
«Nasci para andar a visitar, falar, conversar», confessa Maria José. Rir, alegrar e criar boa disposição à sua volta é a sua graça. Otimismo e generosidade são marcas que a distinguem
IMAGEM
Foi emigrante em França. E continua a ser. «Infelizmente!», exclama Maria José Rocha. De vez em quando regressa a França, para visitar as suas três filhas. «Só começamos a ser portugueses quando chegamos a Espanha», explica. «Dá-me prazer! Gosto de ser reconhecida como portuguesa também em França». Desde há cinco anos, Maria José reside a maior parte do tempo em Paradela, onde tem casa e de onde é natural o marido, Júlio Rocha. A Páscoa em Paradela ganhou novo fôlego e entusiasmo desde o ano passado com a animação de um grupo de leigos e missionários da Consolata. «Antes a Páscoa era só domingo e segunda». Agora, desde Domingo de Ramos, a comunidade cristã de Paradela está a habituar-se a fazer a caminhada pascal.                                                 

Os missionários trouxeram «alegria, convívio e conhecimentos novos». Foram bem recebidos. «O povo gosta muito da novidade; gosta de mudar de ritmo, de lembrar e de modernizar o que está esquecido», garante Maria José. A visita dos missionários aos idosos durante o tempo de Páscoa é muito apreciada. «Há muitas pessoas idosas e não têm meios de transporte, estão isoladas e esquecidas». Maria José gasta muito do seu tempo a visitá-las. «As visitas são uma alegria para os idosos, um bocadinho de tempo diferente, deixam pensamentos tristes para reviver outros diferentes». A ausência dos filhos causa-lhes tristeza e sentem-se na solidão. «Um simples olá faz esquecer os pensamentos do momento». Estas visitas são a grande paixão de Maria José. «Nasci para andar a visitar, falar, conversar, ocupar-me deles como se fossem bebés». Os bocadinhos livres são para correr a casa de pessoas sós, idosas e isoladas. «Não faço mais porque tenho o marido e tenho de me ocupar das coisas da casa».

«Faz-lhes falta um carro e alguém que lhes façam as compras. Estão retirados da vila. Já há um carro, pagam um euro pela viagem. Mas não é suficiente», explica Maria José, referindo-se às carência que os idosos de Paradela mais sentem. «Era preciso ter uma equipa de jovens que passasse por casa deles para ver o que necessitam, para arranjar uma lâmpada avariada ou uma fechadura, uns pequenos biscates». Em Paradela já existe um grupo juvenil. «Mas ainda está a começar». Maria José reconhece que a paróquia deveria dispor de um pároco residente. «Era fixe ter aqui um padre para visitar e apoiar os idosos».

A paróquia está unida e tem criado maior união. «Já se colabora mais uns com os outros. Quando se faz um apelo logo aparecem voluntários». As tarefas recaem, com frequência, sobre as mesmas pessoas. «Há quem não se ofereça por medo de errar. Ainda assim, há pessoas que se oferecem, por exemplo, para as leituras das celebrações da Igreja e outras atividades».

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