Intrigante e misteriosa não apenas para os visitantes, mas também para os seus moradores, Nova York vai além dos cartões-postais. É uma cidade que proporciona roteiros temáticos e sentimentais
Para além dos cartões-postais. Nova York é muito mais do que a Estátua da Liberdade, o Empire States, a Times Square e os táxis amarelos. Intrigante e misteriosa não apenas para os visitantes, mas também para os seus moradores, a Big Apple pode ser “cortada” em várias fatias e “saboreada” de diversas formas. Como a fazer roteiros temáticos que levam a conhecer uma cidade para amantes da cultura, da gastronomia, da moda, do cinema e até uma cidade dedicada às crianças ou para aqueles que querem gastar pouco.
Mesmo para quem nunca visitou Nova York, já a conhece de alguma maneira. Pelos olhos de muitos. Principalmente de típicos nova-iorquinos como os que Woody Allen criou. Bom exemplo é Isaac Davis, do filme Manhattan. Ou, claro, pelo próprio cineasta. Ou ainda por personagens de seriados, que acompanhamos semana a semana como a percorrer com eles pelas ruas da ilha.
Nova York já foi musa de escritores, poetas e músicos. Inúmeros fragmentos de uma cidade que parece ter nascido com o karma de ser mundial, metrópole, contemporânea, conjunto e congestão de culturas, ideias e sonhos. Mas é quase um engano pensar que é possível conhecer a “grande maçã” em apenas uma visita.
Até mesmo se dermos uma “mordida” nela e ficarmos apenas com o pequeno pedaço de terra chamado Manhattan – de apenas 34 quilômetros de comprimento por cerca de cinco quilômetros de largura cercado por rios dos dois lados e oceano aos seus pés. Nem mesmo turistas profissionais ou seus moradores mais antigos continuam a pensar que a conhecem. Dorme-se e acorda-se uma nova cidade a cada dia.
Nova York é uma cidade que estimula compartilhar experiências, sensações e – por que não? – roteiros sentimentais. Uma breve consulta a agendas e “diários” de fotógrafos, artistas, filósofos, arquitetos e estilistas, ou mesmo uma rápida conversa com amigos nova-iorquinos ou com aqueles que escolheram a cidade como lar, faz o melhor city tour no papel – e na vida real.
O filósofo francês Michel de Certeau, em sua A invenção do cotidiano, já fez admirá-la de seus arranha-ceús. Do 110º andar de um World Trade Center que não mais existe, o francês observa Manhattan “sobre a bruma varrida pelo vento”. O arquiteto Gustavo Adolfo, que atualmente vive em Madri, mas já passou temporadas na cidade, prefere “perder-se” entre seus edifícios. Um flâneur pela arquitetura da grande metrópole.
“Há bairros que concentram vários expoentes da arquitetura atual, com projetos de Zaha Hadid e Jean Nouvel. E há lojas que merecem uma visita pelo seu design. Como a loja da Prada, um projeto do arquiteto holandês Rem Koolhaas”, comenta.
A artista plástica Joana Goulart criou um diário para anotar e “pontuar” todos os restaurantes visitados. Admiradora da gastronomia contemporânea, Joana sempre procura, em guias e revistas, restaurantes de todas as etnias em Nova York. “Dá para comer em um país diferente a cada dia nesta cidade”, brinca.
Já o fotógrafo Roberto Kennedy sempre tentou enxergar a cidade com outros olhos. Do tempo em que viveu e trabalhou em Manhattan, ele e sua inseparável bicicleta italiana dobrável percorreram as ruas atrás de gente.
“O que mais me interessava em Nova York era quem vivia nela. Um mix de culturas, tipos e estilos. Um vagão de metrô poderia ser quase uma conferência das Nações Unidas.”, filosofa o fotógrafo.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Conhecer Nova York é ir além dos locais já tradicionais no roteiros. Há outras inúmeras opções temáticas que incluem desde a rica gastronomia, aos requintes da arquitetura, da moda, da fotografia ou da cultura.
Dicas para o visitante
Arquitetura
Uma boa dica é o Wallpaper City Guide New York. O guia mostra a nova arquitetura da cidade e as lojas que merecem uma visita. Outra dica é o Storefront for Art and Architecture, “um espaço/galeria somente para arquitetura e arte vinculada à arquitetura. Eles passam muitas informações sobre o que fazer e ver em Nova York em arquitetura, sem cair na mesmice dos edifícios de Manhattan”, comenta o arquiteto Gustavo Adolfo.
Fotografia e moda
Conhecida por sua diversidade e por ser uma das cidades mais estilosas do mundo, Nova York é passarela constante. O fotógrafo Bill Cunningham tem se dedicado ao exercício de fotografar pessoas nas ruas de Manhattan. “Antes de visitar a cidade, veja o documentário Bill Cunnigham – New York, de Richard Press. Veja e pedale com ele pelas ruas de Nova York”, recomenda o fotógrafo Roberto Kennedy. Confira também as colunas semanais de Bill Cunnigham, On the street e The evening hours, no The New York Times.
Gastronomia
Situado no atual bairro da moda, o Meatpacking District, o Chelsea Market é uma espécie de uma “Nova York da gastronomia”. Um complexo com restaurantes, confeitarias e lojas, é possível comprar de gelatos italianos a vinhos australianos. “E ainda pães que acabaram de sair do forno”, acrescenta a artista plástica Joana Goulart.
Almost a new yorker
Para se sentir um verdadeiro new yorker, mesmo de férias, alguns elementos são indispensáveis. Nas épocas mais quentes, ande sempre com um metrocard (o cartão que dá acesso a metrô e ônibus),garrafa de água, tênis para bater perna (mas ande com um sapato estiloso em uma bolsa extra) e uma revista Time Out (para saber o que acontece na cidade). No período mais frio, inclua gorro , luvas, um protetor labial e um copo descartável com café quente.
I love Big Apple
Não se sabe ao certo por que Big Apple (inglês para “grande maçã”) tornou-se apelido de Nova York. Acredita-se que a expressão foi usada pela primeira vez, em 1921, em uma coluna sobre corrida de cavalos, escrita por John J. Fitzgerald, no New York Morning Telegraph. Já a “logo” da cidade foi criada pelos designers Milton Glaser e Bobby Zarem e consiste na letra I, o símbolo do coração e as iniciais de NY na tipologia American Typewriter. O ícone era apenas para ser utilizado em uma campanha sobre a cidade, em 1977, mas acabou virando símbolo oficial.
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