04/05/2013

'A fé cristã apoia-se na solidariedade em busca do bem comum'


Porto Alegre, RS, 04 mai - Em seu mais recente artigo, dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, abordou a questão da maximização da Fé. Ele lembrou que estamos no Ano da Fé, e afinal de contas todos creem, no sentido original da palavra latina, de credere, como "cor dare", ou seja, dar o coração: o que equivale a empenhar-se por algo e lhe dar preferência.
De acordo com o prelado, nas últimas décadas prevaleceu a maximização do lucro e do consumo, por isso mesmo fala-se muito de consumismo e de uma busca desenfreada pelo lucro. Para dom Dadeus, trata-se de um sintoma de uma prática individualista e egoísta, onde cada um busca seus próprios interesses, tendo como pano de fundo a concorrência e a competitividade. "Vale o provérbio: quem pode mais chora menos", citou.
"A fé cristã, ao invés, põe seu fulcro em outro polo: apoia-se na solidariedade em busca do bem comum com base na gratuidade. Fala-se, por isso, neste contexto, de coleguismo, de lealdade, de relações de reciprocidade. Pede-se fazer ao outro o que se gostaria que ele nos fizesse. Envolve perdão, misericórdia, amizade".
O arcebispo ainda salientou que nenhum sistema, por mais aprimorado que seja, obtém sucesso e resolve os problemas humanos se não se fizer na base do amor. Conforme ele, até a justiça, sem amor, torna-se opressão e descamba para o massacre. Mas dom Dadeus fez questão de frisar que por outro lado, com amor, qualquer sistema, quer capitalista quer comunista, dá certo e leva à promoção do bem comum.
"Santo Agostinho sentenciou: ama e faze o que quiseres. Sempre dará certo. Se, porém agir sem amor, somente produzirá opressão, exploração e descontentamento. O marxismo concluiu sua trajetória de 70 anos de domínio ideológico, com o saldo de 110 milhões de vítimas do sistema. Faltou amor", afirmou o prelado.
Dom Dadeus também avaliou que os cristãos primitivos, conforme narram os Atos dos Apóstolos, tinham tudo em comum porque se amavam, viviam na doutrina dos Apóstolos, praticavam a fração do pão e conviviam na caridade fraterna, isto é: orientavam-se pelos princípios da fé em Cristo Salvador, frequentavam os sacramentos e conviviam na base do amor. "Então tudo dá certo."
Por fim, o arcebispo disse que quem quiser promover a paz, o que equivale à promoção do bem comum e do progresso, deve investir na família, onde se viva a união profunda entre o casal e seus filhos; deve empenhar-se pela justiça social, onde se superam os desequilíbrios entre os muito abastados e os muito carentes; deve trabalhar pela educação social, para que todos se sintam irmãos e ajam fraternalmente.
Ele ainda lembrou João XXIII, que corrigiu a expressão nefasta do "se queres a paz prepara a guerra" para "se queres a paz prepara a paz", para enfatizar que quando se vive preparando guerra é inevitável que se anseie por ela, até para demonstrar que o esforço e os gastos não foram inúteis, por isso é preciso educar para a paz, promovendo pensamentos, dizendo palavras e praticando gestos que criem uma atmosfera de respeito, de honestidade e de cordialidade.
"É preciso viver não apenas de tolerância, mas esmerar-se na benevolência; educar-se não apenas para uma política de boa vizinhança, mas avançar decididamente para um amor recíproco, que se estenda até ao perdão e à misericórdia. Bento XVI, na sua mensagem do início deste ano, garante que a pedagogia da paz envolve serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança", concluiu.
SIR

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