09/05/2013

Cabeças lumiares - Plínio Bortolotti

Plínio Bortolotti*
“Burocracia”, no Brasil, adquiriu sentido meramente pejorativo pela ação deletéria de boa parte dos nossos burocratas, pois, originalmente, a palavra refere-se a um corpo eficiente de funcionários da administração pública.
E, no seu sentido negativo, a burocracia contamina boa parte do sistema político, que age como se a lógica fosse defender os interesses da corporação ou de um grupo fechado de interesses. A vida das pessoas torna-se, para eles, algo distante, quando não um estorvo a ser afastado.
Os governos estadual e municipal divulgaram como grande feito a realização de uma das etapas das lutas do UFC (Ultimate Fighting Championship, o campeonato de artes marciais) em Fortaleza. O prefeito Roberto Cláudio e o governador Cid Gomes fizeram questão de posar calçando luvas iguais àquelas com que os lutadores se massacram no octógono.
Para receber o campeonato, o ginásio Paulo Sarasate está passando por reformas, incluindo as suas quadras externas. Note-se: a reforma já era necessária, mas somente feita por causa do evento.
No entanto, o burocrata da Secretaria de Esportes do município se “esqueceu” de avisar à vizinhança, que usa as quadras para lazer e onde funciona uma escolinha de futsal. A Secretaria garante, que após a luta, as quatro quadras serão devolvidas ao uso original (a conferir), acalmando um boato de que o local viraria estacionamento. Até lá (a pancadaria será em 8/6) a comunidade que se vire: sem quadras e sem explicação.
O mesmo acontece com outras obras, a exemplo do aquário e, agora, da ponte estaiada sobre o rio Cocó. (Nem questiono o mérito, mas o modo de empurrar goela abaixo do indefeso contribuinte as belas ideias que surgem nas cabeças luminárias dos burocratas do mais alto escalão.)
Dizem que a ponte a está “inserida num conjunto de obras com o objetivo de melhorar o trânsito de Fortaleza” (vereadora Cláudia Gomes, alidada do prefeito). Mostrem os estudos, por favor.
Com diz um amigo: “Há cabeças que iluminam, mas não brilham”.
*Diretor Institucional do Grupo de Comunicação O POVO

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