No Mali, um instrutor do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) perguntou a uma turma de 150 soldados: «se o inimigo entra numa mesquita, é correto segui-lo e continuar a luta?» Os alunos responderam que «não», balançando as cabeças e os dedos em sinal de desaprovação. «Caso um inimigo se entregue e abandone as armas, vocês têm o direito de atacá-lo?», perguntou outra vez o instrutor. «Não», responderam novamente os soldados.
De acordo com os serviços de comunicação do ACNUR, estas questões foram colocadas na base militar de Koulikoro (Mali), no âmbito de uma formação sobre Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário, que prevê formar três mil soldados, e que está a ser patrocinada pela União Europeia, o ACNUR, o escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e outras agências.
Através destas palestras, que abordam temas como o sequestro, tortura, pilhagem, proteção de mulheres, e questões relacionadas com as crianças soldado, os seus promotores pretendem também «consciencializar» os soldados sobre as «diferenças entre civis e combatentes», e sobre a «proteção dos trabalhadores humanitários, crianças, refugiados, pessoas internamente deslocadas e oficiais civis».
Só em abril, o ACNUR deu formação a 600 soldados malianos, em quatro sessões de uma hora, cada uma com 150 participantes. «Achei as sessões muito encorajadoras porque os soldados foram receptivos aos princípios do Direito Internacional Humanitário e compreenderam a importância de não proteger apenas os civis, como [também de] agir legalmente com todos os malianos», referiu Pierre Jacques, oficial de proteção do ACNUR.
Funcionários do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados disseram ter ficado «particularmente encorajados pela participação de soldados de origem tuaregue». Os participantes, que escutaram «atentamente» as traduções simultâneas nas línguas Bambara e Tamasheq, disseram que poderiam aplicar «facilmente» tais conceitos em situações reais.
Fátima Missionária
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