03/05/2013

Um passeio pelos aprazíveis bairros de Santiago


Na capital chilena, tradição e modernidade caminham de mãos dadas pelas ruas

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Construções históricas e torres ultramodernas compõem a arquitetura de Santiago do Chile (Divulgação)
Por Marco Lacerda*
Santiago tem cerca de trinta bairros (ou regiões), em torno do bairro central (também chamado Santiago): ao norte situam-se os bairros de Independencia e Recoleta. A leste estão Vitacura, Los Condes, La Reina e Peñalolén. No sul destacam-se as regiões de El Bosque, La Cisterna e San Ramón. E a oeste encontram-se Maipú, Pudahuel, Estación Central e Cerro Navia. Vale a pena percorrer alguns deles, pois é a melhor forma de conhecer a cidade a fundo, indo além das tradicionais atrações turísticas.
As principais atrações na região da Plaza de Armas são a Catedral Metropolitana (construção de 1848, na verdade o quinto templo erigido neste mesmo lugar). Destacam-se também em frente à praça o prédio do Correio Central (utilizado como palácio presidencial até 1846, quando a presidência foi transferida para o Palácio de La Moneda). Veja também o Museu Histórico Nacional.
Nos arredores da Plaza de Armas encontram-se diversas áreas comerciais, a começar pelo tradicional Portal Fernández Concha, instalado em um prédio de 1869, que tornou-se famoso principalmente devido a seus restaurantes de comida típica. Na região central, vale a pena visitar também os Museus de Arte Pré-Colombiano e o Mirador Interativo, este último um sucesso entre a criançada.
Não deixe de percorrer a rua de pedestres que passa em frente à Catedral, que tem dois nomes: Calle Puente (na direção norte, em direção ao Mercado Central) e Calle Ahumada (na direção do Palácio de La Moneda). Ambas são vias de comércio popular, com bancos, lojas, sapatarias, carrocinhas de rua vendendo pratos e bebidas típicas, frutas da estação, flores, docerias, lojas de eletrodomésticos e principalmente muita gente pelas indo e vinmdo, formando uma verdadeira vitrine de tipos humanos. Nesta região destacam-se o belo e tradicional prédio da Almacenes Paris, a mais famosa loja de departamentos da cidade.
Para quem gosta de bares, bons restaurantes e papo animado, o lugar é Bellavista. Situado acima da avenida Costanera Norte, o bairro concentra casas de vários estilos, com ou sem música. Bellavista ferve à noite, principalmente entre os jovens. A maior parte do agito se concentra nos arredores das ruas Pio Nono, Dardignac e Antonia López de Bello. Não deixe de experimentar, logo ao chegar, uma taça de Pisco, a bebida nacional (um tipo de caipirinha chilena). Destaque na região para o Patio Bellavista, um tipo de plaza ao ar livre, reunindo lojas de artesanato, bares e restaurantes.
Glória e tragédia
Uma gigantesca bandeira chilena tremula em frente ao Palacio de La Moneda, como é conhecido o palácio presidencial chileno. A história deste palácio é tão importante quanto trágica. O nome peculiar tem como razão a finalidade original do projeto, pois quando foi desenvolvido, entre 1786 e 1812, visava abrigar a Casa da Moeda chilena, e somente em 1845 o prédio passou a desempenhar a função de palácio presidencial. Seu momento mais dramático foi no golpe militar de 1973, quando o palácio foi bombardeado pelas tropas do General Pinochet, no movimento que levou à deposição e morte de Salvador Allende, o primeiro presidente socialista da América Latina eleito democraticamente pelo voto popular. Diversos documentos históricos foram destruídos durante os ataques ao palácio, inclusive a declaração de independência chilena, de 1818.
Com o término da ditadura de Pinochet, em 1981, o prédio voltou a ser pintado com sua cor branca original e teve também resgatadas outras tradições que haviam sidos suspensas durante os anos de chumbo chilenos. A visita ao interior do palácio não é aberta ao público, mesmo assim pode-se conhecer Centro Cultural la Moneda, situado no subsolo, e apreciar as exposições que relembram momentos importantes da história do palácio. Em frente pode-se apreciar a guarda presidencial a cavalo, substituída a cada hora, sendo que às dez da manhã acontece uma cerimônia mais completa de troca da guarda.
Renovação e criatividade
Não muito distante fica o Barrio Brasil. Essa região, até há poucas décadas, bastante decadente, com prédios antigos, garagens e comércio de peças de automóveis, começou a mudar de aparência a partir dos anos 90, quando, devido ao baixo preço dos imóveis, foi ocupada por artistas e estudantes, dando início a um processo radical de transformação. Este movimento espontâneo reverteu a decadência da região e incentivou a restauração de dezenas de casarões e mansões histórias, fazendo hoje de Barrio Brasil uma região cool, descolada, com agradáveis cafés, restaurantes e barzinhos com mesas nas calçadas. Este é um bairro para ser explorado a pé.
Outro programa imperdível em Santiago é o Mercado Central. Trata-se de uma estrutura trazida da Europa com belíssima cobertura metálica, que já tem 150 anos de história, e é uma festa para os olhos, olfato e paladar. São dezenas de bancas de frutas, artesanato, curiosidades (como a Cochalluyo, erva rica em iodo servida nas saladas, ou a Callompa, que dizem combate reumatismo e conjuntivite).
Entre os pratos mais famoso, destacam-se a Cazuela (ensopado com carne, frango, arroz e batatas), Asado (churrasco de carne de gado, porco ou frango), Locos (um tipo de molusco), Jaiva (caranguejo), Reineta, Congrio e Corvina (peixes), Pastel de Choclo (caçarola recheada com carne) e o sempre lembrado Centolla.
Outro divertido passeio é subir o Cerro San Cristóbal, colina de onde se tem uma bela vista da cidade. A melhor parte do passeio é justamente a subida, feita por um funicular. Pode-se também subir a colina de taxi, mas não tem o mesmo charme e alegria. Na metade da subida há uma parada na estação jardim zoológico, e depois o funicular prossegue até o alto do morro.
Informações úteis
Idioma: Espanhol. Tensão elétrica na cidade: 220 volts. Fuso horário: Uma hora a menos em relação a Brasília. Horário de verão: outubro a março. Horário comercial na maioria das lojas: 10 às 22 horas. Principais jornais do país: El Mercurio e La Nacion. Moeda: Peso chileno. A cidade é quase totalmente plana, cortada ao meio pelo rio Mopocho, que, dependendo da época do ano, pode ficar resumido a um fiapo de água.
Santiago situa-se na região conhecida como Vale Central, entre a Cordilheira dos Andes (em certos trechos da cidade é possível ver os picos nevados) e a cerca de 100 km do oceano Pacífico. Sua altitude média é de 520 metros acima do nível do mar. Durante os meses de inverno, o fenômeno conhecido como “inversão térmica” costuma trazer à cidade muita névoa, associada a elevados índices de poluição atmosférica, causando desconforto aos habitantes. Ao longo do ano a temperatura varia, em média, entre 10 e 35 graus centígrados. Nevar é raro e 80% das chuvas caem entre os meses de maio a setembro.
"Santiago, a capital do Chile". Veja o vídeo:

*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal

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