20/06/2013

A crise instalada é de ordem coletiva, social e institucional

Paulo Quezado*
Observando a desenvoltura dos fatos ante os protestos que dia após dia tem mobilizado o país, creio que, neste momento específico, ainda esteja em falta a real presença e interesse das instituições políticas neste diálogo. Penso que isso seja absolutamente necessário para que os manifestantes percebam-se compreendidos, e percebam, de fato, perspectivas de reais mudanças. A redução das tarifas de transporte urbano, anunciadas por algumas cidades, diante da complexidade dos movimentos, e notas oficiais considerando legítima a comoção popular são insuficientes para aliviar as grandes tensões que se estendem por todo o território brasileiro.

É preciso que as autoridades e instituições políticas de fato se mostrem entendedoras do momento histórico e social brasileiro, e façam valer seu papel sagrado de gestor dos riscos sociais. Independentemente de qualquer partidarismo, a crise instalada é de ordem coletiva, social e institucional. “A primavera do povo brasileiro”, em lembrança à primavera dos povos (1848); primavera de praga (1968) e, mais recentemente primavera árabe (2011), é um momento de revolução crítica da população brasileira e deve ser conduzido como uma bela primavera, longe de quaisquer atos de vandalismos e de violência. 

A primavera brasileira deve ser assim encarada, não apenas pelos manifestantes de quem se espera a compreensão da nobreza do momento, mas, principalmente dos poderes constituídos e das autoridades institucionais de modo que, entendendo a profundidade do momento vivido, não se mostrem sujeito de antagonismo aos movimentos, mas, sim, um coadjuvante atento às necessidades de mudança. Que murchem os vícios de conduta institucionalizados e que desabroche um país de cidadãos. Um grande abraço e uma boa tarde a todos.

*Paulo Quezado, professor universitário, advogado, ex-presidente da OAB - CE.

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